07 de fevereiro de 2013 | 2h 04
Celso Ming - O Estado de S.Paulo
Depois que a própria direção reconheceu o desastre de 2012 e previu que resultados ainda piores podem vir em 2013, é preciso entender que a Petrobrás não está dando conta das tarefas de que foi investida.
É areia demais para seu caminhão. Não consegue cumprir todas as metas impostas pelo governo. Não se mostra capaz de, ao mesmo tempo, aumentar a produção, ajudar no combate à inflação, fazer caixa para o enorme programa de investimentos, servir de alavanca para a indústria nacional de fornecimentos e, ainda, contribuir decisivamente para as contas públicas de Estados e municípios, com polpudos pagamentos de royalties.
Essa múltipla trombada entre objetivos de política econômica é recorrente no governo Dilma - que também quer derrubar os juros a níveis recordes, puxar o câmbio para dar competitividade à indústria, emplacar um "pibão grandão" a cada ano, manter a inflação mais ou menos controlada, investir centenas de bilhões de dólares por ano sem ter poupança para isso e continuar gastando à vontade para fazer uma política anticíclica e, além disso, tentar ostentar um mínimo de austeridade fiscal.
O resultado é a progressiva desarrumação da economia, provavelmente nas mesmas proporções em que estão sendo desarrumadas as finanças da Petrobrás. Pelo menos a presidente, Graça Foster é mais sincera sobre estragos na área dela do que tem sido o ministro da Fazenda, Guido Mantega, sobre os estragos na área dele.
A política de congelamento de preços dos derivados de petróleo é da mesma qualidade que a política de congelamento de preços e salários imposta pela presidente da Argentina, Cristina Kirchner. Mas não é só por isso que ela é condenável. É, também, por sabotar a capacidade de investimentos da Petrobrás. Ou o governo Dilma revê o Plano de Negócios da Petrobrás ou revoga esse regime de preços dos combustíveis.
Há seis anos não é realizada nova licitação de áreas para exploração de petróleo. O governo Dilma finalmente concordou em fazer mais duas: uma na área do pós-sal (acima da camada de sal), agendada para maio, e outra, no pré-sal, prevista para novembro.
O novo marco regulatório exige que, nas licitações do pré-sal, onde o regime de concessão será de partilha, a Petrobrás será obrigada a entrar em todos os projetos com participação de, ao menos, 30% em cada um. Entre as áreas a serem licitadas está o Campo de Franco, comprovadamente uma jazida gigantesca de óleo e gás. Significa que o prêmio a ser pago pelos vencedores da licitação dessa área pode chegar a dezenas de bilhões de dólares. Ou a Petrobrás será obrigada a concorrer com novos e enormes desembolsos ou a licitação será novamente adiada - até que a capacidade de investimentos da Petrobrás seja recomposta. Outra hipótese será a revogação da exigência dos 30%.
Não só os governos Dilma e Lula devem ser responsabilizados pelo desmanche da Petrobrás. Seus funcionários, sempre grandes parceiros no processo de engrandecimento da empresa, hoje se omitem. Mobilizam-se para greves com o objetivo de elevar sua participação nos lucros da empresa. Mas não se mostram empenhados em que a Petrobrás se restabeleça e volte a apresentar bons resultados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário