Pedagogia Waldorf, de fama hippie, tem pilares atraentes para colégios tradicionais
Da fama de hippie, a pedagogia Waldorf, que completa cem anos, é hoje mencionada como inspiração até pelas mais caretas das escolas. Alguns dos pilares existentes desde a sua fundação, na devastada Alemanha pós-Primeira Guerra, tornaram-se atraentes para colégios tradicionais que buscam dar conta da demanda por uma formação mais abrangente.
O aprendizado interdisciplinar é um deles. Na Waldorf, a matemática, por exemplo, surge na amarelinha, nas aulas sobre o Egito e no tricô. Outro é o autoconhecimento, cultivado no incentivo às artes manuais, ao movimento corporal e ao contato com a natureza. Não faz tempo que esses eram conceitos “alternativos”. Agora são ofertados como diferencial por quem martelava o marketing do “ensino forte”.
Mas tem algo da Waldorf que é visto como extraterrestre: o fato de ser contra o uso da tecnologia na infância. O entendimento é o de que a criança precisa se desenvolver antes de ser exposta às telas, a fim de que possa dominá-las, ao invés de ser controlada por elas.
Na maior parte dos colégios de outras linhas, quanto mais cedo, melhor, e os tablets invadem até o ensino infantil.
A Federação das Escolas Waldorf do Brasil, com 88 filiadas e 180 em processo de filiação, tem convicção de que o cenário mudará em breve, diante dos prejuízos causados pelo excesso de tecnologia.
Os problemas são mesmo inegáveis. Em resposta à crescente demanda de famílias desesperadas, o Hospital das Clínicas se prepara para atender adolescentes dependentes de tecnologia a partir do segundo semestre. Os sintomas se assemelham aos do vício em álcool e drogas, como ansiedade, depressão, agressividade e abandono dos estudos.
Se executivos de empresas de tecnologia do Vale do Silício estão matriculando os filhos em escolas Waldorf, cabe devanear com um futuro em que, pedagogias à parte, dar celular para bebê soará mais exótico do que abraçar uma árvore.
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