Tendo parasitado todos os governos da República desde o presidente José Sarney, o centrão deve, finalmente, chegar ao poder com a nomeação de Ciro Nogueira a ministro-chefe da Casa Civil.
Escanteado para um ministério de menor relevância, o general Ramos se disse surpreso e insatisfeito com a sua substituição. Afirmou, entre submisso e queixoso, que não sabia, estava em choque, mas que soldado não escolhe missão. E desabafou: “Se eu estivesse sendo trocado por alguém formado em Oxford ou Harvard, tudo bem, poderiam dizer que falhei. Mas é por um político aliado do presidente, é assim que funciona”.
Ciro Nogueira não foi diplomado em Harvard, mas, para dirigir a República da impunidade que se tornou o Brasil, ele tem credenciais: é réu no STF por organização criminosa, denunciado por corrupção, lavagem de dinheiro e obstrução da justiça. Foi acusado de ter recebido R$ 2,5 milhões de propina da JBS para assegurar apoio do seu partido a Dilma em 2014 e acusado pelo MPF de ter recebido R$ 7,3 milhões de propina da Odebrecht. É diplomado em politicagem e foi aprovado com louvor por seus pares.
Para o deputado Rodrigo Maia, Ciro Nogueira é “muito competente e muito articulado” e levará a chance de impeachment de Bolsonaro a zero (Maia é um animador da candidatura de Lula e daqueles a quem interessa que Bolsonaro ‘sangre’ até outubro de 2022). O deputado Ricardo Barros, por sua vez, tuitou que estava “entusiasmado com a escolha de Bolsonaro” e que Ciro Nogueira “emprestará ao governo sua longa experiência na articulação política”.
O presidente Bolsonaro gosta de mandar, mas já não governa. O centrão agora tem completo domínio da máquina a partir da Casa Civil. A chave do cofre está entregue; o Brasil foi rifado. Em troca, Arthur Lira e Ciro Nogueira evitam o impeachment e garantem a Bolsonaro uma legenda para tentar a reeleição. Não deu certo a tal Aliança pelo Brasil, mas fechou-se sólida aliança pela corrupção.
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