domingo, 3 de fevereiro de 2013

Montadoras não têm consenso sobre política energética


O Estado de S.Paulo
Além da indefinição no governo, não há consenso entre as montadoras sobre uma política energética. Fabricantes mais avançadas na criação global de novas tecnologias, seja híbrida, elétrica ou a hidrogênio, querem apressar uma decisão.
"Aquelas que estão mais atrasadas nem tocam no assunto", diz um executivo que participa das discussões com o governo. No caso do carro elétrico, segundo ele, também há um lobby contrário dos usineiros, que temem perder o mercado do etanol.
Primeira empresa a vender carros híbridos no Brasil, no fim de 2010, a Ford prepara para junho o lançamento do novo Fusion. A bateria da nova versão é 30% menor e 50% mais leve que a do anterior. O motor é 2.0, ante 2.5 do modelo que será substituído.
A autonomia para rodar com o motor elétrico sobe de 70 km para 100 km, informa o vice-presidente da Ford, Rogelio Golfarb. A marca vendeu no Brasil 256 Fusion híbrido, que custa R$ 133,9 mil. A versão a combustão custa R$ 84,5 mil, ambas trazidas do México. Nos EUA, onde custa US$ 27,2 mil, foram vendidas 48,5 mil unidades desde 2009.
"O futuro é híbrido e a célula de combustível", diz Golfarb. Ele pondera que as duas tecnologias operam com combustíveis disponíveis no País (gasolina e futuramente etanol), em ampla rede de distribuição. No caso do carro elétrico, seria necessária a instalação de bases de recarga de eletricidade.
Golfarb ressalta que, na semana passada, Ford, Nissan e Daimler (dona da Mercedes-Benz) fizeram parceria para tornar viável o lançamento do carro elétrico movido a célula de combustível (ou hidrogênio). "A parceria prevê o início das vendas lá fora em 2017", diz. No Brasil, a chegada desse produto "vai depender da política do governo para a matriz energética." BMW e Toyota também trabalham em projetos de carros a hidrogênio.
Pesquisa da consultoria Personal CO2 Zero mostra que híbridos consomem entre 20% e 40% menos combustível que carros a gasolina. Além disso, um híbrido com motor 1.8 gera 53% menos CO2 por km rodado ante a versão a gasolina. Na versão 2.0 a emissão é 48% menor e, na 3.0, 23% menor.
A emissão ocorre quando o veículo usa o motor a combustão. Se for usada a bateria - quando o veículo roda em velocidade abaixo de 100 km -, a emissão é zero.
Para Daniel Machado, presidente da CO2 Zero, "a economia verde é a saída para o planeta", mas há muito a ser feito para que tenha preços acessíveis. O carro elétrico é uma boa alternativa, "mas uma solução incompleta uma vez que a demanda energética para abastecer toda a frota exigiria fontes adicionais, provavelmente de origem fóssil".
O presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), Pietro Erber, reconhece que o carro elétrico só é viáveis com incentivos. Ele acredita que, em 2030, algo como 10% das vendas globais serão desse tipo de veículo. Sobre o temor da falta de energia, informa que um carro elétrico que percorra em média 15 mil km por ano consome o equivalente a um aparelho de ar condicionado caseiro. / C.S.

Grupo sonha com produção nacional


Um grupo formado por engenheiros, empresas e universidades tenta criar uma montadora nacional de veículos elétricos, começando com um triciclo para dois passageiros. Por enquanto chamado de Pompeo, o veículo será apresentado no fim do ano e tem cerca de mil interessados dispostos a pagar entre R$ 30 mil e R$ 60 mil pelo veículo, informam os idealizadores.
Resultado de sete anos de trabalho, o Pompeo tem um protótipo na Universidade Tecnológica Federal do Paraná, mas ainda será aprimorado até a versão final. O veículo terá uma versão básica, com autonomia para rodar 100 km com uma carga de bateria e uma mais completa, com capacidade para até 200 km e itens como GPS e tablet no painel.
Segundo o engenheiro Carlos Motta - um dos idealizadores do veículo -, estão envolvidas no projeto empresas como a Weg (motor) e Magneti Marelli (partes eletrônicas). Além do triciclo, estão sendo desenvolvidos um minicarro e um pequeno caminhão para cargas.
A empresa criada para tocar o projeto, a Fiel Indústria de Veículos Automotores, tem como sócios pessoas físicas dos ramos de engenharia, economia, publicitário, administração, uma empresa de engenharia e distribuidoras de peças e baterias. Esse grupo bancou, até agora, o investimento de R$ 10 milhões no desenvolvimento do Pompeo.
"Avaliamos novas formas de captação de recursos", diz Motta. Segundo ele, com aporte de R$ 15 milhões o grupo pode montar estrutura para produzir mil triciclos. A Fiel tem planos de fabricar outras mil unidades para um projeto de car sharing (compartilhamento do carro ou aluguel por hora). Eles seriam colocados à disposição dos usuários nas capitais que vão abrigar jogos da Copa em 2014. / C.S.

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