domingo, 24 de fevereiro de 2013

Governo se preocupa com exportação de consumidores


Gastos dos brasileiros em viagens internacionais atingiram o valor recorde de US$ 2,3 bilhões em janeiro, segundo o BC

23 de fevereiro de 2013 | 2h 07
BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
Com o mês de férias, os gastos dos brasileiros em viagens internacionais bateram recorde em janeiro e atingiram US$ 2,3 bilhões, segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central. O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, afirmou que o aumento reflete o crescimento da renda e do emprego nos últimos anos.
A despeito da taxa de câmbio, explicou Maciel, o brasileiro continua viajando, porque os pacotes e os serviços no exterior continuam com preços atrativos, principalmente nos países cujas economias ainda não se recuperaram da crise internacional.
O governo está preocupado com essa "exportação de consumidores brasileiros".
Fontes oficiais afirmam que dois dados divulgados ontem revelaram que as compras no exterior estão cada vez mais frequentes e que o Brasil está perdendo competitividade, embaladas por um dólar ainda acessível, indústria pouco competitiva e facilidades de transporte aéreo .
"Há pessoas que saem do Brasil especificamente para compor o enxoval de bebê nos Estados Unidos. Isso é cada vez mais comum", comentou uma das fontes do governo. A diferença entre os preços no Brasil e no exterior é tão grande que, em alguns casos, a economia é mais que suficiente para pagar as despesas com transporte e estadia fora do País.
Além dos números do BC sobre viagens, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) anunciou ontem que o comércio brasileiro fechou 67.458 postos de trabalho com carteira assinada no início do ano, o pior resultado para meses de janeiro do segmento em 20 anos.
O governo está "numa sinuca de bico", de acordo com outra fonte, porque vem mantendo a política cambial de "flutuação suja", ou seja, com intervenção no mercado para manter a cotação levemente abaixo de R$ 2,00.
Essa política é vista como necessária no atual momento para evitar que a alta do dólar contamine ainda mais as taxas de inflação, que não dão sinais de arrefecimento, mas, ao mesmo tempo, contribui para diminuir a competitividade do produto brasileiro.
Reservas. As reservas internacionais caíram US$ 30 milhões ontem, Com a oscilação, o montante passou de US$ 376,276 bilhões para US$ 376,246 bilhões, /EDUARDO CUCOLO, ADRIANA FERNANDES e CÉLIA FROUFE

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