terça-feira, 30 de março de 2021

PF encontra soro com enfermeira e suspeita que empresários de MG receberam vacina falsa, FSP

 A Polícia Federal encontrou soro em endereço de uma enfermeira ligada ao caso de vacinação escondida de empresários mineiros.

Ela foi levada pelos policiais e deve ser presa em flagrante. Além do soro, a PF encontrou ampolas no local. Os materiais foram apreendidos e serão encaminhados para a perícia criminal.

Investigadores suspeitam que os empresários e políticos que teriam recebido as vacinas foram vítimas de uma fraude. Cada empresário teria desembolsado R$600 para receber a suposta vacina.

A PF cumpriu um mandado de busca e apreensão na casa da enfermeira nesta terça-feira (30) no âmbito do inquérito aberto para apurar as revelações feitas em uma reportagem da revista Piauí.

A investigação é conduzida na PF pelo delegado Leandro Almada.

A enfermeira é a mesma que aparece em um vídeo gravado por um vizinho da garagem de ônibus onde supostamente empresários e políticos foram vacinados às escondidas e furando a fila de prioridades do Plano Nacional de Imunização.

Imagem da suposta vacinação escondida em uma empresa de ônibus em Belo Horizonte
Imagem da suposta vacinação escondida em uma empresa de ônibus em Belo Horizonte - Reproducao

Cientistas estudam pessoas que não adoecem nem têm anticorpo para coronavírus, OESP

 Pablo Pereira

30 de março de 2021 | 15h49

Um casal que vive junto, dorme na mesma cama, e um tem covid-19 e o outro não. Pode isso? Pode, dizem cientistas. Há casos assim na breve história de pouco mais de um ano da doença em humanos.

A dúvida que desafia os médicos, nestes casos, vai além da constatação da existência dessas pessoas. O que os cientistas, que estudam a contaminação por Sars-cov-2, querem saber é como é possível que isso ocorra e por que a pessoa que não se contaminou não apresenta nem anticorpos contra o vírus.

“Queremos saber por que a pessoa não desenvolve anticorpos e como vai se comportar com a vacina”, explica a cientista Mayana Zatz, geneticista da USP, que está envolvida num projeto para tentar elucidar a resistência ao coronavírus.  “A pergunta é: será que ao tomarem a vacina essas pessoas vão desenvolver anticorpos ou vão continuar sem os anticorpos?”, questiona a geneticista.

Segundo ela, está sendo criado um grupo de pesquisas para um estudo de pessoas que se enquadram nesses casos. “A pessoa que quiser participar do estudo pode mandar e-mail para nós”, diz a médica, informando o endereço eletrônico –  estudocovid@mail.com – para o contato. A participação é voluntária, esclarece a cientista, que coordena Centro de Pesquisas sobre o genoma humano e doenças genéticas e que integra o Conselho Superior da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

Ela conta que o objetivo do estudo é entender o comportamento imunológico dessas pessoas diante do vírus. E lembra do caso de um cidadão americano, John Hollis, que teve contato com a doença e desenvolveu um tipo de resistência especial. Ele não sofre os efeitos  devastadores do vírus, que mata milhões de pessoas afetadas pelo mundo. No Brasil, mais de 310 mil já morreram por causa da contaminação.

“O que queremos saber é exatamente o contrário de casos como o dele. Ele desenvolveu anticorpos e tornou-se resistente”, diz a médica. “Nós buscamos entender é o que ocorre com aqueles que, em contato com infectados, não desenvolvem a doença e nem anticorpos”.

Comandantes foram surpreendidos com demissão em reunião com tapa na mesa e falas ríspidas, OESP

 Eliane Cantanhêde e Roberto Godoy, O Estado de S.Paulo

30 de março de 2021 | 16h26
Atualizado 30 de março de 2021 | 17h57

BRASÍLIA –A reunião dos comandantes Edson Leal Pujol (Exército),  Ilques Barbosa Júnior (Marinha) e Antônio Carlos Bermudez (Aeronáutica) com o novo ministro da Defesa, Walter Braga Netto, nesta terça-feira, 30, foi marcada por frases duras, e tapas na mesa. Os três foram demitidos por não concordar com a politização das Forças Armadas desejada pelo presidente Jair Bolsonaro.

Edson Pujol, do Exército, Moretti Bermudes, da Aeronáutica, e Ilques Barbosa, da Marinha
Edson Pujol, do Exército, Moretti Bermudes, da Aeronáutica, e Ilques Barbosa, da Marinha Foto: Dida Sampaio|Estadão

Braga Netto chegou ao encontro com a ordem de dispensá-los. Abriu a reunião com esse comunicado.  Disse que as mudanças eram para o “realinhamento” das Forças Armadas com Bolsonaro e a manutenção do apoio ao governo. Os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica já planejavam entregar os cargos em solidariedade à demissão do general Fernando Azevedo e Silva do Ministério da Defesa, no dia anterior, mas os dois últimos consideravam até mesmo ficar a depender do teor da conversa. O substituto de Azevedo, porém, não deu tempo para que eles anunciassem a decisão. O novo titular da Defesa entrou no gabinete com a demissão dos três comandantes pronta.

A portas fechadas houve várias contestações sobre a forma como a dispensa foi feita. Um dos oficiais questionou duramente Braga Netto ao lembrar que as Forças Armadas são instituições de Estado, e não de governo. Em recentes manifestações, porém, Bolsonaro tem se referido ao Exército como “meu Exército”, contrariando a caserna.

Estadão apurou que o mais exaltado na reunião foi o almirante Ilques. Conhecido por colegas por ser um cavalheiro, muito educado, Ilques perdeu a  paciência e elevou a voz. Quando o tom subiu e o clima ficou ainda mais tenso, os ajudantes de ordens foram saindo “à francesa” do gabinete. 

Os oficiais já haviam combinado no dia anterior, após a demissão de Azevedo, que não dariam nenhum passo que pudesse violar a Constituição ou caracterizar interferência em medidas tomadas por governos estaduais durante a pandemia de covid-19, como o lockdown. As Forças Armadas também deixaram claro que jamais concordariam com ingerência no Legislativo e no Judiciário.

Na lista das seis mudanças ministeriais promovidas por Bolsonaro na segunda-feira, 26, a que mais surpreendeu foi justamente a saída de Azevedo, definido por seus pares como um ministro competente e sensato. Azevedo foi assessor especial do ministro Dias Toffoli quando o magistrado presidia o Supremo Tribunal Federal (STF).

Pujol entrou na reunião todo paramentado, com bota de montaria, culote e carregando um bastão de comandante, enquanto Ilques e Bermudez usavam fardas sociais. O comandante do Exército e Bolsonaro também vinham se estranhando há tempos porque o comandante do Exército sempre resistiu a  ofensivas do presidente, que muitas vezes foram interpretadas como incentivo a medidas autoritárias. No ano passado, por exemplo, Bolsonaro chegou a participar de uma manifestação diante do Q.G do Exército que pedia a volta do Ato Institucional n.° 5 (AI-5), o mais duro da ditadura militar, e o fechamento do Congresso e do Supremo.

O maior foco de críticas a Bolsonaro nas Forças Armadas, porém, está na Marinha. Integrantes da força sempre consideraram a falta de compostura de Bolsonaro no cargo e os erros cometidos por ele na condução da crise de coronavírus – incentivando aglomerações e desestimulando o uso de máscaras – como inadmissíveis para um presidente da República.