Wilson Poit é eleito por maioria do conselho, à exceção de Paulo Skaf, que não votou
SÃO PAULO
Após interferência do governador João Doria (PSDB), o conselho deliberativo do Sebrae de São Paulo destituiu nesta terça-feira (30) um diretor-superintendente ligado ao ex-governador Márcio França (PSB) e elegeu um nome indicado pelo tucano.
Wilson Poit, ex-secretário de Desestatização da gestão tucana na prefeitura, assumirá o lugar de Luis Sobral, que havia sido presidente da FDE (Fundação para o Desenvolvimento da Educação) na gestão França.
Poit foi eleito por 12 dos 13 conselheiros para a Superintendência, que é a diretoria mais importante do Sebrae-SP, entidade do Sistema S cobiçada por ter R$ 1 bilhão em caixa.
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Em tese, Sobral deveria ficar no cargo até 2022. Ele foi eleito pelo conselho no ano passado após uma articulação entre Márcio França e o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo), Paulo Skaf.
No entanto, a gestão estadual estava insatisfeita com a decisão, já que tradicionalmente os superintendentes do Sebrae de São Paulo são indicados pelo governador eleito —e França foi derrotado por Doria.
Após indicação de Doria, o conselho do Sebrae decidiu demitir ad nutum (de forma imotivada) Sobral e marcar nova eleição à diretoria com uma chapa encabeçada por Poit.
Paulo Skaf, que tem assento no conselho do Sebrae e patrocinou a entrada de Sobral, não votou nas decisões desta terça.
No Sebrae paulista, que é o serviço de apoio às micro e pequenas empresas, também fazem parte do conselho as federações da agricultura e do comércio, bancos e órgãos do governo estadual (Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Desenvolve SP e IPT, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas).
Além de Poit, continuam nas diretorias do Sebrae-SP Guilherme Campos (administrativa e financeira), filiado ao PSD e ligado ao ex-prefeito Gilberto Kassab, e Ivan Hussni (técnica) .
Hussni é próximo ao presidente do conselho, Tirso Meirelles, e vem acumulando poder dentro da instituição nos últimos meses, ficando com responsabilidade sobre escritórios regionais e a maior parte dos funcionários.
Com a mudança do superintendente, devem ser trocados cargos de gerência e coordenadorias que estavam sob o comando de Sobral por nomes mais próximos ao indicado pelo atual governador.
Como publicado nesta terça na Folha, a destituição de Sobral com quatro meses de mandato levou o caso à Justiça. O então superintendente pediu para se manter no posto sob decisão liminar (provisória), mas uma juíza recusou a solicitação em primeira instância.
Procurado, Sobral diz que ainda não foi comunicado oficialmente da eleição do conselho.
No plano nacional, também houve uma destituição na presidência do Sebrae para que alguém mais alinhado ao governo fosse colocado.
O presidente da entidade, João Henrique Sousa, foi substituído pelo ex-deputado Carlos Melles (DEM-MG). A troca foi patrocinada pelo ministro Paulo Guedes (Economia).
O Governo de São Paulo tem dito que não interfere no Sebrae que respeita a autonomia da entidade.
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