A maior universidade do país, a USP (Universidade de São Paulo), escolherá nesta quinta-feira, 25, um novo reitor para os próximos quatro anos. O eleito terá como principais desafios a retomada das atividades presenciais, as desigualdades na instituição e a recomposição dos salários dos professores e servidores.
Na última segunda (22), a comissão eleitoral divulgou o resultado da consulta à comunidade universitária, que indicou maior número de votos para a chapa USP Viva, que tem o médico Carlos Gilberto Carlotti Júnior como candidato a reitor. Sua campanha tem como proposta de maior destaque a criação de uma Pró-Reitoria de Inclusão Social e Diversidade.
A chapa de Carlotti Júnior recebeu mais votos entre docentes e estudantes de graduação e pós-graduação.
A chapa Somos Todos USP, que tem o professor Antonio Carlos Hernandes, como candidato a reitor e representa a continuidade da atual gestão, foi a mais votada entre os servidores técnicos e administrativos. Uma de suas principais propostas é a ampliação do ensino a distância na universidade.
A consulta acadêmica tem apenas caráter indicativo à Assembleia Universitária, que é constituída pelos integrantes do Conselho Universitário, dos Conselhos Centrais, das Congregações das unidades e dos Conselhos Deliberativos dos Museus e dos Institutos Especializados.
A assembleia forma uma lista tríplice que será encaminhada ao governador João Doria (PSDB), a quem cabe escolher respeitar ou não o resultado da eleição interna. A última vez em que a decisão interna não foi acolhida foi em 2009, quando o então governador José Serra (PSDB) preferiu o segundo colocado, João Grandino Rodas.
Nas duas últimas eleições, a chapa da situação teve mais votos e foi eleita.
A eleição será realizada em turno único nesta quinta (25), das 9h às 18h, por meio de sistema eletrônico de votação e totalização de votos. O resultado será divulgado no mesmo dia.
Além de Carlotti Junior, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, a chapa USP Viva tem como candidata a vice-reitora a socióloga Maria Arminda do Nascimento Arruda, ex-diretora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas e coordenadora do escritório USP Mulheres.
Em entrevista à Folha, o candidato disse que uma de suas principais preocupações é a permanência estudantil, saúde integral dos alunos e políticas inclusivas sociais, étnico-raciais e de gênero.
Um dos pontos levantados por ele é que a política de cotas da USP foi fundamental para atrair alunos de minorias negras e indígenas e de escolas públicas para a universidade, mas por vezes houve falhas no acompanhamento e no auxílio à permanência desses estudantes.
A chapa de Hernandes tem como vice Maria Aparecida de Andrade Moreira Machado, professora da Faculdade de Odontologia de Bauru.
Docente do Instituto de Física do campus de São Carlos, o candidato representa a continuidade da atual gestão, do engenheiro Vahan Agopyan, de quem era vice-reitor até se licenciar para participar do pleito.
Hernandes cita sua experiência na passagem pela pró-Reitoria como diferencial. No período, a gestão pressionada por movimentos estudantis, aprovou a adesão ao Sisu (Sistema de Seleção Unificada) e a reserva de vagas para estudantes de escola pública e pretos, pardos e indígenas.
Ele promete ampliar as políticas de assistência estudantil, oferecer cursos extras em áreas como inglês e instalar um conselho voltado ao tema, o que seria mais rápido de se fazer do que criar uma pró-Reitoria.
À Folha Hernandes disse que seu diferencial será a experiência na gestão universitária e nas relações com o governo do estado e a Assembleia Legislativa para o desenvolvimento de projetos.
Um dos principais pontos de seu programa é atingir 1 milhão de pessoas de todo o país com cursos de difusão. Para isso, apoia-se no uso intensivo de tecnologia de ensino a distância (EAD).
Nenhum comentário:
Postar um comentário