A Prefeitura anunciou hoje que as obras de restauro da Vila Itororó, no Bexiga, finalmente vão começar. O projeto de recuperação do histórico conjunto arquitetônico foi idealizado há 40 anos, pelos arquitetos Benedito Lima de Toledo e Décio Tozzi. Nesta primeira fase, que deve ser iniciada em junho, serão investidos R$ 4 milhões – via lei de incentivo fiscal, metade de um banco, metade de uma construtora.
“A obra será executada em quatro etapas”, explica o arquiteto Tozzi. “No total, é uma obra para quase R$ 50 milhões, mas outras empresas patrocinadoras devem surgir.” A primeira fase está prevista para ser concluída em outubro. No período, “será feita a análise estrutural das edificações, limpeza geral do terreno, instalação do canteiro de obras, drenagem do solo, demolições e remoção de entulho e o início da consolidação das construções que compõem o conjunto arquitetônico”, conforme informou a Prefeitura, em nota.
“Só depois da limpeza poderemos entrar lá para avaliar a situação atual”, comenta o arquiteto Toledo. “A vila foi muito vandalizada nos últimos anos, infelizmente.”
Após o restauro, no local deve funcionar um abrangente centro de memória, com espaços museológicos, recintos para exposições, salas para oficinas, biblioteca, brinquedoteca e até um restaurante italiano, com o objetivo de difundir a culinária característica do bairro, conhecido pelas cantinas. “Também haverá uma residência artística, para que artistas de outras parte do mundo, com projetos, passem temporadas ali, estudando e produzindo”, conta Tozzi.
História. A vila foi construída entre 1916 e 1922 pelo tecelão português Francisco de Castro e ficou conhecida como Vila Surrealista, por causa da arquitetura extravagante, com grandes carrancas e outros adornos. É formada por 37 casas e um palacete, com piscina. De acordo com a dupla de arquitetos, foi a primeira piscina particular de São Paulo e era abastecida com água corrente, do córrego.
Por suas peculiaridades arquitetônicas, o endereço sempre foi visto com curiosidade pelos paulistanos. Muitos dos pilares e carrancas instalados ali antes pertenceram ao Teatro São José, destruído por um incêndio em 1898 – o português Castro teria comprado os adornos de revendedores de materiais de demolição.
Ao longo do século passado, o conjunto de casas foi se transformando em cortiço – o local abrigava 86 famílias até 2011. A Vila Itororó é protegida pelos órgãos de patrimônio histórico municipal.
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