terça-feira, 31 de outubro de 2023

Deficiência de ferro: como saber se você tem e o que fazer a respeito, FSP

 Alisha Haridasani Gupta e Alice Callahan

THE NEW YORK TIMES

ferro é um nutriente essencial para muitas atividades que nosso corpo faz todos os dias, e ainda assim mais de um terço das mulheres adultas em idade reprodutiva nos Estados Unidos apresenta deficiência dele.

menstruação e a gravidez são as principais causas da deficiência. Os sintomas geralmente são pouco específicos e vagos, como fadiga, confusão mental, tonturadistúrbios do sono e redução da capacidade de exercício. Se não for tratada a longo prazo, a deficiência de ferro pode esgotar os glóbulos vermelhos saudáveis do corpo, causando anemia. Durante a gravidez, a deficiência de ferro e a anemia podem ter efeitos adversos na mãe e no feto.

Se você tem períodos menstruais intensos, segue uma dieta vegetariana ou planeja engravidar, considere pedir ao seu médico para testar seus níveis de ferritina, que mede quanto ferro está armazenado em seu corpo, diz Malcolm Munro, professor de obstetrícia e ginecologia na Escola de Medicina David Geffen da Universidade da Califórnia, em Los Angeles. Nas consultas anuais, a maioria dos médicos testará apenas os níveis de hemoglobina, ele diz, mas isso é um indicador de anemia, não de deficiência de ferro. O teste de ferritina geralmente é coberto pelo plano de saúde, acrescenta ele. "Não é um teste sofisticado."

ilustração de pessoa, mostrando suas hemoglobinas, envolta por alimentos ricos em ferro
Ferro é um nutriente essencial para que nosso corpo realize diversas atividades; ainda assim, um terço das mulheres nos Estados Unidos tem deficiência de ferro - Marta Monteiro for The New York Times

Para mulheres que não estão grávidas, os níveis de ferritina devem ser de pelo menos 15 microgramas por litro, e os níveis de hemoglobina devem ser de pelo menos 12 gramas por decilitro, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde). Mas, cada vez mais, os pesquisadores sugerem que os limites devem ser mais altos: para ferritina, entre 30 e 50 microgramas por litro; e para hemoglobina, 13 gramas por decilitro.

Se você descobriu que seus níveis de ferro estão baixos, "temos essa abordagem — dizemos que temos que 'parar o vazamento e encher o tanque'", diz Munro. Veja como isso pode ser feito.

CONTROLE O SANGRAMENTO MENSTRUAL

Muitas mulheres não sabem se seu sangramento menstrual pode ser considerado intenso, diz Angela Weyand, hematologista pediátrica da Escola de Medicina da Universidade de Michigan.

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"Vejo muitas adolescentes que têm sangramento menstrual muito intenso e acabam tendo anemia grave, precisando ser internadas no hospital", diz ela. "Muitas vezes, essas pacientes nem reconheciam que seu sangramento era anormal."

Molhar um absorvente externo ou um interno a cada duas horas, sangrar por mais de sete dias ou precisar de proteção dupla (como um absorvente interno e um externo) são sinais de que seu período é muito intenso.

Se você tem sangramento intenso e está com deficiência de ferro, converse com seu ginecologista para primeiro descartar fatores que possam estar causando o sangramento excessivo, como endometriose ou miomas, sugere Munro. A partir daí, você pode considerar abordagens para reduzir a quantidade de sangramento, como pílulas anticoncepcionais ou dispositivo intrauterino hormonal (DIU).

Tomar naproxeno ou ibuprofeno também pode ajudar a reduzir a perda de sangue se tomado dois dias antes do início do seu período e durante todo o período. O ácido tranexâmico, um medicamento com receita médica, é outra opção.

SUPLEMENTE A CADA DOIS DIAS

Existem muitos tipos de suplementos, que fornecem diferentes quantidades de ferro, mas uma dose mais alta não é necessariamente melhor; não é indicado tomar mais do que 100 miligramas por dia, diz Munro. Exceder essa quantidade pode piorar os efeitos colaterais, como constipação ou náusea, e o ferro não será bem absorvido. Por exemplo, os comprimidos de ferro mais comuns contêm 325 miligramas de sulfato ferroso, que fornecem 65 miligramas de ferro, e um desses seria suficiente.

Estudos sugerem que tomar seu suplemento de ferro a cada dois dias é tão eficaz quanto e tem menos efeitos colaterais do que tomar com mais frequência.

Evite tomar suplementos de cálcio, leite, café, chá ou alimentos ricos em fibras simultaneamente ao seu suplemento de ferro, pois eles podem interferir na capacidade do seu corpo de absorver o ferro.

A suplementação consistente deve melhorar os números de ferritina em cerca de três meses, diz Munro. Uma vez que seus números de ferritina estejam elevados e você não esteja perdendo tanto sangue durante a menstruação, você pode ficar bem apenas com a dieta para obter ferro, acrescenta ele.

FAÇA ESCOLHAS NUTRICIONAIS INTELIGENTES

De acordo com as recomendações federais, homens de qualquer idade e mulheres com mais de 50 anos devem consumir pelo menos 8 miligramas de ferro por dia, enquanto mulheres de 19 a 50 anos devem ter como objetivo 18 miligramas. O requisito aumenta para 27 miligramas durante a gravidez.

Existem dois tipos de ferro encontrados nos alimentos: heme e não heme. O ferro heme é encontrado em qualquer fonte de origem animal, incluindo carne, aves e peixes; o ferro não heme é encontrado em alimentos de origem vegetal, como lentilhas e feijões, alguns vegetais, grãos e nozes, diz Elaine McCarthy, pesquisadora em nutrição da University College Cork, na Irlanda.

Ambos os tipos de ferro podem ser fontes valiosas, mas o corpo absorve o ferro heme com mais eficiência, diz McCarthy. Dito isso, alimentos à base de plantas ainda podem ser ótimas fontes de ferro. Uma xícara de lentilhas cozidas, por exemplo, contém 6,6 miligramas de ferro — mais do que é encontrado em uma porção de carne bovina — mas você vai querer usar alguns truques para ajudar seu corpo a absorvê-lo, diz Diane DellaValle, professora associada de ciência da nutrição no King's College em Wilkes-Barre, Pensilvânia.

Elaborar um plano personalizado com um nutricionista vale a pena, mas aqui estão algumas de suas dicas para obter mais ferro:

COMBINE FERRO À BASE DE PLANTAS COM POTENCIALIZADORES DE ABSORÇÃO: Incluir um pouco de carne ou uma boa fonte de vitamina C na mesma refeição melhorará a absorção de ferro não heme, diz DellaValle. Você pode adicionar tomate ou pimentão às suas lentilhas, por exemplo, ou ter morangos ou uma laranja ao lado.

EVITE BLOQUEADORES DE ABSORÇÃO: Certos compostos encontrados no chá e no café podem interferir na absorção de ferro não heme dos alimentos e suplementos, portanto, evite consumir essas bebidas ao mesmo tempo que fontes de ferro à base de plantas, diz DellaValle.

PROCURE POR ALIMENTOS ENRIQUECIDOS: Outras boas fontes de ferro incluem certos alimentos fortificados, como pães e massas que contêm farinha de trigo enriquecida, diz DellaValle. O arroz enriquecido também contém ferro extra, embora você perca parte dele se lavar esse arroz antes de cozinhar. E muitos cereais matinais são fortificados com ferro; apenas esteja ciente de que o ferro se misturará ao leite em sua tigela de cereal, então você precisará beber o leite para obter a dose completa.

COZINHE COM FERRAMENTAS ESPECIAIS: Uma das dicas favoritas de DellaValle é cozinhar com um peixe de ferro da sorte [objeto de ferro em formato de peixe criado no Canadá para combater anemia]. Coloque-o na panela junto com algumas gotas de suco de limão ou vinagre, e o produto libera de seis a oito miligramas de ferro no que você estiver preparando, seja arroz, aveia ou sopa. Cozinhar em uma panela de ferro fundido também pode adicionar ferro à sua refeição. DellaValle frequentemente recomenda o peixe de ferro da sorte para os atletas universitários com quem trabalha, e ela o dá como presente de Natal.

PSDB chama Andrea Matarazzo para retornar a ninho tucano e concorrer à Prefeitura de São Paulo, OESP

A cúpula do PSDB quer lançar candidato próprio à Prefeitura de São Paulo, no ano que vem, e já sondou até mesmo um nome para a disputa. Trata-se do ex-vereador Andrea Matarazzo, que deixou o PSDB em 2016, após 23 anos de filiação e um ruidoso embate com a ala do partido que indicou João Doria como candidato.

Matarazzo está no PSD de Gilberto Kassab, secretário de Governo na administração de Tarcísio de Freitas, mas parece interessado em retornar às fileiras tucanas para concorrer novamente à Prefeitura. Tanto é assim que terá novas conversas com dirigentes do PSDB neste mês de novembro.

Em 2020, Matarazzo foi candidato a prefeito de São Paulo pelo PSD e ficou em oitavo lugar. Antes, em 2016, concorreu a vice na chapa liderada por Marta Suplicy, que havia rompido com o PT e à época estava no MDB. Hoje sem partido, Marta é secretária de Relações Internacionais da Prefeitura.

Andrea Matarazzo deixou as fileiras tucanas em 2016, mas pode retornar ao partido para ser candidato à sucessão de Ricardo Nunes.
Andrea Matarazzo deixou as fileiras tucanas em 2016, mas pode retornar ao partido para ser candidato à sucessão de Ricardo Nunes. Foto: NILTON FUKUDA/ESTADÃO

A bancada municipal do PSDB trabalha para apoiar a campanha do prefeito Ricardo Nunes (MDB) a novo mandato, mas uma resolução aprovada recentemente pelos tucanos determina o lançamento de candidatos próprios em cidades com mais de 100 mil habitantes. O comando nacional do PSDB vai insistir no cumprimento desta ordem ao menos no chamado “Triângulo das Bermudas” (São Paulo, Rio e Belo Horizonte).

Desde sua fundação, o PSDB apresenta candidatos na capital paulista. Ganhou a Prefeitura com José Serra (2004), João Doria (2016) e Bruno Covas (2020). Nunes era vice de Covas, que morreu em maio de 2021.

Política

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Leite intervém e dirigentes brigam na Justiça

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Não é de hoje, porém, que o PSDB enfrenta uma crise de identidade sem precedentes e vem definhando pouco a pouco. No ano passado, sofreu uma grande derrota ao perder o governo de São Paulo, após 28 anos no Palácio dos Bandeirantes.

Atualmente, várias alas do tucanato se engalfinham com ações na Justiça. O presidente nacional do PSDB, Eduardo Leite, suspendeu a convenção estadual do partido, que ocorreria no domingo passado. Governador do Rio Grande do Sul, Leite determinou, ainda, que uma comissão provisória assuma o PSDB de São Paulo e marque novo encontro para abril de 2024.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, preside o PSDB e destituiu comandos do partido em São Paulo.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, preside o PSDB e destituiu comandos do partido em São Paulo. Foto: PSDB/Divulgação

Antes, o presidente do PSDB paulistano, Fernando Alfredo, também havia sido afastado, após desobedecer à cúpula do partido e realizar uma convenção à revelia do comando nacional, reelegendo-se para o cargo.

Leite, então, interviu no diretório. Para o lugar de Alfredo, ele escolheu Orlando Faria. Ex-secretário municipal da Habitação, do Turismo e da Casa Civil, Faria escreveu uma carta pública a Ricardo Nunes, em abril, na qual faz críticas fez duras críticas a ele.

“(...) Dedique-se menos às articulações eleitorais, como vemos quase que diariamente na imprensa e cumpra o Programa de Metas 2021-2024 da Gestão Bruno Covas, um legado construído em conjunto com a sociedade”, disse Faria ao prefeito. “Ou, pela falta de ousadia e de competência, revele-se para os eleitores. E assuma as consequências futuras de descumprir um compromisso público dessa magnitude.”

Todos os destituídos por Leite são ligados ao grupo do ex-governador João Doria, que deixou o PSDB após recuar de sua pré-candidatura à Presidência, no ano passado, emparedado pelo próprio partido. O grupo pretende ir à Justiça contra o governador gaúcho. Leite, por sua vez, também apresentou recurso para tentar reverter uma decisão judicial que considerou irregular sua reeleição à presidência do PSDB.

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É nesse cenário de crise que Andrea Matarazzo avalia a conveniência de retornar ao ninho tucano para ser candidato. Com vasta experiência na administração pública – de presidente da CESP a ministro-chefe da Secretaria de Comunicação no governo Fernando Henrique Cardoso, passando por várias secretarias municipais e estaduais –, Matarazzo pode tentar marcar posição na corrida à Prefeitura.

Desde o ano passado, quando o PSDB desistiu de apresentar concorrente na disputa presidencial, os poucos tucanos históricos que restaram no partido têm repetido a seguinte frase: “Para time que não entra em campo a torcida não desfralda a bandeira.” Mas será que essa máxima vale mesmo em tempos de guerra?

Projeto Métricas cria comunidade dedicada a melhorar a gestão e a governança das universidades, Fapesp


Maria Fernanda Ziegler | Agência FAPESP – Estudos demonstram que o investimento público na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) retorna multiplicado para a sociedade. Um dos exemplos mais tangíveis a comprovar a premissa está nas startups criadas a partir de projetos desenvolvidos na instituição.

Em 2019, o impacto total no Produto Interno Bruto (PIB) das empresas-filhas da Unicamp foi 3,07 vezes o total de recursos do Tesouro do Estado de São Paulo utilizado pela universidade só naquele ano. E o faturamento das empresas foi de R$ 7,9 bilhões, trazendo um impacto de R$ 7,4 bilhões para o PIB do país, dos quais 91,7% (R$ 6,8 bilhões) ficaram no Estado paulista. Em termos agregados, o estudo mostrou que cada R$ 1 de receita dessas empresas gera R$ 0,94 de riqueza para o país e cada dez empregos diretos das empresas-filhas da Unicamp resultam em 19 empregos no Brasil.

Na Universidade Estadual Paulista (Unesp), o mapeamento de egressos de cursos da área da saúde constatou presença relevante de profissionais de nível superior distribuídos em todo o Estado de São Paulo, contribuindo para uma melhor qualidade de vida para a população paulista.

Na Universidade de São Paulo (USP), uma série de ações importantes sobre diversidade e inclusão está sendo tomada também como uma resposta às demandas da sociedade. No entanto, no que se refere a acesso, permanência e progressão da carreira das mulheres, na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, por exemplo, dos 130 professores, apenas 23 são mulheres.

Os três casos relatados, que exemplificam modelos de avaliação interna adotados nas universidades paulistas, estão descritos no livro Repensar a Universidade III: Saberes e Práticas, lançado na última quinta-feira (26/10) durante o 5º Fórum “Desempenho acadêmico e comparações internacionais”, realizado na FAPESP. Trata-se da terceira obra produzida no âmbito do Projeto Métricas, iniciativa coordenada pelo ex-reitor da USP Jacques Marcovitch e que tem como um de seus principais objetivos buscar formas abrangentes de medir o impacto gerado pelas universidades.

Trata-se do terceiro livro de uma série “dedicada à governança universitária”, resumiu Marcovitch. A publicação tem como público-alvo os responsáveis pelas instituições acadêmicas – reitores, pró-reitores, diretores de departamentos e de unidades, entre outros – e o objetivo de “oferecer uma leitura dos desafios apresentados às universidades em ambiente de transformação e analisar as soluções para enfrentá-los”, afirmou.

Esses “desafios” estão divididos em áreas temáticas, do impacto socioeconômico das universidades até o seu planejamento e avaliação responsáveis, passando por ações inclusivas, governança, ciência aberta e diálogos com o entorno. São, ao todo, 16 capítulos assinados por mais de 40 especialistas.

“Repensar uma universidade não é algo trivial. Implica revisitar os fundamentos da gestão acadêmica e identificar quais de seus aspectos requerem aperfeiçoamentos. Repensa-se uma instituição, antes de tudo, com respeito. É necessário ter em mente que muitas de suas práticas nasceram da experiência de bons gestores em sintonia com os meios disponíveis na época em que foram iniciadas. Por isso, todo nosso trabalho se apoia no princípio da curadoria do conhecimento construído e da sua atualização”, disse Marcovitch na introdução do livro.

"O projeto representa uma inovação substancial na avaliação de resultados de pesquisa e desempenho das universidades, incluindo suas múltiplas responsabilidades. As universidades e pesquisadores merecem o reconhecimento da FAPESP porque deram forma e densidade a um projeto de conteúdo acadêmico pioneiro", afirmou durante o evento Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP, que também é ex-reitor da USP e assina a apresentação da obra.

Também presente no lançamento do livro, o secretário estadual da Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo, Vahan Agopyan, destacou em sua fala que a obra discute “tópicos fundamentais” para o meio acadêmico. “Neste terceiro volume, já estamos vislumbrando o impacto socioeconômico nas universidades, a inclusão e a governança. Essa ampliação transformou esse projeto numa iniciativa importante para a academia”, pontuou Agopyan, que também é ex-reitor da USP.