O senador José Serra (PSDB-SP) anunciou nesta terça-feira, 10, que está se licenciando do cargo pelos próximos quatro meses para realizar um tratamento médico. Após avaliações neurológicas finalizadas na última semana, o tucano foi diagnosticado com Parkinson em estágio inicial. Em nota, a assessoria de Serra informou que ele vai passar por um período de adaptação à medicação e também vai tratar de seu distúrbio do sono.
"O parlamentar encontra-se em bom estado de saúde, mas optou pelo afastamento para que seu suplente, José Aníbal, possa assumir, sem deixar a cadeira de senador por São Paulo em vacância durante o período do tratamento experimental. A decisão também evitará eventuais paralisações no andamento dos projetos em favor do País", diz a nota.
José Serra foi prefeito de São Paulo em 2005 e 2006. O atual senador também ocupou o cargo de governador do Estado entre 2007 e 2010, ano em que disputou as eleições presidenciais e perdeu para Dilma Rousseff. Antes, já havia concorrido para o cargo em 2002.
No governo Michel Temer, ocupou o cargo de ministro das Relações Exteriores entre 2016 e 2017, quando se demitiu do posto alegando problemas de saúde. Antes disso, havia sido, no governo Fernando Henrique Cardoso, ministro do Planejamento entre 1995 e 1996 e da Saúde entre 1998 e 2002.
O ministro da Educação, Milton Ribeiro, disse nesta segunda-feira, 9, que as universidades brasileiras deveriam ser para poucos. Em entrevista à TV Brasil, Ribeiro defendeu a volta às aulas na educação básica, ironizou a demanda dos professores por vacinação contra a covid-19 e se mostrou, mais uma vez, surpreso com o tamanho da pasta que ele chefia há mais de um ano.
Para Ribeiro, os institutos federais, com ensino técnológico e profissionalizante, serão “a grande vedete” no futuro. Ele disse estar cansado de encontrar motoristas que têm graduação completa. “Tem muito engenheiro, advogado, dirigindo Uber porque não consegue a colocação devida, mas, se fosse técnico em informática, estaria empregado porque há demanda muito grande”, disse o ministro.
“Então, o futuro são os institutos federais, como é na Alemanha hoje. Na Alemanha, são poucos os que fazem universidade. A universidade, na verdade, deveria ser para poucos, nesse sentido de ser útil à sociedade”, completou Ribeiro. Os institutos federais, elogiados por Ribeiro, foram criados em 2008. O ministro disse que desconhecia, quando assumiu a pasta, a existência das 38 unidades.
Também admitiu que "tomou um susto" quando percebeu a variedade de atribuições da pasta. “Quando cheguei ao MEC, tomei um susto. Eu administro 50 hospitais universitários”, afirmou ele. Não é a primeira vez que Ribeiro demonstra surpresa com a importância e tamanho do MEC. Em janeiro deste ano, questionado sobre falhas na realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o ministro argumentou que ainda estava se inteirando sobre a pasta que ele chefia.
Segundo o ministro, metade das vagas nas universidades é destinada a cotas e a outra parte vai para os “alunos melhor preparados”. “Eu acho justo, considerando que os pais desses meninos tidos como ‘filhinhos de papai’ são aqueles que pagam os impostos do Brasil, que sustentam bem ou mal a universidade pública. Não podem ser penalizados.”
Ele respondeu ainda questões sobre a autonomia das universidades e a escolha de reitores. O governo Jair Bolsonaro tem ignorado os primeiros colocados na lista tríplice elaborada pelas universidades para a sucessão de reitores. Na da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a nomeação por Bolsonaro do último colocado na lista causou reação contrária.
Segundo Ribeiro, dos 69 reitores das federais, ele conversa “plenamente” com 20 a 25. “Dez deles (reitores) eu trouxe para visitar o presidente, uma coisa inédita. Não precisa ser bolsonarista, mas não pode ser esquerdista, lulista. As universidades não podem se tornar um comitê político nem de direita e muito menos de esquerda.”
Ribeiro defendeu a volta às aulas presenciais e disse que “não faltaram recursos”. Segundo o ministro, o MEC transferiu R$ 1,7 bilhão para a compra de máscaras, equipamentos de proteção individual e álcool em gel. A pasta, no entanto, vem sendo criticada pela falta de coordenação nacional para apoiar Estados e municípios no ensino remoto e na reabertura dos colégios com segurança.
Uma análise da execução orçamentária do MEC realizada pelo movimento Todos pela Educação mostrou que o Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) teve apenas 17% dos seus recursos empenhados e, para o período dos quatro primeiros meses do ano, não houve nenhuma ação específica no combate à pandemia.
Para o ministro, porém, não houve "culpa do governo federal". Pelo contrário, há um grupo de "maus professores" que não querem o retorno presencial às escolas. “Eles fomentam a vacinação deles, das crianças, depois do cachorro, do gato”, disse. “Como é que o professor é capaz de ficar em casa e deixar as crianças sem aula? A culpa não é do governo federal. Se eu pudesse, tinha mandado abrir todas as escolas.”
Sophia June, The New York Times - Life/Style, O Estado de S.Paulo
10 de agosto de 2021 | 05h00
Apesar das reservas sensatas de gerações mais velhas, a Geração Z – em geral, definida como os nascidos entre 1997 e 2012 – está sendo pioneira na promoção da volta de tendências caóticas como os jeans de cintura baixa, o pop-punk e a marca de roupas Ed Hardy.
Mas membros da Geração Z parecem concordar com os mais velhos em uma coisa: “E-mail, eca”. E, se tivermos sorte, talvez eles possam, algum dia, salvar todos das caixas de entrada lotadas.
Segundo um estudo de 2020 da empresa de consultoria Creative Strategies, existe uma lacuna geracional no que diz respeito às ferramentas básicas de trabalho. A pesquisa constatou que, para as pessoas acima dos 30 anos, o e-mail era uma das ferramentas que eles usavam para a colaboração. Para as pessoas com menos de 30 anos, o Google Docs foi o aplicativo que os trabalhadores mais associavam à colaboração, seguido pelo Zoom e pelo iMessage.
Adam Simmons, 24 anos, prefere comunicar-se usando “literalmente qualquer outro meio, menos o e-mail”. Simmons, de Los Angeles, fundou uma companhia de produção de vídeo, depois de formar-se na Universidade de Oregon, em 2019. Ele se comunica fundamentalmente com seus oito funcionários e clientes, que são em geral equipes esportivas, por envio de mensagens de texto, Instagram e Zoom.
“O e-mail é o principal fator de estresse em uma área, o que torna o esgotamento muito mais difícil”, ele disse. “Você olha para os seus e-mails e tem trabalho a fazer, que é a prioridade, e então o pagamento do aluguel e depois a conta da Netflix. Eu acho que esta é realmente uma maneira negativa de viver a vida”.
O ponto de virada para Simmons foi quando um e-mail de trabalho da Seattle Mariners se perdeu em sua pasta de spam.
“É realmente uma loucura como é ultrapassado”, ele disse referindo-se ao e-mail, tornando-se cada vez mais animado durante a entrevista que nós marcamos por mensagens de texto. Ele observou que mensagens aparecem em spam quando não são spam e que precisa carregar videoclipes em outro lugar antes de enviá-los por e-mail. “É doloroso usar o Google Drive”.
“Parte da razão de eu não querer trabalhar para outra pessoa é porque eu não quero verificar constantemente o meu e-mail e ter certeza de que o meu chefe não me enviou um e-mail”, disse Simmons. “Isto é a coisa mais estressante”.
As deficiências do e-mail só foram exacerbadas pela pandemia. As decisões que antes eram tomadas parando na mesa de um funcionário foram relegadas à "caixa de entrada pingue-pongue". Algumas pessoas escreveram falando de uma sensação de culpa por não serem capazes de responder mais rapidamente ou por acrescentar e-mails às caixas de entrada dos seus colegas. Outros descreveram que o fato de precisar responder a uma grande quantidade de e-mails fazia com que perdessem o rumo de outras tarefas, criando um ciclo, na melhor das hipóteses, improdutivo e que, na pior, os enfurecia.
"Depois que o e-mail é enviado, preciso pensar muito a respeito de onde eu estava e o que estava fazendo. É o equivalente digital de entrar em uma sala e logo esquecer por que fui ali”, escreveu Vishakha Apte, 46 anos, arquiteto, em Nova York.
Alguns estão tentado livrar-se do e-mail há anos. Escritores como Cal Newport, cujo livro A World Without Email: Reimagining Work in an Age of Communication Overload (Um mundo sem e-mail: reimaginando o trabalho em uma era de sobrecarga de comunicação, em tradução livre) foi publicado em março, há muito tempo afirmam que a “tirania da caixa de entrada” nos leva a perdermos a capacidade de nos concentrar. Alternar rapidamente entre e-mail, Slack e outras tarefas cria um acúmulo nas nossas mentes.
“Nós também nos sentimos frustrados. Nós nos sentimos cansados. Nós nos sentimos ansiosos. Porque a mente humana não consegue fazer isto”, contou Newport a Ezra Klein do Times em março. Ele fala esta mesma coisa desde pelo menos 2016.
Em 2017, um estudo constatou que a caixa de entrada média tinha 199 mensagens não lidas. E aqui, quase 16 meses mais tarde em trabalho remoto para muitos funcionários de escritório, as caixas de entrada só se tornaram ainda mais cheias.
Mas trabalhadores mais jovens, atingidos de maneira desproporcional pela instabilidade da pandemia, aparentemente estão reavaliando as suas prioridades profissionais. E talvez eles tenham a capacidade de fazer o que a obra de Newport – que, aos 39 anos, está na ponta mais velha da geração millenial – não conseguiu fazer.
Harrison Stevens, 23 anos, fundou uma empresa de roupas vintage enquanto cursava a Universidade de Oregon e abriu um local depois de se formar em 2020. Ele começou dando aos clientes o seu telefone pessoal e eles não param de mandar mensagens de texto ou por telefone, que, segundo ele afirma, ajudam a aliviar a carga, mas cria um novo problema de não ter um equilíbrio claro entre o trabalho e a sua vida pessoal.
Aurora Biggers, 22 anos, uma jornalista que se formou recentemente na George Fox University, disse que costumava fornecer o seu número, mas estava recebendo tantas mensagens de texto que elas estavam prejudicando o seu tempo pra vida pessoal. Ela acha que a sua geração está menos propensa a usar o e-mail como meio principal de comunicação. Embora ela goste dos limites de trabalho que o e-mail oferece, ela disse que o que ela acha mais difícil é que não há uma forma padrão de comunicação. O problema fundamental com o e-mail, então, não é necessariamente o excesso de e-mails, mas de uma concorrência excessiva.
“É impossível esperar que o e-mail seja a principal forma de comunicação porque tantas pessoas não estão trabalhando em escritório ou estão sentadas em um escritório com uma notificação da chegada de um e-mail”, ela disse. “Não acredito que esta seja a maneira mais relevante de esperar que as pessoas se comuniquem com você”. /TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA
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