quarta-feira, 3 de março de 2021

The book is not on the table, editorial FSP

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Estudante comparece ao Enem deste ano - Marlene Bergamo/Folhapress

Levantamento da Folha revelou que as questões de inglês respondem pela maior desvantagem dos alunos da rede pública ante os das escolas privadas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), principal meio de ingresso na educação superior. Trata-se, portanto, de um gerador de desigualdade.

A análise mostra que estudantes de bom desempenho das redes pública e particular têm notas semelhantes, por exemplo, em matemática. O mesmo não se dá, porém, com a língua inglesa.

Quem acompanha o ensino dessa disciplina no país concorda que tanto estabelecimentos públicos como particulares derrapam na tarefa. A diferença fundamental observada no Enem se deve ao aprendizado fora da escola.

São os jovens de famílias mais abonadas, afinal, que em geral têm acesso aos cursos livres de idiomas —sem contar os intercâmbios culturais e outras opções. O conhecimento de inglês é uma forma importante de inserção cultural e social, o que na maior parte dos casos motiva o investimento.

No ensino regular, as deficiências são notórias. Critica-se o excesso de gramática; mais evidente é o despreparo dos professores.

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Dados do Censo Escolar do MEC mostraram que quase metade dos docentes do ensino médio do país ministra disciplinas para as quais não tem formação específica.

Parte integrante da dinâmica escolar há décadas, o ensino de língua inglesa foi fixado como obrigatório pela Base Nacional Comum Curricular, de 2017, documento que guia a elaboração de currículos.

A BNCC determina que o inglês entre na sala de aula a partir dos anos finais do ensino fundamental, quando os alunos têm, aproximadamente, de 11 a 14 anos.

Retirá-lo da avaliação do Enem seria uma saída enganosa. A disciplina não deixará de ser essencial na vida acadêmica por não ser mais objeto de avaliação prévia.

Uma eventual ausência do inglês como requisito para ingresso no ensino superior na prática passaria às universidades e faculdades a missão inglória de remediar as falhas na formação dos alunos. Pode-se prever que as mesmas desigualdades se evidenciariam em uma etapa mais avançada.

Obrigatório como deve ser, o aprendizado da língua inglesa precisa se dar na educação básica, em ampla escala. É desafio do setor público encontrar meios de superar uma deficiência tão decisiva contra o progresso dos estudantes.

editoriais@grupofolha.com.br


Trecho entre São Simão e Estrela D’Oeste, da Norte-Sul, será inaugurado amanhã, RF

 A ANTT autorizou em reunião de diretoria ontem (terça, dia 02/03) a operação do trecho São Simão (GO) a Estrela D’Oeste (SP) da Ferrovia Norte-Sul. O trecho de 172 km entrou em fase de testes no início de fevereiro e será o primeiro a ser inaugurado sob concessão da Malha Central da Rumo.

A inauguração está marcada para amanhã (quinta, dia 04/03) e deverá contar com a presença do presidente Jair Bolsonaro, do ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, além de representantes da Rumo.

O encontro vai acontecer no terminal ferroviário de São Simão, construído pela Rumo em parceria com a Caramuru. O terminal de bandeira branca está localizado à beira da unidade da trading na cidade e tem capacidade instalada de 5 milhões de toneladas/ano.

De acordo com o voto do diretor relator da ANTT, Davi Barreto, o tráfego de trens no trecho será feito inicialmente “em regime especial, devendo ser cumpridas algumas restrições (como de velocidade) até que esteja em condições de tráfego em regime de operação normal”.

Pela linha entre São Simão eEstrela D’Oeste serão movimentados incialmente granéis agrícolas, que descerão ao Porto de Santos, através da Malha Paulista. Num segundo momento, dentro do prazo do primeiro semestre de 2021, a ferrovia deverá chegar em Rio Verde (GO), onde está sendo implementado um pátio multimodal pela Rumo.

FIAGRO está pronto para virar lei!, Arnaldo Jardim

 Senado aprovou nesta terça-feira , 2,  o PL 5.191/2020, projeto de lei de autoria do deputado federal Arnaldo Jardim que cria os Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagro). Os senadores não fizeram modificações na proposta, mantendo o texto que já havia sido aprovado na Câmara dos Deputados.  

O senador Carlos Fávaro (PSD-MT), que foi o relator do projeto, rejeitou as emendas de conteúdo apresentadas no Senado e fez apenas emendas de redação ao texto. O projeto segue agora para sanção do presidente da República.  

O texto-base do projeto foi aprovado no Senado em 10 de fevereiro, ficando pendente a votação de dois destaques apresentados por MDB e PT. O primeiro destaque já havia sido retirado pelo partido, enquanto o segundo ainda aguardava votação em Plenário. 

O texto inclui o Fiagro na Lei 8.668, de 1993, que instituiu os fundos de investimentos imobiliários. O objetivo do projeto é ampliar o número de investidores no setor agroindustrial, permitindo a participação tanto de investidores individuais (pessoas físicas) como institucionais. Para o autor do projeto, Arnaldo Jardim, desse modo, a produção agropecuária poderá ser financiada pelo mercado de capitais, diminuindo a necessidade de se recorrer a recursos do Tesouro. 

"O setor agropecuário passará a contar com nova fonte de financiamento. Isto significará mais recursos, empregos, atividade e renda. O nosso setor agroindustrial poderá crescer e continuar a ser o polo dinâmico da retomada econômica. Quando apresentei o Projeto, fiz isto apoiado pela Frente Parlamentar Agropecuária (FPA) e entidades do setor, assim como em diálogo com o Poder Executivo. Isto permitiu uma tramitação rápida", destacou Jardim. 

A proposta foi apresentada na Câmara dos Deputados no dia 18 de novembro de 2020, aprovada na Câmara em 22 de dezembro de 2020 e aprovada no Senado Federal no dia 10 de fevereiro de 2021. 

O objetivo da proposta é criar instrumentos no mercado de capitais para financiar a produção agropecuária, em vez de se recorrer ao Tesouro. A ideia é aproveitar instrumento que já existe - os fundos de investimentos imobiliários (instituídos pela Lei 8.668/93) - para captar recursos e fomentar o setor agropecuário. O texto inclui os Fiagro nessa lei. 

De forma semelhante aos fundos imobiliários, os Fiagro viabilizarão investimentos em terras e na atividade agroindustrial. 

A proposta possibilita a ampliação no número de investidores no setor, permitindo a participação tanto de investidores individuais - pessoas físicas -como investidores institucionais. Haverá democratização de investimento no setor. E o potencial é grande: hoje os fundos imobiliários têm cerca de 1 milhão de investidores, por exemplo. 

Segundo dados da nossa FPA, a real demanda do setor por crédito supera R$ 750 bi/ano safra, enquanto o chamado "crédito oficial" (com apoio do Governo) vem alcançando patamar não superior a R$ 250 bi e que poderão ser concentrados no pequeno agricultor e na agricultura familiar. O agro é reconhecidamente o setor propulsor de todos os demais, mas está sub representado no mercado de capitais do Brasil. 

Um ponto importante é que os recebíveis, combinados com o conceito de fundo imobiliário, compatibilizam liquidez e segurança para o investidor (principalmente de pequeno porte). Isso faz com que a admiração/respeito da população em geral pelo nosso setor se transforme também em poupança e segurança para o futuro das famílias. 

Os incentivos tributários são semelhantes aos dos fundos imobiliários urbanos que serviram de base e inspiração (Lei 8668/93). Sendo que a arrecadação prevista será superior aos impactos de curto prazo. 

Os Fiagro oferecem ao mercado inúmeras chances de possuir em suas carteiras títulos "ASG" (que respeitam o ambiente, o social e a governança). Isso porque o Agro brasileiro vai se consolidar não somente por sua competitividade, mas pela demonstração de sua sustentabilidade. 

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