sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Políticas sociais para reinventar o capitalismo


blog do Nssif
Coluna Econômica - 27/01/2012
Mais influente colunista de economia do planeta, em sua última coluna Martin Wolff – do Financial Times – relaciona “Sete Lições  Para Salvar o Capitalismo”. Trata-se, provavelmente, do mais importante documento até agora gerado pelo advento da crise econômica. E explica a razão de Lula ter se convertido em um dos líderes mais influentes da atualidade e o Brasil em modelo de desenvolvimento.
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Primeira lição: acabar com o mito da estabilidade inerente.
Períodos de estabilidade e prosperidade plantam as sementes da crise futura, ao abrir espaço para o endividamento crescente, visando aproveitar as oportunidades de lucro.
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Segunda lição: dando um jeito nas finanças.
O sistema financeiro precisa ser supervisionado como um todo. O governo e suas agências - incluindo o Banco Central - atuaram como força desestabilizadora, antes da crise. Os BCs reagindo com extrema agressividade a recessões incipientes e os governos estimulando o endividamento familiar. Erros que não podem ser repetidos.
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Terceira lição: desigualdade e desemprego.
Wolff propõe uma redistribuição fiscal explícita, redistribuindo recursos dos vencedores para os perdedores, subsidiando ou oferecendo postos de trabalho, esforçando por melhorar a qualidade da educação, cuidando da infância, inclusive com financiamento público de acesso ao ensino superior, e sustentando a demanda de forma mais eficaz em meio a crises graves.
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Quarto ponto: governança empresarial.
Nos últimos anos prosperaram as chamadas companhias sem dono, com capital diluído e sendo comandadas por CEOs. E com práticas que incentivavam movimentos especulativos. Wolff entende que o controle pelos acionistas é uma ilusão e as práticas de maximização do valor da empresa, muitas vezes uma armadilha. Sugere acordos de remuneração transparentes e criação de conselhos de administração genuinamente independentes, diversificados e bem informados.
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Quinto ponto: importância da tributação.
Sugere transferir a carga tributária para o consumo e a riqueza, através de cooperação internacional para controlar os estratagemas para fugir à tributação.
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Sexto ponto: relação entre os ricos e a política democrática.
Para proteger a política do mercado é necessária a regulamentação do financiamento privado de campanha e a disponibilização de recursos públicos para os partidos. "É inescapável ao menos um financiamento público parcial de partidos e eleições".
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Sétimo ponto: a globalização dos bens públicos.
Regulamentando as empresas que operam em vasta escala mundial. Ou se acaba com a globalização financeira, ou se monta um apoio à regulamentação em níveis mais elevados e se avança para uma política mundial mais integrada. O desafio será como oferecer uma série de bens públicos mundiais através de acordo entre Estados distintos.
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Wolff termina com uma declaração de fé no capitalismo. "É a base da prosperidade que tantos hoje desfrutam e a que muitos mais aspiram. Está transformando a vida de bilhões de pessoas. Esforcemo-nos para torná-lo melhor".

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

FHC decreta o fim de Serra


blog do Nassif
Coluna Econômica - 26/01/2012
Na segunda-feira, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso concedeu uma entrevista ao blog do The Economist. Na terça-feira a entrevista foi reproduzida pelos principais jornais.
Nela, FHC rompe com limitações emocionais, reconcilia-se com sua biografia e ajuda a salvar o que resta do PSDB: rompe politicamente com José Serra, através de um diagnóstico duro:
  • O PSDB perdeu as eleições de 2010 devido a erros primários na campanha.
  • Esses erros foram de responsabilidade exclusiva de José Serra, por seu individualismo, arrogância e pelos conflitos que criou dentro do próprio partido.
  • Aécio Neves é o candidato natural do PSDB nas próximas eleições.  Serra não tem possibilidade de vitória.
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A terça-feira foi dos piores dias da vida de Serra. Contrariando seus hábitos – de dormir tarde e levantar tarde – antes das 7 da manhã estava no Twitter – o sistema de mensagens curtas da Internet. Mandou uma mensagem insossa: "É a primeira vez que entro para dizer BOM DIA A TODOS".  Alguns minutos depois, outra mensagem, desta vez com críticas ao governo Dilma. Depois sumiu, contrariando seu padrão de atuação.
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Ontem à tarde houve evento na prefeitura de São Paulo. No palco principal, o prefeito Gilberto Kassab, a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente FHC em demonstrações explícitas de civilidade política. Serra, na plateia, passando despercebido.
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É preciso entender melhor as relações históricas entre FHC e Serra para avaliar o peso das declarações de FHC.
Ambos conviveram no exílio. FHC sempre foi um bom conhecedor de pessoas e considerava Serra por demais voluntarista, personalista, autoritário e arrogante. Foi esse o motivo para quase tê-lo deixado de fora na montagem do seu ministério, em dezembro de 1994.
Por outro lado, Serra tornou-se muito próximo a dona Ruth, quase um filho problemático sendo orientado por ela. Essa aproximação logrou quebrar resistências de FHC que se tornou o grande avalista de Serra, o único aliás.
Foi graças a esse apoio que, depois de perder as eleições para prefeito de São Paulo, Serra foi nomeado Ministro da Saúde, depois de uma atuação medíocre como Ministro do Planejamento. Na Saúde, ganhou cacife político com uma gestão corajosa.
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A fraqueza emocional de FHC – bancando a candidatura de Serra – foi fatal para o PSDB e quase fatal para o país. Tivesse sido eleito, em lugar de uma reunião política civilizada – como a que ocorreu ontem na prefeitura de São Paulo – ter-se-ia um país em pé de guerra.
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Vários fatos contribuíram para que FHC revisse definitivamente seu julgamento sobre Serra.
A gota d’água foi o livro de Amaury Ribeiro Jr., "A Privataria Tucana" - um nome inadequado para um livro que revela sinais de corrupção especificamente em Serra, não no partido.
A primeira reação de FHC foi vir a público deblaterar contra o livro, que comparou ao famoso "Dossiê Cayman" - uma patacoada criada por partidários de Paulo Maluf com acusações inverossímeis contra FHC, Covas, Motta e o próprio Serra.
Depois, leu o livro. Informações que circularam semanas atrás davam conta de que ficou escandalizado com o que leu.
Agora, o PSDB fica livre para se reconstruir.

Os jornalões e Serra - 1

Na entrevista, FHC unge Aécio Neves como candidato natural do partido e tece elogios ao governador de Pernambuco Eduardo Campos. A grande agonia de Serra foi acompanhar a repercussão nos jornais. Há alguns anos, FHC tornou-se o referencial máximo para os grandes grupos de mídia do eixo Rio-São Paulo. Serra tem boa ascendência, contato com alguns jornalistas influentes, mas o que o segurava era o aval de FHC.

Os jornalões e Serra - 2

No dia seguinte, houve uma tentativa da Folha de minimizar a entrevista, supondo que FHC tivesse desagrado gregos e troianos, serristas e aecistas. Os primeiros (na verdade meia dúzia de tucanos) por desqualificar Serra; os segundos, por expor Aécio, que pretende ficar em segundo plano até ser indicado. O apoio de FHC consolida Aécio no PSDB. Não terá repercussão maior fora da mídia e dos partidos políticos.

A fim da blindagem

Em toda sua vida política, Serra sempre foi protegido por uma blindagem, devido ao seu passado intelectual. Essa blindagem impediu que fosse questionado sobre a mudança do padrão de vida ainda em pleno governo Montoro – no qual ocupou seu primeiro cargo público. Em pouco tempo saiu de um pequeno sobrado na Vila Madalena para um sobrado amplo perto da Praça Panamericana. Aos amigos dizia ter conseguido um aluguel barato.

Os iludidos

Sua atuação de bastidores iludiu não apenas a FHC, mas também Lula, seus colegas na Unicamp, jornalistas, amigos dos tempos de exílio. Nas eleições, algumas de suas características ficaram evidentes, como o uso de dossiês contra adversários – de Aécio a Dilma -, o discurso religioso, destoando de toda sua vida política. Mas ainda havia crença de que não se valeu da influência política para ganhos pessoais.

O livro de Amaury

O livro “A Privataria Tucana” demoliu as últimas defesas de Serra. Pelos documentos apresentados, reconstitui-se sua trajetória nas privatizações. Para fora do governo, fazia um discurso aparentemente crítico à privatização desvariada. Para dentro, era o encarregado da privatização e seu defensor mais acerbo. Tempos atrás, o próprio FHC afirmou que Serra foi o mais radical defensor da privatização da Vale.

Privatização e benefício pessoal

Nem se considere a questão ideológica. A privatização tem um conjunto de méritos assim como uma série de restrições. Daí a importância de ser trabalhada sem dogmatismo. Mas Serra abriu mão de projetos que poderiam tê-la legitimado – como, por exemplo, a privatização com fundos sociais, beneficiando optantes do FGTS, cotistas do FAT. Boicotou a iniciativa. Agora, sabe-se que havia interesses de ordem pessoal em sua posição.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Foxconn recebe isenção fiscal para produzir iPad



Por Agências
Portaria do governo habilita a fabricante de produtos da Apple a receber incentivos fiscais para produção de tablets no Brasil
O iPad 2 foi lançado no País em maio. FOTO: LEONARDO SOARES/AE – 26/5/2011
BRASÍLIA – Portaria interministerial publicada nesta quarta-feira, 25, no Diário Oficial da União habilita a Foxconn Indústria de Eletroeletrônicos a receber incentivos fiscais para a fabricação do iPad no Brasil. Embora a portaria não cite diretamente o tablet da Apple, o governo já havia dito que a fabricante tinha interesse em produzi-lo no País. Os incentivos envolvem a isenção dos impostos IPI, PIS e Cofins.
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A portaria interministerial no. 34 habilita a Foxconn a receber os incentivos para produzir “microcomputador portátil, sem teclado, com tela sensível ao toque (‘touch screen’), de peso inferior a 750g (Tablet PC)”, diz o texto publicado no Diário Oficial. O iPad tem peso de 601 gramas (3G) e de 613 gramas (3G + Wi-Fi).
A portaria, com data de segunda-feira, foi assinada pelos ministros Guido Mantega (Fazenda), Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) e pelo então ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, que desde terça-feira responde pelo Ministério da Educação.
/ AGÊNCIA ESTADO, COM REDAÇÃO LINK