terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

SURAIA BADUE CAPEZ (1933 - 2023) Mortes: Mãe amorosa e exigente, priorizou a educação dos filhos, Patrícia Pasquini FSP

 


SÃO PAULO

Suraia foi excelente aluna durante a vida escolar e exigiu o mesmo dos quatro filhos. Desde o primário, nas tarefas escolares, a mãe dava lugar à professora: estudava junto com os meninos, acompanhava as lições e exigia resultados. Firme em suas ações, equilibrou o rigor das cobranças com o amor e os cuidados.

Enquanto estudante, o desejo de Suraia era ser professora. Chegou a se formar no antigo normal, mas abdicou da profissão para se dedicar à educação dos filhos, que colocou em primeiro lugar.

"Ela viveu para nós. E vamos sempre honrar sua memória", afirma o procurador de Justiça de São Paulo e professor Fernando Capez, um dos filhos.

Suraia Badue Capez (1933-2023) e o filho, Fernando Capez
Suraia Badue Capez (1933-2023) e o filho, Fernando Capez - Arquivo pessoal

Com 20 e poucos anos, Suraia trocou Uberlândia, onde nasceu, por São Paulo. A mudança foi motivada pela transferência da empresa de arame farpado de seu pai para a capital paulista.

São Paulo serviu de cenário para o encontro com o amor de sua vida, o dentista Amin Capez, com quem ficou casada por 39 anos. Ele morreu em 1999.

Ao longo da vida, Suraia mostrou a importância da disposição para o trabalho e do comprometimento com resultados. Perfeccionista, dizia aos filhos que a diferença estava no detalhe.

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Suraia também foi uma mulher forte e corajosa. Enfrentou os problemas com a cabeça erguida. Da mesma forma, encarou a morte do filho Marcelo, em 1989, aos 26 anos, num acidente automobilístico.

Outra marca que carregou foi a solidariedade. "Ela era uma pessoa muito boa. Ajudava os empregados com doações de roupas e até reforma de casa. Minha mãe tirava dela para dar às pessoas", conta o filho.

Suraia chegou aos 89 anos lúcida, bem informada e vaidosa —não deixava de tingir os cabelos e de se maquiar.

Apreciava a leitura e conversava sobre todos os assuntos, da escalação do Palmeiras até política nacional e internacional. Chegou a ser membro honorário da Libra (Liga das Mulheres Eleitoras do Brasil), entidade sem fins lucrativos que valoriza a participação da mulher na política.

Suraia Badue Capez morreu no dia 22 de fevereiro as 89 anos, por insuficiência cardíaca. Viúva, deixou três filhos, quatro netos e noras.

Volkswagen Kombi elétrica não parece Kombi, e isso é bom; veja o teste, FSP

 Eduardo Sodré

SÃO PAULO

ID. Buzz, a Kombi elétrica. É assim que a Volkswagen vai chamar no Brasil a van que, ao mesmo tempo, é retrô e futurista.

Os saudosistas até podem defender o nome "Nova Kombi", mas não dá. Há um abismo de 70 anos entre os dois projetos, e a montadora sabe que são propostas tão diferentes como energia solar e combustível de origem fóssil.

Duas unidades vieram para o Brasil, ambas com pintura bicolor. Uma delas é a amarela e branca disponibilizada para um teste dentro da fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo).

Volkswagen Id Buzz, a Kombi elétrica, na fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo (SP) - Divulgação

A antiga Kombi foi produzida por lá de setembro de 1957 a dezembro de 2013. O fim veio junto com a obrigatoriedade de airbags e freios com ABS (sistema que evita o travamento das rodas em frenagens de emergência). Nada disso era compatível com um projeto tão antigo.

O desenho da ID. Buzz remete à primeira geração, chamada T1, mas com detalhes da T2 (feita no Brasil a partir de 1975). Essas foram as únicas produzidas e vendidas no Brasil, enquanto outros países tiveram modelos subsequentes. A atual se chama T6.1 —o "t" é de Transporter— e é vendida regularmente na Europa.

Ao entrar na Kombi elétrica, contudo, o passado se acomoda na memória. O pequeno painel digital e as entradas USB-C já mostram que se trata de outra era.

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Há poucos botões na ID. Buzz, e essa é uma característica comum ao modelo antigo. Se antes a falta de comandos simbolizava a lista pífia de equipamentos, hoje representa o avanço tecnológico. Todas as funções podem ser comandadas a partir da tela central sensível ao toque, com imagens coloridas.

A Kombi do futuro tem ainda bancos com ajustes elétricos, aquecimento e massageadores, ar-condicionado digital, rodas de 20 polegadas e muito espaço. Cinco ocupantes viajam bem, embora o modelo do passado pudesse levar até nove pessoas.

Volkswagen Id Buzz, a Kombi elétrica, é testada na fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo (ABC) - Eduardo Sodré/Folhapress

E até os saudosistas que votariam no nome "Nova Kombi" deverão reconhecer que a experiência ao volante é muito melhor agora.

A ID. Buzz tem dirigibilidade similar à dos SUVs de luxo. O motorista vai em posição elevada, com um volante bastante vertical à sua frente. Antes era horizontal, com a coluna de direção passando no meio das pernas.

Após pressionar o botão de partida, basta girar a haste localizada à direita do quadro de instrumentos para engatar a marcha única. O freio de estacionamento eletrônico é desacoplado assim que se pisa no acelerador.

A Kombi elétrica entra em movimento sem fazer barulho. O único ruído perceptível vem do console central, que pode ser removido. Para um carro que já foi desmontado e refeito durante análises do departamento de engenharia da VW no Brasil, esperava-se sons por todos os lados.

As rodas aro 20 não prejudicam o conforto. A ID. Buzz parece um carro premium, muito diferente dos antepassados. Os bancos acomodam bem o corpo e têm parte da forração feita de garrafas PET recicladas.

Uma subida é o único ponto em que é possível testar o motor com potência equivalente a 204 cv. Não há surpresa: a Kombi elétrica avança sem sufoco.

De volta ao ponto de partida, vale dar mais uma olhada no modelo. O formato van preserva aquele aspecto de pão de forma da linha original, mas os faróis de agora são triangulares e com LEDs.

As portas laterais seguem corrediças, mas agora o acionamento é elétrico. O porta-malas traz suportes para adicionar uma terceira fila de assentos, que ainda não está disponível.

A capacidade chega a 600 quilos na versão Cargo. Nesse ponto, a antiga Kombi leva vantagem. Era possível carregar quase 1 tonelada, seja de gente ou de coisas.

Mas e o preço? A ID. Buzz só deve chegar ao Brasil em 2024 e não vai custar menos de R$ 300 mil. Sim, é um valor alto, mas alinhado ao de carros elétricos comercializados hoje no país.

Além da necessidade de adaptar a rede concessionária aos novos tempos, há o problema das filas de espera mundo afora. Há 20 mil clientes aguardando a entrega do modelo, que é produzido em Hannover.

A estratégia de eletrificação da Volkswagen no Brasil passa primeiro pelo hatch ID.3 e pelo SUV ID.4, que podem estrear ainda neste ano ou em 2024. Ambos têm qualidades, mas a Kombi elétrica é o modelo que interessa.

Setor de biodiesel diz que confederação de transportes despreza meio ambiente, FSP

 Representantes do mercado de biocombustível reagiram às declarações feitas pela CNT (Confederação Nacional dos Transportes) nos últimos dias de que o frete vai ficar mais caro se o governo decidir elevar o percentual de biodiesel na mistura obrigatória ao diesel.

Na opinião da CNT, o aumento do biodiesel no combustível de caminhões e ônibus pode piorar a poluição porque, segundo a entidade, reduz a eficiência dos motores, aumentando o consumo.

Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), Aprobio (Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil) e Ubrabio (União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene) pediram para a CNT explicar suas declarações no contexto dos compromissos com o RenovaBio (programa para elevar na matriz energética a participação de combustíveis menos poluentes do que os derivados de petróleo) e com o processo de descarbonização do planeta.

Para a CNT, "o eventual acréscimo do teor do biodiesel irá gerar custos adicionais ao valor do frete, que serão transferidos a toda população, traduzindo-se em acréscimos inflacionários e encarecendo ainda mais o transporte e, por consequência, os produtos consumidos e exportados".

As entidades afirmam que as declarações da CNT são falsas e revelam desprezo com o meio ambiente e a saúde das pessoas. "O posicionamento da CNT coloca em risco uma extensa cadeia de produção que gera emprego para a população e receita para o Estado, desenvolve a economia nacional com investimento, apoia o pequeno agricultor, reduz a emissão de gases de efeito estufa, melhora o meio ambiente e a qualidade de vida do cidadão", dizem Abiove, Aprobio e Ubrabio em nota.

Mistura do diesel com biodiesel é obrigatória no Brasil
Mistura do diesel com biodiesel é obrigatória no Brasil - Xinhua

A FPBio, (Frente Parlamentar Mista do Biodiesel) também saiu em defesa do combustível. Em nota divulgada nesta segunda (27), defendeu que "o percentual a ser definido pelo CNPE (Conselho Nacional de Política Energética), cuja decisão deve sair em março, seja compatível com a possibilidade da indústria e o interesse nacional, mesmo que de forma progressiva até B15, percentual de 15% ao diesel, previsto em lei".

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Ao longo da gestão Bolsonaro, o governo fez cortes no percentual da mistura como forma de diminuir o preço do diesel nos postos e acalmar a relação conflituosa com os caminhoneiros. Até 2021, a mistura era de 14%. Hoje está em 10%.

Joana Cunha com Paulo Ricardo Martins e Diego Felix