Como já provamos, podemos superar grandes crises
Sempre fui otimista, e foi assim que construí tantas coisas em meio a muitas dificuldades. Não se pode nunca perder a noção de realidade, mas ser otimista é muito melhor para caminhar na vida. O otimista vive alegre e feliz. O pessimista, triste e mal-humorado.
Os maiores arrependimentos vêm do que deixamos de fazer, e não do que fizemos. O imobilismo é irmão do atraso —e do pessimismo. Quem acha que as coisas vão dar errado realiza muito menos do que aqueles que acham que elas darão certo.
Vejo em muitas pessoas hoje um pessimismo grande em relação ao Brasil, fruto desse ambiente conflituoso e da longa e profunda recessão que gerou milhões de desempregados. Para sairmos da crise e criar empregos é preciso temperar o mau humor com uma dose de otimismo ou, ao menos, de realismo —e assim retomar a indispensável confiança no nosso país.
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Reformas importantes já estão sendo encaminhadas, espalhando otimismo nos mercados financeiros, que buscam sempre antecipar cenários. A Bolsa bate recordes, o risco país recua, e o real se fortalece.
A primeira e mais urgente reforma estrutural, a da Previdência, avança. Aaprovação em primeiro turno do texto na Câmara dos Deputados no último dia 10, com 379 votos, foi uma grande conquista. Reformar a Previdência não é fácil em nenhum lugar do mundo. É absolutamente necessário, vários países já fizeram, mas sofreram muito para fazer.
Depois da Previdência, outros projetos serão encaminhados, como a reforma tributária e a melhora do precário ambiente de negócios do país.
Sinto entre os empresários sobreviventes do Brasil o bom sentimento de que, desta vez, daremos passos indispensáveis para a retomada sustentável do crescimento, que beneficiará a todos, principalmente a parcela mais carente da população, sempre a que mais sofre nas crises.
Vejo também que, por trás do estridente e tantas vezes estéril debate público brasileiro, cada vez mais atores importantes estão partindo para a conciliação. Se não houver conciliação e cada um puxar para um lado, o país não anda.
Empresas nacionais e estrangeiras têm já prontos planos de investimentos ambiciosos, que gerarão empregos e riqueza. Algumas já estão investindo, cautelosamente, e o PIB começa a reagir. Quando sentirem que o país está realmente desatando seus nós, acredito que os investimentos acelerarão.
É bom ressaltar que, mesmo em meio a tantos problemas, fomos o sétimo país que mais atraiu investimentos externos no ano passado, à frente de Espanha, Austrália, Índia, Alemanha...
Já passei por vários ciclos econômicos negativos em mais de seis décadas empreendendo, investindo e criando milhares de empregos no Brasil. Desafios muito difíceis, como as crises da dívida e da hiperinflação, foram vencidos mesmo diante de muito pessimismo. Sim, nós podemos superar grandes crises.
Mas só avançamos quando recuperamos a confiança e os investimentos, conciliando interesses divergentes. Isso não é prerrogativa de um campo político. Aconteceu em governos à direita e à esquerda. Precisa acontecer agora.
Há investimentos públicos e privados, mas o público perdeu tração, dado o estado precário das contas dos governos em todas as instâncias. O que o poder público pode fazer, de forma eficiente e sem custo financeiro relevante, é tocar as reformas e melhorar o ambiente de negócios para dar segurança a empresas e investidores.
Apesar de tudo o que vivemos, o orgulho nacional cresce há dois anos —74% das pessoas dizem ter mais orgulho que vergonha de ser brasileiro, segundo a última pesquisa do Datafolha. E 68% acham que o Brasil é um bom lugar para viver.
O otimismo resiste, mas está abafado e retraído. Precisamos dele para reconciliar o país, voltar a crescer e melhorar as condições de vida de todos.
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