quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Dois Brasis 2002 -2014

Orçamento da Saúde 1995 -2014
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Dívida Pública como porcentagem do PIB
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Percentuais em relação ao PIB
Gráfico elaborado por Laury A. Bueno
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O Brasil de 2002 a 2013

1. Produto Interno Bruto:2002 – R$ 1,48 trilhões
2013 – R$ 4,84 trilhões

2. PIB per capita:2002 – R$ 7,6 mil
2013 – R$ 24,1 mil

3. Dívida líquida do setor público:2002 – 60% do PIB
2013 – 34% do PIB

4. Lucro do BNDES:
2002 – R$ 550 milhões
2013 – R$ 8,15 bilhões

5. Lucro do Banco do Brasil:2002 – R$ 2 bilhões
2013 – R$ 15,8 bilhões

6. Lucro da Caixa Econômica Federal:2002 – R$ 1,1 bilhões
2013 – R$ 6,7 bilhões

7. Produção de veículos:2002 – 1,8 milhões
2013 – 3,7 milhões

8. Safra Agrícola:2002 – 97 milhões de toneladas
2013 – 188 milhões de toneladas

9. Investimento Estrangeiro Direto:2002 – 16,6 bilhões de dólares
2013 – 64 bilhões de dólares

10. Reservas Internacionais:2002 – 37 bilhões de dólares
2013 – 375,8 bilhões de dólares

11. Índice Bovespa:2002 – 11.268 pontos
2013 – 51.507 pontos

12. Empregos Gerados:Governo FHC – 627 mil/ano
Governos Lula e Dilma – 1,79 milhões/ano

13. Taxa de Desemprego:2002 – 12,2%
2013 – 5,4%

14. Valor de Mercado da Petrobras:2002 – R$ 15,5 bilhões
2014 – R$ 104,9 bilhões

15. Lucro médio da Petrobras:Governo FHC – R$ 4,2 bilhões/ano
Governos Lula e Dilma – R$ 25,6 bilhões/ano

16. Falências Requeridas em Média/ano:Governo FHC – 25.587
Governos Lula e Dilma – 5.795

17. Salário Mínimo:2002 – R$ 200 (1,42 cestas básicas)
2014 – R$ 724 (2,24 cestas básicas)

18. Dívida Externa em Relação às Reservas:2002 – 557%
2014 – 81%

19. Posição entre as Economias do Mundo:2002 - 13ª
2014 - 7ª

20. PROUNI – 1,2 milhões de bolsas

21. Salário Mínimo Convertido em Dólares:2002 – 86,21
2014 – 305,00

22. Passagens Aéreas Vendidas:2002 – 33 milhões
2013 – 100 milhões

23. Exportações:2002 – 60,3 bilhões de dólares
2013 – 242 bilhões de dólares

24. Inflação Anual Média:Governo FHC – 9,1%
Governos Lula e Dilma – 5,8%

25. PRONATEC – 6 Milhões de pessoas

26. Taxa Selic:2002 – 18,9%
2012 – 8,5%

27. FIES – 1,3 milhões de pessoas com financiamento universitário

28. Minha Casa Minha Vida –1,5 milhões de famílias beneficiadas

29. Luz Para Todos – 9,5 milhões de pessoas beneficiadas

30. Capacidade Energética:2001 - 74.800 MW
2013 - 122.900 MW

31. Criação de 6.427 creches

32. Ciência Sem Fronteiras –100 mil beneficiados

33. Mais Médicos(Aproximadamente 14 mil novos profissionais): 50 milhões de beneficiados

34. Brasil Sem Miséria –Retirou 22 milhões da extrema pobreza

35. Criação de Universidades Federais:Governos Lula e Dilma - 18
Governo FHC - zero

36. Criação de Escolas Técnicas:Governos Lula e Dilma - 214
Governo FHC - 0
De 1500 até 1994 - 140

37. Desigualdade Social:Governo FHC - Queda de 2,2%
Governo PT - Queda de 11,4%

38. Produtividade:Governo FHC - Aumento de 0,3%
Governos Lula e Dilma - Aumento de 13,2
%

39. Taxa de Pobreza:2002 - 34%
2012 - 15%

40. Taxa de Extrema Pobreza:2003 - 15%
2012 - 5,2%

41. Índice de Desenvolvimento Humano:2000 - 0,669
2005 - 0,699
2012 - 0,730

42. Mortalidade Infantil:2002 - 25,3 em 1000 nascidos vivos
2012 - 12,9 em 1000 nascidos vivos

43. Gastos Públicos em Saúde:2002 - R$ 28 bilhões
2013 - R$ 106 bilhões

44. Gastos Públicos em Educação:2002 - R$ 17 bilhões
2013 - R$ 94 bilhões

45. Estudantes no Ensino Superior:2003 - 583.800
2012 - 1.087.400

46. Risco Brasil (IPEA):2002 - 1.446
2013 - 224

47. Operações da Polícia Federal:Governo FHC - 48
Governo PT - 1.273 (15 mil presos)

48. Varas da Justiça Federal:
2003 - 100
2010 - 513

49. 38 milhões de pessoas ascenderam à Nova Classe Média (Classe C)

50. 42 milhões de pessoas saíram da miséria

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Crise de confiança - PAULO GUEDES


O GLOBO - 08/09

O escândalo da Petrobras revela o desvirtuamento das empresas estatais e aumenta a indignação com a velha política
A confissão da roubalheira na Petrobras é mais uma contundente evidência da vergonhosa degeneração de nossas práticas políticas. A delação de importantes lideranças políticas, grandes empreiteiros e partidos da base de sustentação do governo que estariam envolvidos em bilionário esquema de corrupção é uma bomba eleitoral a atingir a candidatura de Dilma Rousseff. "É um novo Mensalão. Estamos disputando estas eleições contra um grupo que usa o dinheiro sujo da corrupção e assalta nossas empresas públicas para se manter no poder", acusa o candidato Aécio Neves.
Há uma enorme crise de confiança no establishment. Essa crise se desdobra em duas dimensões. A primeira é a dimensão política, a perda de confiança e a indignação com as práticas de governabilidade que alimentam uma interminável sucessão de escândalos. O Supremo tribunal Federal, sob a presidência de Lewandovski, afirmará nesta crise da Petrobras a independência do Judiciário exercida por Joaquim Barbosa no episódio do Mensalão? A indignação dos eleitores com a velha política derrubará um establishment que perdeu a decência no trato da coisa pública, buscando a regeneração pelas urnas? 
A segunda dimensão desta enorme crise de confiança já se instalou há tempos na economia. A ponto de o candidato tucano ter indicado antecipadamente Armínio Fraga como seu futuro superministro da área econômica. O que levou Dilma a garantir a não permanência de Guido Mantega. Marina Silva, ainda surfando na onda de desconfiança na velha política, não precisou se comprometer com nomes específicos, mas teve de assegurar a estabilidade monetária, a responsabilidade fiscal e a flutuação cambial.

Em meados do ano passado, em meio à inflação elevada e ao baixo crescimento, examinei um corolário da insatisfação dos eleitores de uma sociedade aberta com a perspectiva de anos de estagflação: "Ou a equipe econômica muda sua política, ou a presidente muda a equipe, ou o país vai mudar de presidente." O escândalo da Petrobras agudiza a crise de confiança na velha política. Agrava também a crise de confiança na economia ao revelar o desvirtuamento da atuação das empresas estatais. Malfeitos nas dimensões da ética e da economia podem derrubar as intenções de voto em Dilma nesta reta final.

A delação e seu preço, por Jânio de Freitas



Delação premiada é um importante recurso investigatório. É também um deplorável retrocesso judicial.
Já em sua criação, e com reafirmações a cada um dos seus usos, a delação premiada diz mal da polícia e do Ministério Público. Sua premissa é a da insuficiência desses setores, seja de que ordem for, para chegar por seus próprios meios aos resultados deles esperados em certos casos criminais. Leva, como saída para o problema, a uma associação do Estado ao suspeito ou acusado, em vez de partes opostas.
Assim como pode levar a identificações e punições antes improváveis, a delação premiada é uma compra de informações, paga com doses convincentes de liberdade, que conduz à valorização da impunidade. Assegurada antes mesmo do julgamento. Não deixa de ser uma negação do princípio institucional de justiça.
O autor da delação premiada é alguém que se sabe comprometido o suficiente para receber uma punição com provável dureza. Trata-se de alguém que está jogando com elementos essenciais de sua vida, em busca de salvá-los. Não pode ser, em tal circunstância, portador de credibilidade absoluta. Em princípio, nem mesmo parcial. Mais do que ser verdadeiro, interessa-lhe satisfazer as expectativas dos detentores de sua liberdade.
O que dá ou nega veracidade à delação premiada são as investigações subsequentes, no intuito de comprová-la, e, se houver, o exame de material dado pelo depoente. Até que essa etapa seja concluída, a delação premiada é um conjunto de palavras e nomes desprovido do lastro de seriedade.
Paulo Roberto Costa tem tanto dinheiro para gozar o futuro quanto não tem futuro para gozar o dinheiro. Neste momento, tudo em sua vida é inversamente proporcional, até o sentido mesmo de delação premiada. Está jogando tudo, então. O quanto é veraz ou falseia, não se sabe. Ainda, talvez.
Mas é assim que o mais importante na campanha para presidente da República passa a ser o que Paulo Roberto Costa disse, sem que se saiba quanto vale o que disse.
Ou melhor, alguns sabem. É o caso do candidato Aécio Neves, de quem se ouviu que "Dilma não pode mais dizer que não sabia". Se sabia e não evitou, o que Aécio Neves diz é que Dilma foi cúmplice do que Paulo Roberto Costa denuncia em outros, seja o que for. Por ter sido ministra e presidente do Conselho de Administração da Petrobras e ser presidente. Dizer que fez vista grossa é, também, meia maneira de dizer que Dilma sabia, logo, é cúmplice.
A corrupção no governo de São Paulo, envolvendo negócios de metrô e trens, aconteceu nas salas mais próximas do gabinete de mais de um governador. Entre eles, para dar um exemplo, Mário Covas. E daí? Nunca ouvi alguém ao menos admitir que Mário Covas soubesse daquela demorada corrupção por ser o governador quando, no ambiente do seu gabinete, pessoas da sua confiança a traíam, em negociatas. E se alguém insinuar algo semelhante de Mário Covas, sem dúvida é um tipo abjeto. Não sei se também aos olhos de Aécio Neves.
Vários dos citados na imprensa como acusados, na pretendida delação premiada de Paulo Roberto Costa, não deram resposta imediata. Um, não poderia dá-la. Nisso estava motivo bastante para que Eduardo Campos não fosse posto publicamente como acusado de corrupção, em negócios com a Petrobras, sem a apresentação sequer de um indício.
Paulo Roberto Costa tem muito a dizer. E, para que diga publicamente, dispensam-se fundamentações. 
janio de freitas
Janio de Freitas, colunista e membro do Conselho Editorial da Folha, é um dos mais importantes jornalistas brasileiros. Analisa com perspicácia e ousadia as questões políticas e econômicas. Escreve aos domingos, terças e quintas-feiras.