domingo, 30 de dezembro de 2012

Os limites do crescimento, por Celso Ming


Em praticamente todos os países, a política econômica está voltada prioritariamente para a criação de empregos que, por sua vez, está condicionada à geração de riquezas. Mas até quando se pode contar com o crescimento econômico?
Nas últimas semanas, a pergunta vem sendo objeto de debates na imprensa mundial com base em trabalho publicado em agosto pelo economista Robert J. Gordon, professor de Macroeconomia da Northwestern University, Cambridge, Estados Unidos.
A avaliação de Gordon é de que a contagem regressiva para um período de crescimento zero já começou. Ele parte do princípio de que o avanço econômico global desde o século 17 está associado a revoluções industriais. A primeira delas cobriu o período que vai de 1750 a 1830 e se seguiu à invenção da máquina a vapor. A segunda, entre 1870 e 1970, foi consequência da utilização intensiva da energia elétrica e do petróleo e foi marcada pela produção em série. A terceira, que teve início nos anos 60, baseia-se no avanço da informática e da Tecnologia da Informação.
Gordon entende que os ganhos de produtividade baseados na Tecnologia da Informação vão se esgotar rapidamente e que, logo depois, virá o anoitecer.
Embora entre os pressupostos da política econômica estejam os de que o crescimento econômico durará para sempre, as teorias sobre seu colapso vem lá de trás. Começaram no século 18, com o economista inglês Thomas Malthus, que chegou à conclusão de que a população mundial crescia muito mais depressa do que a produção de alimentos. Se não houvesse drástico controle da natalidade, estariam próximos os dias da grande fome e da estagnação econômica.
Nos anos 70, o Clube de Roma publicou um livro intitulado Os limites do crescimento, que provocou um vendaval. Partiu do princípio de que os recursos naturais estavam em fase de esgotamento e que, mais dia menos dia, o crescimento estancaria.
Mais ou menos no mesmo sentido, ficou famosa uma frase do biólogo americano Edward Osborne Wilson: “Precisaríamos de mais quatro planetas Terra se for para sustentar toda a população do mundo aos padrões de consumo dos Estados Unidos”.
Uma a uma, essas predições vêm sendo desmentidas – ou adiadas. A revolução verde que multiplicou a produção dos alimentos, grandes descobertas de petróleo e de matérias-primas, a reciclagem dos materiais e certo controle do desperdício foram fatores que afastaram a ideia do fim do crescimento.
É provável que a era iniciada com a Tecnologia da Informação tenha mais fôlego e mais o que dar do que imagina Gordon. Também não se pode descartar de antemão que novas descobertas (como a produção de energia elétrica a partir da fusão nuclear, há anos perseguida por importantes centros de pesquisa) inaugurem nova era de intenso crescimento.
No entanto, como aponta o Prêmio Nobel de Economia de 2008, Paul Krugman, pouco ou quase nada sabem os especialistas e os centros de projeção sobre o crescimento a longo prazo. Provavelmente, em consequência dos seguidos desmentidos das teorias malthusianas e de variações sobre elas, a ideia dos limites do crescimento desperta pouco interesse. Mas a crise global e o alastramento do desemprego podem levar mais gente a procurar mais luz e mais respostas para a questão.

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