28 de março de 2014 | 13h 21
ANDRÉ MAGNABOSCO - Agencia Estado
SÃO PAULO - A Cesp, empresa que atualmente opera a usina Três Irmãos, no município de Pereira Barreto (SP), continuará a receber pelo serviço prestado com a operação da usina até o novo operador assumir o ativo. A operação das duas eclusas e do canal de navegação continuará sob responsabilidade do governo estadual, controlador da Cesp, até que seja definido quem assumirá tais atividades. O próprio consórcio Novo Oriente, vencedor do leilão de Três Irmãos realizado nesta sexta-feira, 28, poderia ser contratado pelo governo paulista para assumir a operação no local, classificada como de caráter do setor de transportes, e não energético.
O futuro da operação de Três Irmãos até ser assumida pelo consórcio Novo Oriente - formado por Furnas e um fundo de investimento chamado Constantinopla - será objeto de discussões entre a Cesp e representantes do setor elétrico nacional. O diretor da Aneel, André Pepitone, acredita que o processo de transferência de operação da usina será feito de forma satisfatória. A Cesp tem destacado nos últimos dias, por outro lado, que poderia interromper a operação de Três Irmãos a partir do desfecho do leilão de hoje, e tentou até o último momento impedir a realização do leilão.
Outro ponto que será discutido entre Cesp e membros do setor elétrico, segundo Pepitone, é o projeto de recuperação de uma das turbinas instaladas em Três Irmãos, danificada desde o ano passado. Há um seguro, cuja franquia está avaliada em R$ 1 milhão, que poderia viabilizar a recuperação da turbina, esta estimada em R$ 15 milhões. Ainda não há a decisão, contudo, se a Cesp contratará essa franquia ou se o seguro poderia ser endossado para o consórcio Novo Oriente. "Não tenho dúvida de que teremos um trabalho proativo entre Aneel, Cesp e o Novo Oriente", previu Pepitone.
Em relação à operação das eclusas, o diretor da Aneel, Romário de Oliveira Batista, salientou que o Ministério dos Transportes se mostrou disposto a contribuir para a definição do papel das empresas nesses ativos. Até o momento, as eclusas e o canal de navegação eram operados pela Cesp, a mesma empresa que operava a usina hidrelétrica de Três Irmãos. "Recebemos um posicionamento do ministério manifestando disposição de custear a manutenção e a operação das eclusas", disse. Esse posição poderia ser mantida por um prazo de até um ano.
O consórcio Novo Oriente deve assinar o contrato de concessão de Três Irmãos em 6 de agosto e então terá 6 meses para assumir a operação do ativo. Durante esse período, as atividades devem ocorrer a partir de uma operação assistida, com a participação conjunta dos novos concessionários e da Cesp. "O próprio consórcio já indicou ter grande interesse em manter os atuais operadores (trabalhadores)", disse Pepitone, repetindo frase dita minutos antes pela diretora de Furnas, Olga Simbalista.
Perguntada sobre os atuais funcionários de Três Irmãos, Olga destacou que a companhia tem interesse em aproveitar o conhecimento das pessoas que operam atualmente a usina Três Irmãos.
Fundo
O fundo de investimento Constantinopla, que responde por 50,1% do consórcio Novo Oriente - Furnas detém os 49,9% restantes -, é composto por cinco cotistas, dos quais dois de perfil financeiro e outros três atuantes no setor elétrico, todos de capital nacional. Os nomes foram mantidos sob sigilo em coletiva de imprensa realizada após a realização do leilão de Três Irmãos, mas já se sabe que a participação das cinco empresas não se dá de forma igualitária dentro do fundo
A Cypress é a gestora do fundo Constantinopla, que levantou "pouco menos" de R$ 200 milhões em investimentos, segundo o gestor do fundo, Eduardo Borges.
Olga informou que o consórcio Novo Oriente possuía três envelopes com propostas para o leilão de hoje. Mas, diante da ausência de outras ofertas, entregou apenas uma proposta alinhada com o valor teto de R$ 31,6 milhões exigido pelo governo. A proposta ficou menos de R$ 1,00 abaixo do preço teto, valor que caracteriza uma ausência de deságio em relação ao valor estabelecido inicialmente.
Furnas e o fundo constituirão uma empresa de propósito específico para operar a usina, e demonstram otimismo em relação à rentabilidade do projeto. "Um negócio novo, com parceiro novo, não existe se não houver uma margem, uma atratividade", complementou Olga.
A executiva também revelou que, durante o processo de chamada pública para potenciais interessados na usina de Três Irmãos, "várias" empresas procuraram Furnas. Hoje, porém, apenas o consórcio Novo Oriente entregou proposta pelo ativo.
"Pensamos inclusive em vir a esse leilão como empreendimento corporativo de Furnas, mas por questão de agilidade de contratações e por uma maior eficácia chegamos à conclusão de que seria mais eficaz constituir um fundo com pessoas experientes para entrar nesse que é um novo segmento de Furnas", disse a diretora, diferenciando o modelo de operar usinas leiloadas e o modelo de construir usinas do zero e operá-las.
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