Desde 2013, acabou o monopólio vermelho nas manifestações de rua. Aqueles atos, que começaram jovens e encarnados, terminaram grisalhos e amarelados.
O padrão se repetiu nas agitações em torno da deposição de Dilma Rousseff e também depois, no pleito de 2018. Não há iniciativa de um lado que não estimule reação do outro.
Assim foram os protestos deste domingo (26): uma resposta às multidões que, no dia 15, haviam reclamado dos cortes na educação e da reforma da Previdência.
Outra novidade tem sido a violência. Foi praticada nos vandalismos associados a atos da esquerda em 2013. Tem sido invocada, como meio de intimidar o Congresso e o Supremo Tribunal Federal, nas concentrações da direita.
Nem todo amarelo é autoritário, no entanto. Perigoso, porque familiar ao presidente, o clube radical é, ainda assim, nanico no fenômeno que elegeu Jair Bolsonaro.
Os amarelos, como a maioria da sociedade, abominam a pompa aristocrática das autoridades. Quem deixou licitar as compras de lagosta e outros itens de luxo no STF não entendeu o que se passa no Brasil.
O grito amarelo se queixa da opressão da burocracia sobre quem empreende, da ineficiência do serviço público, do sequestro do debate sobre prioridades orçamentárias perpetrado por um punhado de oligarquias empresariais, corporativas e partidárias.
A gestão das universidades federais, que produziu descalabros como a destruição do Museu Nacional, não é maravilhosa. O erário despender com um universitário quatro vezes o que gasta com um aluno do ensino básico não deixou de ser anomalia.
O desejo de que a lei penal valha para todos é um manifesto de inclusão cidadã. O clamor por segurança nada tem de ilegítimo em meio à criminalidade alarmante.
Desde que o joio autoritário seja isolado e descartado, várias mensagens implícitas na onda amarela merecem atenção e respeito.
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