sábado, 14 de janeiro de 2012

Indústria global de biocombustível para de crescer

O crescimento da indústria de biocombustíveis cessou abruptamente, e a produção anual do ano passado caiu pela primeira vez em uma década devido a estreitas margens no Brasil e nos EUA, os maiores fornecedores no mundo.
A produção mundial de biocombustíveis caiu para 1,819 milhão de barris por dia, ante 1,822 milhão de barris por dia em 2010. A queda encerra uma década de contínuo crescimento na produção de biocombustíveis, conforme dados da Agência Internacional de Energia (AIE).
A rápida expansão da indústria de biocombustíveis nos últimos 10 anos tem sido controvertida, pois converte culturas alimentares, como óleo de milho, de palma, açúcar e trigo em combustíveis. Posições contrárias criticam a indústria por contribuir para o aumento dos preços das commodities agrícolas, uma acusação fortemente negada pelas empresas de biocombustíveis.
A desaceleração coincide com um momento em que Washington põe fim a um incentivo tributário de 30 anos ao setor. No primeiro dia de 2012, o governo americano eliminou um crédito tributário que lhe custava cerca de US$ 6 bilhões e uma tarifa que ajudou a estimular o desenvolvimento da indústria doméstica de biocombustíveis.
Analistas e executivos disseram que o declínio na produção terá ramificações importantes para mercados e produtores de commodities energéticas e alimentícias.
A produção mundial de biocombustíveis tem a mesma dimensão que a produção petrolífera de alguns dos membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), tornando-se uma engrenagem crucial no fornecimento de energia do mundo, contribuindo para formar os preços do petróleo bruto. "Quanto menos biocombustível temos, mais gasolina necessitamos", disse Amrita Sen, analista de petróleo do Barclays Capital.
O crescimento mais lento poderá aliviar as pressões sobre os preços dos alimentos, particularmente nos EUA, onde a indústria do etanol consome cerca de 40% do milho do país, e no Brasil, onde se consome cana-de-açúcar.
Embora a queda na produção tenda a ser revertida neste ano, executivos e analistas acreditam que o crescimento da oferta nos próximos cinco anos será significativamente mais lento do que no passado.
A desaceleração acontece num momento em que empresas brasileiras e americanas enfrentam estreitas margens por causa da alta do milho e da cana e devido a subinvestimentos. A China, que estava desenvolvendo uma grande indústria doméstica, reduziu seus objetivos iniciais devido a preocupações com a alta dos preços dos alimentos.
As refinarias de petróleo, sob pressão de estreitas margens, poderão se beneficiar da menor produção de biocombustíveis e de maior demanda por gasolina e diesel, ao passo que empresas de biocombustíveis, como os grupos Poet (EUA) e Cosan (Brasil) poderão sofrer consequências (Valor, 11/1/12)

Gisele Bündchen participa de reunião da ONU sobre energia sustentável


A modelo Gisele Bündchen está participando hoje de uma reunião das Nações Unidas sobre energia sustentável para todos.

Ela deve comparecer ao evento ao lado do diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Achim Steiner.
Gisele Bündchen, que é embaixadora do Pnuma, está realizando uma viagem oficial ao Quênia, sede da agência, divulgou a Rádio ONU

Segundo a ONU, mais de três bilhões de pessoas, nos países em desenvolvimento, ainda fazem uso da biomassa tradicional para cozinhar e aquecer suas casas.

A organização afirma que existe uma forte ligação entre energia e desenvolvimento sustentável, e que a promoção de energia limpa é importante para erradicar a pobreza.

O Ano da Energia Sustentável para Todos, em 2012, foi declarado pela Assembleia Geral das Nações Unidas.

Até 2030, as Nações Unidas, com a ajuda dos governos, pretendem aumentar o uso de energia renovável em 30% em todo o mundo.
do Blog Verde

Nos EUA Energia Limpa, no Brasil Energia Suja

Adriano Pires, no Globo.com
Juntamente com o ano de 2011, acabou em 31 de dezembro a política de subsídios ao etanol produzido nos Estados Unidos, que impunha uma tarifa de importação de US$ 0,54 por galão ao etanol brasileiro e determinava um crédito tributário de US$ 0,45 por galão ao etanol misturado à gasolina nos EUA. O fim das medidas protecionistas nos EUA representa uma vitória do setor, que vinha brigando incessantemente contra uma política que já vigorava a mais de 30 anos.
No entanto, a abertura do mercado americano, que poderia significar um forte impulso para a indústria nacional, veio num momento em que a ausência de políticas públicas para o setor vem fazendo com que a produção brasileira não consiga atender nem mesmo a demanda doméstica, levando o país inclusive a importar etanol. As importações do período de janeiro a outubro já são mais de dez vezes maiores que no mesmo período de 2010.
Frente à crise estabelecida, o Governo lançou de algumas medidas ao longo do 2º semestre, com o objetivo de incentivar o setor, mas que na verdade acabaram por aumentar a intervenção no mercado de combustíveis sem que houvesse estímulo a novos investimentos e aumento da produção.
Em 13 de dezembro foi publicada no DOU a Resolução Nº 67 da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A resolução estabelece regras para os contratos e percentuais de estocagem do etanol tanto para produtores quanto pra distribuidores, mas não contém nenhum dispositivo que incentive os investimentos no setor ou o aumento da produção. Ao contrário, incentiva que as decisões tenham um viés mais de curto do que de longo prazo.
A seguir, em 26 de dezembro, foi bem vinda a Medida Provisória (MP) 554/2011 que concedeu incentivos à estocagem de etanol com o objetivo de aliviar os encargos financeiros dos produtores e distribuidores originados pela resolução da ANP. Os estímulos serão por meio de financiamento com taxas de juros reduzidas com prazo máximo de cinco anos a partir de fontes como a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) e da Poupança Rural totalizando R$ 500 milhões por ano.
Embora a Medida Provisória supracitada represente um avanço na questão dos estímulos à estocagem, uma antiga reivindicação dos produtores de etanol que é a desoneração do produto de PIS e COFINS não foi efetivada. Esta desoneração faria todo sentido, uma vez que se estaria incentivando o consumo de um combustível limpo e renovável. Hoje, a cobrança de PIS/COFINS no etanol totaliza R$0,46 enquanto na gasolina, escassa e poluente, é apenas de R$0,26. Tanto faz sentido desonerar os combustíveis renováveis que em 14 de dezembro foi publicada a da Lei 12.546/2011 que isenta as usinas de produção de biodiesel do pagamento de PIS/COFINS sobre o valor das matérias-primas adquiridas utilizados como insumo na produção do biodiesel. A diferença de tratamento entre os dois biocombustíveis, etanol e biodiesel, deixa claro que não existe uma política única do Governo para o setor de biocombustíveis.
A falta de uma política de incentivos corretos no mercado brasileiro de combustíveis torna-se ainda mais perigosa uma vez que com a abertura dos EUA ao etanol brasileiro um novo mercado consumidor se apresenta aos produtores, concorrendo com o mercado doméstico. O resultado pode ser elevação de preço e escassez de oferta interna, uma vez que a exportação passa a ser uma alternativa viável. O risco é que, diante desta possibilidade, o governo volte a adotar medidas intervencionistas como a restrição a exportação do etanol para manter a oferta doméstica, jogando fora a oportunidade que levamos 30 anos para conquistar. O curioso em tudo isso é que, enquanto o governo americano caminha na direção de incentivar o consumo de combustíveis limpos, o Brasil parece dar uma macha ré optando por sujar a sua matriz de combustíveis. A conferir.