domingo, 30 de março de 2014

Graça Foster anuncia investigação interna sobre refinaria de Pasadena: "Não fica pedra sobre pedra"


Em entrevista ao jornal O Globo, presidente da Petrobras mostrou indignação ao descobrir sobre Comitê de proprietários de Pasadena

Graça Foster anuncia investigação interna sobre refinaria de Pasadena: "Não fica pedra sobre pedra" Antonio Cruz,ABR/Agência Brasil
Graça Foster, atual presidente da Petrobras, garantiu que "não fica pedra sobre pedra" após investigação interna sobre PasadenaFoto: Antonio Cruz,ABR / Agência Brasil
Uma semana após a presidente Dilma Rousseff ter revelado que aprovou a compra polêmica da refinaria em Pasadena, em um negócio que acabou envolvendo mais de US$ 1 bilhão, a atual presidente da Petrobras, Graça Foster, deu entrevista ao jornal O Globo, anunciou uma investigação interna sobre o caso, mostrou-se indignada por não saber de todos os detalhes da transação e afirmou que "não fica pedra sobre pedra".
A investigação interna pode tratar-se de uma estratégia da estatal para esvaziar os ímpetos da oposição, que já se manifesta favorável a uma CPI sobre o caso. Apesar disso, na entrevista, Graça se abstém de comentar sobre possíveis "fundos políticos" das denúncias: "Não tenho elementos para dialogar sobre esse assunto. Leio sobre isso, mas eu não posso entrar num mundo que não é meu".
Graça diz que decidiu criar uma comissão interna para apurar o negócio na segunda-feira, após descobrir a existência de uma Comissão de proprietários de Pasadena, na qual Paulo Roberto Costa – ex-diretor da estatal, preso na última quinta-feira por tentar destruir provas que o envolviam na Operação Lava-Jato – era o representante da Petrobras. "Esse comitê era acima do board (conselho de administração). Depois que entramos em processo arbitral esse comitê deixou de existir", disse a executiva, que afirmou ainda não saber qual era a função desse comitê. "Fui surpreendida com essa informação", disse.
Segundo Graça, a existência desse comitê e a presença de Paulo Roberto Costa "não significa que esse comitê não tenha executado as melhores práticas". A atual presidente, porém, mostrou-se descontente por "saber disso dois anos depois de estar na presidência da Petrobras". "Eu não posso ser surpreendida com informações que me dão o desconforto necessário para que eu busque uma comissão para apuração", disse.
Sobre as cláusulas Marlim e put option, Graça disse que não se pode tratar "de forma genérica", mas que não sabe "quanta falta fez" no relatório de Nestor Cerveró, já demitido da BR Distribuidora, braço da companhia que opera no mercado de combustíveis. Mas Graça admitiu que "quando você volta e procura a documentação do resumo e não esta ali, isso causa o desconforto".
Quando perguntada como se sentia ao descobrir que desconhece muitos pontos do negócio envolvendo a refinaria, a presidente foi contundente: "Eu sou a presidente da companha em cima de um caso que é delicado. Não aceito descobrir que estou falando um número e o número correto é outro (valor pago nos 50% iniciais), e nem aceito tratar um assunto em que me venha um comitê, um board de representantes das partes (Petrobras e Astra) que eu não saiba. E eu não aceito isso de jeito nenhum. E não fica pedra sobre pedra, não fica. Mas não fica, não fica. Pode ficar incomodado."

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