quinta-feira, 12 de agosto de 2021

Morre o ator Tarcísio Meira aos 85 anos, vítima da covid-19, OESP

 Luiz Carlos Merten, O Estado de S. Paulo

12 de agosto de 2021 | 11h16

O ator Tarcísio Meira morreu nesta quarta-feira, 12, aos 85 anos, vítima do coronavírusEle estava internado desde o dia 6 de agosto, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. A atriz Glória Menezes, sua mulher, também está internada por complicações da covid-19, mas seu quadro era mais leve. Tarcísio Meira chegou a ser intubado e fazia diálise contínua.

Tarcisio Meira
O ator Tarcisio Meira, em 2019, quando voltava ao teatro com a peça 'O Camareiro' Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Tarcísio Meira foi um dos maiores atores brasileiros. Em 1961, no começo de sua carreira, o jovem Tarcisio Meira, com 26 anos, recebeu seu primeiro prêmio. Foi o ator revelação daquele ano pelas novela Maria Antonieta. Tarcisio venceria outras vezes o troféu Imprensa ao longo de sua carreira. Foi premiado pela APCA (em 1976 e 2001), em 2005 Glória Menezes e ele receberam o Troféu Oscarito no Festival de Gramado e mais recentemente, em 2016, ganhou todos os prêmios importantes de teatro, incluindo o Shell, por sua interpretação em O Camareiro.

Aos olhos do público, ele é fundamentalmente um ator de televisão, e a lista de especiais e novelas é imensa – ocuparia o espaço desse texto. Mas Tarcisio fez também teatro e cinema. Foi o jovem Dom Pedro de Independência ou Morte, de Carlos Coimbra, e o Cristo militar de Glauber Rocha, em A Idade da Terra. Foi Quelé do Pageú no nordeste de Anselmo Duarte e foi Marcelo, o personagem emblemático de Walter Hugo Khouri em Eu. Grande Tarcisio. Nasceu em 5 de outubro de 1935, em São Paulo. Por parte de pai, há informações de que descendia da aristocracia sul-mineira e investigações genealógicas chegaram até o mítico Mártir da Independência, Tiradentes. Por parte de mãe, descendia de não menos notáveis troncos paulistas, os Arruda Botelho, os Paes Lemes, os Cerqueira César.

Sua estreia no teatro foi em 1957, com a peça A Hora Marcada. Na televisão, apareceu pela primeira vez num teleteatro – Noites Brancas, na TV Tupi, quatro anos depois. Também em 1961, contracenou com a também jovem Glória Menezes em outro teleteatro, Uma Pires Camargo. Casaram-se, e viraram um dos casais mais conhecidos da arte da representação no Brasil. Com Glória, protagonizou, em 1963, a primeira novela diária da TV brasileira, 2-5499, Ocupado, na Excelsior. O resto é história. Foram para a Globo, fizeram um monte de novelas, juntos e separados. Fizeram cinema, juntos (A Máscara da Traição, Independência ou Morte) e separados.

Na Globo, estrearam com Sangue e Areia, em 1968. Entre os sucessos dele estão Irmãos Coragem, Cavalo de Aço, O Semideus, Escalada (o primeiro APCA), Saramandaia, Espelho Mágico, Guerra dos Sexos, Roque Santeiro, Senhora do Destino, etc. E os especiais – O Tempo e o Vento, Grande Sertão - Veredas, Hilda Furacão, A Muralha (segundo APCA). No cinema, não lhe faltaram papéis desafiadores, incluindo o policial violento e corrupto – Mateus – de República dos Assassinos, que Miguel Faria Jr. adaptou, em 1979, do livro de Aguinaldo Silva sobre os esquadrões da morte. Com Khouri, fez também o Dr. Osmar de Amor, Estranho Amor e o filme de 1982 deu origem, mais tarde, a uma complicada disputa de direitos autorais, quando Xuxa Meneghel, convertida em rainha dos baixinhos, brigou na Justiça por sua interdição. Foi o Boca de Ouro na insatisfatória versão da peça de Nelson Rodrigues por Walter Avancini (com Claudia Raia e Luma de Oliveira) e interpretou-se a si mesmo no experimental Anabazys, de Joel Pizzini e Paloma Rocha.

Chegou a um ponto em que não era só um ator. Virou uma instituição brasileira – uma persona no imaginário do público, que olhava para Tarcisio e conseguia ver, por meio dele, toda uma história do audiovisual, cinema e TV, no País.

Panasonic deixa de produzir televisores na Zona Franca de Manaus em dezembro, FSP

 

SÃO PAULO

Mais uma grande empresa encerrará linhas de produção no Brasil. Nesta quarta-feira (11), a Panasonic anunciou a decisão de descontinuar a produção de televisores e equipamentos de áudio residencial na Zona Franca de Manaus (AM).

As duas unidades de negócios serão encerradas em dezembro. A empresa diz, em comunicado, que a decisão faz parte de estratégia global e considera “o atual panorama econômico” do Brasil. A fábrica de televisores foi inaugurada em 1981, em parceria com a Springer.

Segundo a Panasonic, 130 funcionários diretos e indiretos serão demitidos com o encerramento da produção, o equivalente a 5% da força de trabalho –a companhia diz empregar 2.400 pessoas no Brasil. Os trabalhadores já foram informados da decisão da empresa.

Em Manaus, a Panasonic ainda manterá a produção de produtos automotivos, componentes eletrônicos e aparelhos de microondas.

Panasonic encerrará em dezembro a produção de TVs e aparelhos de áudio na Zona Franca de Manaus - Kim Kyung-Hoon/Reuters

A companhia tem outras unidades de produção no Brasil. Em Extrema (MG) está a fábrica de geladeiras e máquinas de lavar roupas. Em São José dos Campos (SP), a de pilhas. Na capital paulista há uma unidade administrativa.

[ x ]

A empresa diz, em nota, que o encerramento da produção de TVs e áudio criará oportunidade para a marca crescer em outras frentes de negócios. “A Panasonic acredita no potencial e no mercado brasileiro, e continuará investindo e fomentando novas linhas e novos produtos”, afirma.

Neste ano, a Sony também encerrou a produção de televisores no Brasil. Diferentemente da Panasonic, que ainda manterá outros negócios no Brasil, a Sony deixou de produzir na Zona Franca de Manaus e, em dezembro de 2020, vendeu a fábrica e os equipamentos.

A compradora foi a Mondial, marca brasileira de eletrodomésticos portáteis, que assumiu a fábrica em fevereiro.

A decisão da Sony foi além dos televisores. A empresa deixou de produzir e de vender também aparelhos de som, som automotivo, reprodutores DVD e BluRay, TVs, câmeras digitais, filmadoras, sistemas de home theater, o console de Playstation 3 e projetores de vídeo.

Quando anunciou que deixaria o Brasil, a empresa atribiu a decisão ao "recente ambiente do mercado" e que fortaleceria a estrutura e a sustentabilidade de seus negócios para ter uma resposta mais rápida às mudanças no ambiente externo.

  • SALVAR ARTIGOS

    Recurso exclusivo para assinantes

    ASSINE ou FAÇA LOGIN

  • 1

Como fica o xadrez eleitoral em SP, com Alckmin fora do PSDB, OESP

 Pedro Venceslau, O Estado de S.Paulo

12 de agosto de 2021 | 05h00

A declaração do ex-governador Geraldo Alckmin admitindo pela primeira vez que vai deixar o PSDB para disputar o Palácio dos Bandeirantes por outro partido em 2022, mexeu com o xadrez político em São Paulo e projeta disputa em São Paulo em 4 campos.

1. Ex-tucano histórico x novo tucano

O atual vice-governador, Rodrigo Garcia, que recentemente trocou o DEM pelo PSDB, é o “herdeiro político” do governador João Doria, que planeja disputar a Presidência. Garcia deve assumir o cargo em abril, quando vence o prazo de desincompatibilização de Doria, mas já está viajando pelo interior. Garcia terá retaguarda da máquina estadual na disputa com Alckmin pelo apoio dos partidos do centro e Centrão. O Progressistas comanda a secretaria de Transportes Metropolitanos, o Republicanos o Esporte, o PL tem a vice liderança do governo na Assembleia Legislativa, e o MDB, a Agricultura. Segundo tucanos ouvidos pela reportagem, essa seria hoje a base de lançamento de Garcia para entrar na disputa com um bom tempo de TV, recursos do Fundo Eleitoral e capilaridade no interior. Além disso, Doria e o seu secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, presidente do PSDB paulista, estão promovendo filiações em massa de prefeitos no partido.

ctv-xil-alckmin
Geraldo Alckmin anunciou que pode deixar o PSDB. Foto: Felipe Rau/Estadão

Já Alckmin, que deve se filiar ao PSD, está conversando com PSB – o também ex-governador Márcio França pode ser seu candidato a vice. Esse grupo está em tratativas com o PV, Podemos, Avante, Solidariedade e outras siglas menores. Com isso, Alckmin e Garcia teriam os maiores espaços da propaganda eleitoral.

2. A esquerda dividida entre Fernando Haddad e Guilherme Boulos

Enquanto no plano nacional o PT e o PSOL devem estar no mesmo palanque, em São Paulo seguem com projetos distintos. Fortalecido pelo resultado da eleição na capital, quando chegou ao 2° turno, Guilherme Boulos tem feito agendas no interior e é colocado como pré-candidato pelo PSOL. Seu desafio é tornar-se conhecido onde o eleitorado é mais conservador.

Já o ex-prefeito Fernando Haddad tornou-se o candidato natural do PT ao Palácio dos Bandeirantes após o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recuperar seus direitos políticos. Há nos dois partidos defensores da tese de unidade entre eles. Se ocorrer, dizem especialistas, dificilmente a esquerda ficaria fora do 2° turno. Com o centro e o Centrão obstruídos por Alckmin e Garcia, resta a Boulos e Haddad disputar o apoio de siglas de esquerda, como o PCdoB e o PDT.

3. A direita bolsonarista

O presidente Jair Bolsonaro, que ainda busca um palanque paulista, chegou a lançar o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, mas ainda falta um partido que acolha o projeto bolsonarista no Estado. O PTB já abriu as portas. Sob o comando do empresário Otávio Fakhoury, investigado no inquérito das fake news, a sigla busca filiar os ex-ministros Ricardo Salles (Meio Ambiente), Abraham Weintraub (Educação) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores), além do deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança – apontados como potenciais candidatos bolsonaristas.

4. A direita não bolsonarista

Na ala da direita que faz oposição a Bolsonaro, o Novo já lançou o deputado federal Vinicius Poit. Outro nome apresentado é o do deputado estadual Arthur do Val.