domingo, 2 de julho de 2017

Presidente da Assembleia Legislativa fala a jornais regionais de SP


Aproximar a Assembleia Legislativa (Alesp) da população. Este é um dos objetivos da casa de leis estadual, que abriu suas portas para jornais regionais da capital. O SP Norte representou a Zona Norte ao lado de veículos da Zona Sul (Editora Juma, Pedaço da Vila) e Zona Leste (Acontece Agora e Paulistão Avenidas).
Em meio ao cabo de guerra que a casa está enfrentando com o governo do Estado em relação à aprovação de emendas parlamentares e a votação do aumento do teto para servidores públicos – a base governista insiste para que o tema entre em pauta –, o Presidente da Assembleia, Cauê Macris (PSDB), mostrou as novas medidas para melhorar a comunicação da casa com os paulistas.
A estrutura informativa da Alesp possui mais de cem funcionários, de acordo com Macris, e serão tomadas iniciativas para fortalecer os meios de comunicação da casa, envolvendo TV, rádio, agência de notícias e, sobretudo, mídias sociais. Uma licitação para a inclusão de uma agência de publicidade também está na pauta.
Biblioteca da Alesp, aberta ao público desde a última quarta-feira (29/6). (foto: Divulgação/Alesp)
“Apesar de serem segmentados [jornais regionais], vocês alcançam, às vezes, mais pessoas que algumas cidades do interior. Em São Paulo, os grandes não falam do dia a dia da população”, afirmou.
Macris enfatizou que o “dialogo da Alesp” é importante, pois a casa “tem um pacto com a população de cada bairro e região”. A aproximação da Alesp com a comunidade também inclui medidas como inauguração de um posto do Detran dentro da casa, e a recém-abertura da biblioteca para a população, antes com acesso apenas aos servidores.
“As pessoas pensam que aqui é fechado. Aqui é a casa do povo: tem os cursos, debates do dia a dia. A Alesp foi se encastelando, e o povo não sabe que isso [visitar] é possível”, disse.
O tema comunicação também chegou aos políticos. Para Macris, um dos fatos de os representantes não “estarem indo bem é porque não sabem se comunicar”, e citou o exemplo de João Doria (PSDB): “tem um monte de bom gestor, mas ele é um excelente comunicador”.
Cauê Macris, Presidente da Alesp. (foto: Divulgação/Alesp)
Entre as novidades da Alesp, está a criação do aplicativo Fiscaliza Cidadão, que será lançado em 30 dias, de acordo com Macris. O app vai permitir que o paulista “vigie” os deputados e o que a casa gasta.
Macris é o mais jovem deputado a assumir a presidência da casa, com 33 anos. O Presidente da Alesp defende a saída dos tucanos da base aliada de Michel Temer (PMDB), ao mesmo tempo que assegura a continuidade das polêmicas reformas trabalhista e previdenciária. “O PSDB não pode se valer do leve avanço do PIB no primeiro trimestre deste ano, resultado recém-divulgado, para justificar a permanência nos cargos. Muito menos usar a melhoria na atividade econômica para indultar aqueles que derraparam do ponto de vista ético”, afirmou em artigo publicado no início de junho na Folha de S.Paulo.

A política do cada um por si, OESP

Editorial
02 Julho 2017 | 03h00
A grave crise política que o País vive deixa em aberto uma ampla gama de questões fundamentais, inclusive no que diz respeito ao mandato do presidente Michel Temer, mas uma coisa é certa: até o final da atual legislatura, os parlamentares medirão exclusiva e cuidadosamente com a régua de seus próprios interesses políticos cada voto dado nas comissões e nos plenários do Senado Federal e da Câmara dos Deputados. Isso significa, na prática, que o governo terá de redobrar esforços para aprovar as reformas tão necessárias para a retomada do crescimento. Na verdade, a única reforma em que senadores e deputados estão interessados é a política. Mas não aquela necessária à completa reforma do falido sistema político-partidário, mas remendos pontuais como a criação de um generoso Fundo Eleitoral que em alguma medida seja capaz de substituir as doações de empresas, proibidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) desde 2015.
Os problemas e vícios do sistema político-partidário foram analisados pelo deputado petista Vicente Cândido (SP), relator do projeto dessa reforma. Em debate promovido na segunda-feira passada na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Cândido foi categórico: “Hoje é muito difícil construir maioria. Nós temos um monte de general sem tropa. Os presidentes e líderes não têm mais os domínios e comandos de suas bancadas”.
A democracia abre espaço para o dissenso, inclusive dentro de partidos políticos. Mas nestes deve predominar a expectativa de um mínimo de coesão e coerência programática. O “cada um por si” vira regra quando as legendas partidárias renunciam à responsabilidade de desempenhar o papel de mediadoras políticas que lhes cabe numa democracia e passam a servir apenas aos interesses pessoais de seus membros. Essa é uma das razões principais que levaram o País à profunda crise que está vivendo em prejuízo daqueles que os parlamentares deveriam representar: os cidadãos.
Essa análise se sustenta na observação do comportamento atual dos três maiores partidos. O PMDB, o maior deles, coerente com sua insopitável vocação governista e com a condição de atual detentor do poder central, esforça-se, quase sempre sem sucesso, para manter suas várias correntes unidas em torno do presidente da República. Trata-se de tirar o maior proveito possível de uma condição excepcional – governar – que sabe que dificilmente se repetirá em futuro previsível. Mas o “PMDB da Câmara”, geralmente alinhado com Temer, não consegue se entender com o “PMDB do Senado”, liderado por Romero Jucá, que preside a legenda, e isso ajuda a tumultuar o ambiente político e prejudicar a agenda de reformas em boa hora adotada pelo presidente Temer. Não é lisonjeiro para o PMDB o fato de terem sido escolhidos profissionais reconhecidamente competentes para a equipe econômica, nenhum deles notoriamente ligado ao partido.
O PSDB, que hoje desempenha em relação ao Planalto o mesmo papel de aliado mais importante que o PMDB tinha nos governos do PT, mantém-se politicamente dividido em torno de caciques cujos interesses parecem ultimamente cada vez mais inconciliáveis. O partido mal consegue manter o compromisso de apoiar a agenda de reformas que foi a justificativa apresentada, um ano atrás, para aceitar o comando de Ministérios importantes.
O PT, agora na oposição, coisa que sabe fazer muito melhor do que governar, tem o caradurismo de se apresentar como “o novo” em política. Finge lutar por “Diretas Já”, mas o que deseja é que Michel Temer continue sangrando politicamente até o ano que vem, empenhado na tentativa de cumprir a agenda de reformas, de modo a garantir o discurso populista de Lula, se ele conseguir se livrar da cadeia.
A triste conclusão é que o Brasil, como qualquer país democrático, precisa dos políticos. Mas não pode contar com os que tem.

A paixão política costuma cobrar caro, FSP


Eduardo Anizelli/Folhapress
BRASILIA, DF, BRASIL, 25-05-2017, 09h40: O Presidente Michel Temer, durante reuniao com o Presidente da CBIC- Camara Brasileira da Industria da Construcao e grupo de empresarios, no Palacio do Planalto, em Brasilia. (Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress, PODER)
O presidente Michel Temer
A sociedade brasileira está em estado de choque. Apoiou fortemente o afastamento de Dilma, pelo "péssimo estado geral da sua obra", reconhecido, aliás, por ela mesma quando, depois de sua reeleição, adotou o programa econômico do candidato vencido! O seu impedimento está longe de ter sido um "golpe". Fez-se dentro da Constituição (que acabou violada em seu benefício) e sob o "controle" do STF.
A posse de Temer, em maio de 2016, mudou a perspectiva. Ele conseguiu aprovar no Congresso em um ano o que não se fez nos cinco do governo anterior. O problema é que os efeitos levam tempo para se materializar e não apagam o desastre fiscal em que fomos metidos no processo eleitoral. Em maio de 2017, a situação era ainda muito complicada, mas já apareciam tênues sinais de uma recuperação modesta do crescimento econômico, único remédio para nossas angústias.
Tragicamente, uma "delação premiada", derivada de uma "armadilha" bem urdida somada à falta de desconfiômetro de Temer, produziu o tumulto que o país vive. Tal confusão é hoje o mais poderoso instrumento da oposição às "reformas", que se localiza na alta burocracia federal, uma "elite extrativista" que se apropriou do poder em Brasília graças à covardia dos governos e ao descuidado conformismo escandaloso dos trabalhadores e dos sindicatos que a sustentam!
Na semana passada, tivemos outro "show midiático", do mesmo "capoclasse" da organização criminosa que —com a conivência dos últimos poderes incumbentes– assaltou o patrimônio nacional e escafedeu-se brilhantemente. Aumentou a tensão, mas restaram terríveis contradições entre as suas narrativas, que certamente vão dar trabalho à Justiça.
Estamos numa crise real enorme, apimentada por notícias transmitidas por imaginários informantes em "off", que alimentam, em tempo contínuo, a "intriga criadora". Parte da imprensa autopromoveu-se: de "técnicos de futebol" que sempre foram a "competentes jurisconsultos" que —sem dúvida nenhuma—"julgam" e "escracham" votos de ministros do TSE, STJ e STF, sem o menor respeito pelos seus conhecimentos e pela naturalidade do contraditório...
Como nos ensinou Max Weber (e lembrou o ilustre professor Kujawski), estamos diante do dilema: usar a ética da "convicção" ("faça-se justiça e pereça a sociedade) ou a ética da "responsabilidade" (avaliar cuidadosamente as prováveis consequências de cada solução e escolher a "menos pior" para a sociedade a curto e longo prazo).
É essa escolha que está sob os ombros do STF, sacralizado como Poder moderador na Constituição de 1988. Que a razão e a precaução o iluminem. A paixão política costuma cobrar caro a sua imprevidência.