Estamos apenas começando 2013 e não há nada determinado sobre o que vai ser o ano econômico. Cada um de nós tem as suas expectativas. Há condições de fazer um crescimento um pouco melhor do que em 2012 e isso depende fundamentalmente da capacidade de o governo convencer o setor privado a ampliar seus investimentos. É preciso que os empresários aceitem inicialmente participar dos leilões que serão oferecidos, que disputem as oportunidades de trabalhar na melhora de nossa infraestrutura e tomem as decisões de investir para resolver os problemas que temos na logística de transportes, na transmissão de energia e nas comunicações em geral.
O consumo pode crescer um pouquinho mais, certamente não muito mais do que no ano passado. Então, o desenvolvimento se dará mesmo pelo aumento dos investimentos da iniciativa privada. A contrapartida que se espera do governo é que não faça crescer as despesas de custeio e utilize os recursos, por sua vez, para aumentar o investimento público. O saldo em contas correntes este ano provavelmente será muito pequeno, de forma que não há nenhuma outra alavanca para acelerar o crescimento do que a reconquista da confiança dos empresários brasileiros e o estabelecimento de relações mais amigáveis entre eles e o governo.
É sensível que as relações estão melhorando com os esforços que a presidenta Dilma Rousseff vem fazendo, conversando com as pessoas para mostrar o campo de ação do governo, ampliando esses contatos, que são indispensáveis e devem ser permanentes. Isso me leva a renovar a esperança de que vamos crescer mais. Melhorou o clima e não há muitas vozes divergentes de que esse é um bom caminho. Na minha perspectiva, o melhor, senão o único.
Deve-se reconhecer que o governo começou o ano com duas iniciativas importantes, extremamente inteligentes, com a medida de antecipar a desoneração da carga fiscal sobre os salários e com a redução nas tarifas de energia. No caso da desoneração salarial, não há uma renúncia para o Tesouro, mas uma transferência para os preços e depois os recursos são colocados de novo no INSS, como se fossem salários. Foi uma escolha importante porque, além de desonerar as folhas de salários propriamente, reduz o custo para as empresas. Com o câmbio constante, significa reduzir o preço dos salários em dólares, o que é um fator de estímulo à exportação. Aumenta a procura externa e também a demanda doméstica, porque o crescimento das exportações se espalha por toda a economia. O resultado da substituição de custos salariais sobre os níveis de preços tem um efeito significativo na composição da estrutura da oferta.
A ideia de o governo generalizar as desonerações é fundamental, pois estamos mesmo precisando de medidas mais horizontais que beneficiem todo o sistema econômico e não façam discriminação entre os setores. É um esforço grande na direção correta para a retomada das exportações, pois significa uma valorização cambial para as empresas que são alcançadas nesse processo.
A substancial redução nas tarifas de energia trouxe inegável benefício para os consumidores domésticos e alcança desde o mais abonado ao mais pobre dos lares. Para as empresas em geral tem consequências notáveis em termos de economia de custos e da lucratividade, o que deve estimular os investimentos. Em setores especiais da indústria, de alto consumo de energia como a de alumínio, a medida representa a sobrevivência: sem o corte agora determinado na tarifa, somente permaneceriam no negócio as que têm geração própria.
Para toda a economia, a redução dos altos custos será fundamental no estímulo a novos investimentos. Se compararmos as tarifas da época em que o Brasil crescia muito depressa, isso já faz mais de 30 anos, o custo da energia, em dólares, era menos que um décimo do preço cobrado hoje. O Brasil tinha os menores preços do mundo quando se instalou a Alcoa e vendíamos a energia de Tucuruí, a primeira grande hidrelétrica no Rio Tocantins.
Para todos os setores da economia os benefícios da redução das tarifas serão formidáveis, além do efeito na produção do alumínio, onde é imediato.
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