O Brasil tem só 20% de seus eleitores nos dois extremos do espectro político, à direita e à esquerda. Essa minoria mais radical se divide igualmente, com 10% em cada ponta.
Os demais são eleitores de centro e os que se posicionam mais moderadamente à esquerda ou à direita, cindidos mais ou menos ao meio.
Essa distribuição foi encontrada pelo Datafolha consultando os brasileiros sobre valores sociais, políticos, culturais e econômicos meses antes do curto-circuito que foi a eleição de 2018, quando a brutal recessão e a corrupção inédita atingiram políticos tradicionais.
Na campanha eleitoral, prevaleceu o radicalismo. Maior na direita bolsonarista contrária aos gays e pró armas; mas persistente na esquerda do Lula Livre e do "eles (a elite) contra nós (o povo)".
No primeiro turno, pequenas novidades e políticos manjados de centro, centro-esquerda e centro-direita fracassaram enquanto Jair Bolsonaro (PSL) e FernandoHaddad/Lula (PT) foram em frente, com 46% e 29% dos votos válidos cada. No segundo turno, o mais radical de todos levou.
Mesmo tendo vencido com 55% dos votos válidos em outubro, Bolsonaro é visto hoje por 64% dos eleitores como ruim/péssimo ou apenas regular.
Maiorias também são contra pontos cruciais de sua agenda e doutrina, como a flexibilização da posse de armas e o apoio a iniciativas como comemorar o golpe de 1964.
Parece questão de tempo para que fiquem para trás tanto a polarização que vigorou até há pouco no país quanto a viabilidade do projeto de reeleição de nosso confuso presidente.
Apesar do esforço da oposição mais radical e de Bolsonaro ter atrapalhado até o fim, o que a votação da Previdência mostrou é que prevaleceu o protagonismo do centrão, maior caixa de ressonância da grande mediana nacional.
Em um Brasil normalizado, é nesse miolo que o eleitor se reconhece.
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