quinta-feira, 7 de maio de 2020

FAKE NEWS E O REBANHO HUMANO Por Frei Betto, DO FB

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O filósofo alemão Emmanuel Kant não anda muito em moda. Sobretudo por ter adotado, em suas obras, uma linguagem hermética. Porém, em um de seus brilhantes textos – O que é o Iluminismo? – sublinha um fenômeno que, na cultura televisual que hoje impera, se torna cada vez mais generalizado: as pessoas renunciam a pensar por si mesmas. Preferem se colocar sob proteção dos “oráculos da verdade” multiplicados pelas redes digitais.
Esses supostos guardiões da verdade velam, bondosamente, para não nos permitir incorrer em equívocos. Graças a seus alertas sabemos que a COVID-19 não passa de uma “gripezinha”; os médicos cubanos fazem trabalho escravo; o Estado, que recolhe dinheiro da população, não pode gastar com a população...
São eles que nos tornam palatáveis os bombardeios dos EUA no Iraque e no Afeganistão, dizimando aldeias com crianças e mulheres, e nos fazem encarar com horror a pretensão de o Irã fazer uso pacífico da energia nuclear, enquanto seu vizinho, Israel, ostenta a bomba atômica.
São eles que nos induzem a repudiar o MST em sua luta por reforma agrária, enquanto o latifúndio, em nome do agronegócio, invade a Amazônia, desmata a floresta e utiliza mão de obra escrava.
É isso que, na opinião de Kant, faz do público Hausvieh, “animal doméstico”, arrebanhamento, de modo que todos aceitem, resignadamente, permanecer confinados no curral, cientes do risco de caminhar sozinhos.
Kant aponta uma lista de oráculos da verdade: o mau governante, o militar, o professor, o sacerdote etc. Todos clamam “Não pensem!” “Obedeçam!” “Paguem!” “Creiam!” O filósofo francês Dany-Robert Dufour sugere incluir o publicitário que, hoje, ordena ao rebanho de consumidores: “Não pensem!Gastem!”
Tocqueville, em seu Da democracia na América (1840), opina que o tipo de despotismo que as nações democráticas deveriam temer é exatamente sua redução a “um rebanho de animais tímidos e industriosos” livres da “preocupação de pensar”.
O velho Marx, que anda em moda por ter previsto as crises cíclicas do capitalismo, assinalou que elas decorreriam da superprodução, o que de fato ocorreu em 1929. Mas não foi o que vimos em 2008, cujos reflexos perduram. A crise não derivou da maximização da exploração do trabalhador, e sim da maximização da exploração dos consumidores. “Consumo, logo existo”, eis o princípio da lógica pós-moderna.
Para transformar o mundo em um grande mercado as técnicas do marketing contaram com a valiosa contribuição de Edward Bernays, duplo sobrinho estadunidense de Freud. Anna, irmã do criador da psicanálise e mãe de Bernays, era casada com o irmão de Martha, mulher de Freud. Os livros deste foram publicados pelo sobrinho nos EUA. Já em 1923, em Crystallizing Public Opinion, Bernays argumenta que governos e anunciantes são capazes de “arregimentar a mente (do público) como os militares o fazem com o corpo”.
Como gado, o consumidor busca sua segurança na identificação com o rebanho, capaz de homogeneizar seu comportamento, criando padrões universais de hábitos de consumo através de uma propaganda libidinal que nele imprime a sensação de ter o desejo correspondido pela mercadoria adquirida. E quanto mais cedo se inicia esse adestramento ao consumismo, tanto maior a maximização do lucro. O ideal é cada criança com um televisor no próprio quarto.
Para se atingir esse objetivo, é preciso incrementar uma cultura do egoísmo como regra de vida. Não é por acaso que quase todas as peças publicitárias se baseiam na exacerbação de um dos sete pecados capitais. Todos eles, sem exceção, tidos como virtudes nessa sociedade neoliberal corroída pelo afã consumista.
A inveja é estimulada no anúncio da família que possui um carro melhor que o do vizinho. A avareza é o mote das propagandas de bancos. A cobiça inspira todas as peças publicitárias, do último modelo de telefone celular ao tênis de grife. O orgulho é sinal de sucesso dos executivos assegurados por planos de saúde eterna. A preguiça fica por conta da parafernália elétrico-eletrônica que prepara a sua refeição sem que você tenha que sequer descascar uma batata. A luxúria é marca registrada dos jovens esbeltos e das garotas esculturais que desfrutam vida saudável e feliz ao consumirem bebidas, cigarros, roupas e cosméticos. Enfim, a gula envenena a alimentação infantil na forma de chocolates, refrigerantes e biscoitos, induzindo a crer que sabores são prenúncios de amores.
Na sociedade neoliberal, a liberdade se restringe à variedade de escolhas consumistas; a democracia, em votar em quem dispõe de recursos milionários para bancar a campanha eleitoral; a virtude, em pensar primeiro em si mesmo e encarar o semelhante como concorrente. Esta a pós-verdade proclamada pelos oráculos do sistema.
Ocorre que a evolução da natureza e da humanidade é feita também de fenômenos imprevisíveis, como a COVID-19. Os robôs e os algoritmos podem disparar fake news para tentar nos convencer de que a pandemia não é tão ameaçadora como afirmam os cientistas. Mas o coronavírus ignora mentiras e verdades. Anseia apenas penetrar uma célula humana e, em menos de vinte e quatro horas, replicar-se em 100 mil cópias. Sua obsessão é perpetuar sua espécie, em detrimento da nossa.
*Frei Betto é escritor, autor de “O diabo na corte – leitura crítica do Brasil atual” (Cortez), entre outros livros.

Metade da população poderá ter de receber auxílio, diz estudo, FSP

O auxílio emergencial para trabalhadores informais já beneficiou 50 milhões de pessoas, mas esse número deve crescer para pelo menos 80 milhões e pode chegar a 112 milhões, mais da metade da população brasileira, caso a crise gerada pelo coronavírus gere mais perda de renda.
A IFI (Instituição Fiscal Independente), órgão do Senado, realizou uma série de simulações com base nos dados das estatais Caixa e Dataprev até 1º de maio.
Mantido o número de pessoas já beneficiadas com o primeiro pagamento, a despesa em três meses ficaria em R$ 96,5 bilhões.
Se o governo mantiver o percentual de aprovação das pessoas cadastradas (nem todas foram analisadas e algumas tiveram o benefício negado), serão 63 milhões de brasileiros e uma despesa de R$ 120,4 bilhões. Esse é praticamente o valor que o Tesouro Nacional já reservou para fazer os pagamentos (R$ 123 bilhões).
Na avaliação do analista da IFI Alessandro Casalecchi, responsável pelo estudo, o cenário mais provável é aquele que considera a inclusão de mais 17 milhões a esse número, totalizando 38% da população e uma despesa de R$ 154,4 bilhões, cerca de cinco anos de gastos do Bolsa Família.
Nesse caso, o governo terá de arranjar mais R$ 30 bilhões.
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No cenário mais extremo, seriam pagos R$ 218 bilhões a 112 milhões de brasileiros, 53% da população.
Para isso, seria necessário que todas as pessoas no Cadastro Único do governo, mas que não são beneficiárias do Bolsa Família, se tornem elegíveis. O número de informais aptos teria de triplicar. Algo que só ocorreria com uma grande piora do desemprego.
Há três grupos de beneficiários que receberão R$ 600 ou R$ 1.200 do chamado “coronavoucher”. O primeiro é formado por trabalhadores informais que se cadastraram via aplicativo da Caixa. São 20 milhões já recebendo e que devem se tornar 40 milhões no principal cenário da IFI.
O cálculo considera que será mantido o percentual de aprovação de 66% dos cadastrados.
Até o momento, 46 milhões de pessoas se inscreveram, mas 10,8 milhões tiveram o benefício negado, 13,7 milhões terão de completar o cadastro e 1 milhão ainda espera processamento dos dados.
O segundo é formado por cidadãos que já recebiam o Bolsa Família (com valor médio de R$ 191,86) e agora vão receber um valor maior. A expectativa é que o número de beneficiados suba de 19 milhões para 20 milhões, pois a maior parte do cadastro já foi analisada nesse caso.
O terceiro é composto por inscritos no Cadastro Único do governo, mas que não recebiam Bolsa Família. São 10,8 milhões já recebendo o “coronavoucher”, mas que devem chegar a pelo menos 20 milhões, segundo a IFI.
Atualmente, os elegíveis representam apenas 34% do total do grupo. Com um eventual agravamento das condições econômicas, segundo a instituição, parte dos demais 66% (21,3 milhões de pessoas) poderia se tornar elegível, à medida que sua renda cai ou seu emprego é perdido.
“É muito difícil saber a quantidade total das pessoas que vão perder emprego e renda. O pessoal do grupo 3 já está em uma certa situação de vulnerabilidade e pode acabar perdendo renda com a deterioração da economia e alimentar o contingente final de elegíveis”, afirma Casalecchi. “O aumento do desemprego elevará o número de elegíveis.”
Os cálculos consideram apenas as regras vigentes. Recentemente o Senado aprovou projeto que aumenta as categorias contempladas pelo auxílio emergencial (como motoristas de aplicativos, taxistas, caminhoneiros, músicos, pescadores artesanais, catadores de materiais recicláveis, mães adolescentes e pais solteiros), entre outras mudanças, com despesa adicional estimada em R$ 13 bilhões pelo Ministério da Economia.
Também foram estimados os valores para três meses. Caso a quarentena dure mais tempo, o governo terá de gastar mais. Há uma dúvida jurídica em relação à possibilidade de pagamento das três parcelas para pessoas que só se tornarem elegíveis em maio e junho. A IFI considerou que todos receberão três pagamentos.
“Os cálculos da IFI mostram que o custo do pagamento dos R$ 600 será elevado. É importante atentar para o caráter temporário do programa, evitando que essa despesa, que é necessária, transborde para o pós-crise”, afirma o diretor-executivo da instituição Felipe Salto.
Até o dia 1º deste mês, 40,8 milhões receberam o benefício de R$ 600 (82% dos beneficiados). Outros 9,2 milhões sacaram R$ 1.200 (mães solteiras). O gasto somou R$ 35,5 bilhões. A estimativa da IFI é uma renda média de R$ 692 para os beneficiários em seu principal cenário.
Entre os beneficiários do Bolsa Família contemplados, destacam-se os que estão na Bahia (13% do gasto), em São Paulo (10%), em Pernambuco (8,2%) e no Ceará (7,9%).


Ela previu o coronavírus; o que ela tem a dizer sobre o pós-pandemia?, OESP

Frank Bruni, The New York Times
07 de maio de 2020 | 05h00


Eu disse a Laurie Garrett que ela poderia trocar o seu nome por Cassandra. De qualquer maneira, todos a chamam assim, agora.
Eu e ela estávamos no Zoom (programa para videoconferência) – e ela pegou um livro de 2017, Warnings: Finding Cassandras to Stop Catastrophes. A obra observa que Laurie, Prêmio Pulitzer de jornalismo, previu não apenas o impacto do HIV, como também o surgimento e a propagação em todo o globo de patógenos mais contagiosos.
Laurie Garrett
A jornalista Laurie Garrett, uma das vozes que previu a pandemia  Foto: Joshua Bright/The New York Times
 “Eu sou duplamente Cassandra”, disse Laurie. Ela é mencionada com grande destaque também em um recente artigo da Vanity Fair, de David Ewing Duncan, sobre “As Cassandras do coronavírus”.
Cassandra, como se sabe, era uma profetisa grega condenada a fazer previsões indesejadas. E o que Laurie previu mais diretamente – em seu best-seller de 1994, The Coming Plague, e nos livros e discursos que se seguiram, inclusive em palestras – é uma pandemia como a atual.
Laurie pressentiu que estava próxima. Por isso, em grande parte, o que queria perguntar a ela era o que ela vê no futuro próximo. Mantenham-se firmes. Sua bola de cristal está escura.
Apesar da queda da Bolsa em razão disso, o Remdesivir (medicamento antiviral) provavelmente não garantirá que possamos sair dessa, ela me disse. Ele não representa a cura, afirmou, e destacou que as conclusões mais importantes até o momento dizem respeito ao fato de que só encurtará a recuperação dos pacientes do covid-19. “Enquanto nós precisamos de uma cura ou de uma vacina”.
Mas ela não tem condições de prever uma vacina já no próximo ano, porque o covid-19 continuará sendo uma crise por muito mais tempo.
“Falo para todo mundo que minha previsão é de cerca de 36 meses e este é o melhor cenário possível,” afirmou.
“Tenho certeza de que virá em ondas”, acrescentou. “Não será um tsunami varrendo os Estados Unidos de uma só vez, que se retirará. Acontecerá em micro ondas surgindo em Des Moines e depois em Nova Orleans, então em Houston, e assim por diante, e afetará a maneira das pessoas de refletir sobre todo tipo de coisas.”
Elas terão de reavaliar a importância da viagens. Terão de reavaliar o seu uso dos transportes de massa. Reverão a necessidade de encontros de negócios pessoalmente. Reavaliarão o envio dos filhos para estudar em uma universidade em outro estado.Então, perguntei, se a frase “de volta ao normal”, à qual todos se aferram, é uma fantasia?
“Essa é a história se desenrolando bem na nossa frente”, disse Laurie. “Acaso ‘voltamos ao normal’ depois do 11 de Setembro? Não. Criamos um normal totalmente novo. Nós nos transformamos em um Estado contra o terror. E isto afetou todas as coisas. A partir dali, não pudemos entrar em um edifício sem mostrar a identidade e passar por um detector de metais, e não pudemos mais entrar em um avião como sempre fizemos. É o que vai acontecer neste caso.”
Não serão detectores de metais, mas uma mudança sísmica em relação às nossas expectativas, ao que suportamos, à maneira como nos adaptamos. Talvez também no engajamento político, apontou Laurie.
Se os EUA sofrerem a próxima onda de infecções por coronavírus “com os ricos que, no meio tempo, ficaram um pouco mais ricos graças à pandemia protegendo-se, vendendo a descoberto, fazendo todas as coisas repugnantes que costumam fazer, enquanto nós saímos das nossas tocas de coelhos e nos damos conta: ‘Oh, meu Deus, não só todos estão desempregados ou subempregados e não ganham o suficiente para se sustentar ou pagar o aluguel, como agora de repente estes cretinos que voavam de helicópteros particulares, voam em jatinhos particulares e são donos de uma ilha para onde costumam retirar-se, e não dão a mínima se as ruas são seguras ou não’, e acho que poderemos ter um gigantesco cataclismo político.” 
“Assim que sairmos das nossas tocas e virmos como é uma população de 25% de desempregados”, completou, “talvez vejamos também como é o ódio coletivo.”
Laurie Garrett tem estado no meu radar desde o início dos anos 1990, quando ela trabalhava para a Newsday e fez algumas das melhores reportagens em todo canto sobre a aids. O Pulitzer lhe foi conferido em 1996 pela cobertura do ebola no Zaire. Ela é pesquisadora na Escola de Saúde Pública de Harvard, foi membro do Conselho de Relações Exteriores e foi consultora no filme Contágio.
Em outras palavras, a sua experiência e capacidade vêm sendo solicitadas há muito tempo. Mas nunca como agora.
Todas as manhãs, ela abre o seu e-mail e “lá estão solicitações da Argentina, de Hong Kong, Taiwan, África do Sul, Marrocos, Turquia”, contou. “Sem falar em todas as solicitações americanas.” Foi aí que fiquei mal por estar tirando mais de uma hora de seu tempo, no dia 27 de abril. Mesmo assim, pedi mais 30 minutos para o dia 30 de abril.
Ela disse que não estava surpresa pelo fato de o coronavírus ter provocado tamanha devastação, que a China minimizou o que estava ocorrendo ou que a reação em vários países foi descuidada e lenta. Afinal, ela é Cassandra.
Mas há uma parte da história que ela não poderia prever: que o termo de comparação no que se referiu a descuido e a lentidão seriam os Estados Unidos.
“Nunca poderia imaginar isto”, afirmou. “Jamais”.
Entre os destaques, em sentido negativo, está a aceitação inicial do presidente Donald Trump das garantias feitas pelo presidente Xi Jinping de que tudo se resolveria bem; sua escandalosa complacência, do final de janeiro até meados de março; sua defesa de tratamentos não comprovados; suas reflexões sobre curas absurdas; sua abdicação da sólida orientação federal aos estados; e o fato de ele se furtar, mesmo neste momento, a apresentar uma ampla e detalhada estratégia para conter o coronavírus.
Como acompanho há muito tempo o trabalho de Laurie Garrett, posso atestar que ela não está ligada a partidarismos. Por exemplo, ela elogiou George W. Bush pelo seu combate ao HIV na África.
No entanto, ela disse que Trump “é o bufão mais incompetente e temerário que se possa imaginar”.
E está chocada pelo fato de os EUA não terem condições de liderar uma resposta global a esta crise, em parte também porque a ciência e os cientistas são tão degradados por Trump.
Referindo-se aos Centros para o Controle e Prevenção de Doenças (CDC) de Atlanta e a seus análogos no exterior, contou: “Ouvi depoimentos de todos os CDC do mundo – o CDC europeu, o CDC africano, o da China – e eles afirmam: ‘Em geral, nós sempre recorremos em primeiro lugar a Atlanta, mas não ouvimos nenhuma resposta’. Nada acontece ali. Eles o destruíram, o amordaçaram. Não consigo quaisquer respostas de lá. Ninguém ali está se sente seguro para falar. Já viu alguma coisa importante e vital sair do CDC?”
O problema, segundo ela, é maior do que Trump e mais antigo do que a sua presidência. Os EUA nunca investiram suficientemente em saúde pública. Os ricos e famosos costumam procurar os médicos que encontram maneiras novas e melhores para tratar as doenças cardíacas, o câncer etc. O grande debate político é sobre o acesso dos indivíduos ao sistema de saúde.
E aquilo de que os EUA precisam mais neste momento, apontou, não é esse estardalhaço a respeito de testes, testes, testes, porque nunca haverá testes super rápidos, super confiáveis para determinar na hora quem pode entrar com segurança em um ambiente de trabalho lotado ou em qualquer outro ambiente, aliás, o cenário que algumas pessoas têm em mente. 
Os EUA precisam de informações confiáveis, de inúmeros estudos rigorosamente estruturados sobre o predomínio e a letalidade das infecções do coronavírus em determinados subgrupos de pessoas, de modo que governadores e prefeitos possam elaborar leis para o distanciamento social e reaberturas sensíveis, sustentáveis de acordo com a situação de cada lugar.
Os EUA precisam de um governo federal que promova afirmativamente e ajude a coordenar esta estratégia, não um governo em que especialistas como Tony Fauci e Deborah Birx pisam em ovos ao redor do ego paternal do presidente. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA