A boate Love Story, quase balzaca, agregando a boemia dos boêmios, os que perderam o trem, o ultimo degrau da reputação, da fossa, do hedonismo, entra com pedido de recuperação judicial.
Como muitas casas noturnas, hotéis, bares e restaurantes do país, está sufocada por dívidas trabalhistas.
O sobrado da Avenida Ipiranga, diante do Copan, região invadida por milleniuns, que abriram bares e fixaram residência, é referência turística em São Paulo.
Amigos de outros estados e países me perguntavam se era verdade que existia uma casa que abria às 3h, bombava quando o sol amanhecia, para pessoas da noite e garotas de programa se divertirem.
Na cosmopolita maior cidade da América do Sul, sim, existe há 27 anos e tem um nome romântico (inspirado num clássico do cinema-lágrimas de 1970, Love Story).
Que é uma boate com som no talo, homenagens e avisos dados pelo DJ, grandes efeitos de luz, a velha ‘strobo’ e globo espelhado, em que mulheres não pagavam para entrar, com salas vips e canos para pole dance não de profissionais, mas do público, sem distinção de gênero.
Tio João, um dos donos-gerentes, comandava uma tropa de garçons e seguranças para os mais exaltados, que impediam os excessos, tirava da fila da entrada amigos e vips, que entravam pela porta lateral, indicava mesas e dava dicas.
Tio João (João Tiago Freitas) saiu da cena enfartado, deixando o negócio para o filho, Milton Freitas, que a modernizou.
Até Alex Atala foi convocado.
Organizou sua popular Galinhada (galinha cozida com hortelã, pimenta, alho, salsinha, manjericão, coentro, louro, misturada com pirão de mandioca e quiabo) entre mesas e canos.
Segundo o www.braziljournal.com, a dívida total é de R$ 1,7 milhão; R$ 1,38 milhão de processos trabalhistas.
Além disse, o ECAD reclama o não pagamento de direitos autorais.
Na petição inicial, entregue na 2ª Vara de Recuperação Judicial, os advogados Marcelo Hajaj Merlino e Irene Hajaj atribuem os problemas à crise financeira, que afetou fortemente o ‘entretenimento adulto’, informam Mariana Barbosa e Natalia Viri, do Brazil Journal:
“A população jovem tem procurado outros meios de diversão noturna, como por exemplo os grandes eventos chamados de mega festivais como o ‘Lollapalooza’, ‘Glastonburry’, e ‘Coachella’”, defendem os advogados, alegando que a concorrência é, inclusive, internacional. Outras fontes de competição, apresentadas ao juiz: ‘pool parties’, ‘food trucks’ e baladas sertanejas como o ‘Villa Mix’.”
Mais um setor que a recessão e a revolução das quatro telas ataca.
Sim, tem pessoa hoje que prefere ficar em casa, pedir comida, alugar um filme, escutar um som, socializar (redessocializar) e marcar um ‘dating’ por aplicativos.