domingo, 24 de novembro de 2013

O esquerdista fanático e o direitista visceral: dois perfeitos idiotas - do site Pragmatismo Político


Luis Soares
Colunista
POLÍTICA25/OCT/2012 ÀS 23:41
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Direitista visceral e esquerdista fanático – os dois são perfeitos idiotas. O direitista padece da doença senil do capitalismo e o esquerdista, como afirmou Lênin, da doença infantil do comunismo

Nada mais parecido a um esquerdista fanático, desses que descobrem a nefasta presença do pensamento neoliberal até em mulheres que o repudiam, do que um direitista visceral, que identifica presença comunista inclusive em Chapeuzinho Vermelho.
Os dois padecem da síndrome de pânico conspiratório. O direitista, aquinhoado por uma conjuntura que lhe é favorável, envaidece-se com a claque endinheirada que o adula como um dono a seu cão farejador. O esquerdista, cercado de adversários por todos os lados, julga que a história resulta de sua vontade.
frei betto direita esquerda
Frei Betto: “Embora mineiro, não fico em cima do muro. Sou de esquerda, mas não esquerdista”.
O direitista jamais defende os pobres e, se eventualmente o faz, é para que não percebam quão insensível ele é. Mas nem pensar em vê-lo amigo de desempregados, agricultores sem terra ou crianças de rua. Ele olha os deserdados pelo binóculo de seu preconceito, enquanto o esquerdista prefere evitar o contato com o pobre e mergulhar na retórica contida nos livros de análises sociais.
O esquerdista enche a boca de categorias teóricas e prefere o aconchego de sua biblioteca a misturar-se com esse pobretariado que nunca chegará a ser vanguarda da história.
O direitista adora desfilar suas ideias nos salões, brindado a vinho da melhor safra e cercado por gente fina que enxerga a sua auréola de gênio. O esquerdista coopta adeptos, pois não suporta viver sem que um punhado de incautos o encarem como líder.
O direitista escreve, de preferência, para atacar aqueles que não reconhecem que ele e a verdade são duas entidades numa só natureza.
O esquerdista não se preocupa apenas em combater o sistema, também se desgasta em tentar minar políticos e empresários que, a seu ver, são a encarnação do mal.
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O direitista posa de intelectual, empina o nariz ao ornar seus discursos com citações, como a buscar na autoridade alheia a muleta às suas secretas inseguranças. O esquerdista crê na palavra imutável dos mentores do marxismo e não admite outra hermenêutica que não a dele.
O direitista considera que, apesar da miséria circundante, o sistema tem melhorado. O esquerdista vê no progresso avanço imperialista e não admite que seu vizinho possa sorrir enquanto uma criança chora de fome na África.
O direitista é de uma subserviência abjeta diante dos áulicos do sistema, políticos poderosos e empresários de vulto, como se em sua cabeça residisse a teoria que sustenta todo o edifício de empreendimentos práticos que asseguram a supremacia do capital sobre a felicidade geral.
O esquerdista não suporta autoridade, exceto a própria, e quando abre a boca plagia a si mesmo, já que suas minguadas ideias o obrigam a ser repetitivo. O direitista é emotivo, prepotente, envaidecido. O esquerdista é frio, calculista e soberbo.
O direitista irrita-se aos berros se encontra no armário a gola da camisa mal passada. Dedicado às grandes causas, as pequenas coisas são o seu tendão de Aquiles.
O direitista detesta falar em direitos humanos, e é condescendente com a tortura. O esquerdista admite que, uma vez no poder, os torturados de hoje serão os torturadores de amanhã.
O direitista esbraveja por ver tantos esquerdistas sobreviverem a tudo que se fez para exterminá-los: ditaduras militares, fascismo, nazismo, queda do Muro de Berlim, dificuldade de acesso à mídia etc. O esquerdista considera o direitista um candidato ao fuzilamento.
Direitista e esquerdista – os dois são perfeitos idiotas. O direitista padece da doença senil do capitalismo e o esquerdista, como afirmou Lênin, da doença infantil do comunismo.
Embora mineiro, não fico em cima do muro. Sou de esquerda, mas não esquerdista. Quero todos com acesso a pão, paz e prazer, sem que os direitistas queiram reservar tais direitos a uma minoria, e sem que os esquerdistas queiram impedir os direitistas de acesso a todos os direitos – inclusive o de expressar suas delirantes fobias.
Frei Betto é escritor, autor do romance “Minas do Ouro” (Rocco), entre outros livros. http://www.freibetto.org

Primeira residência carioca com microgeração de eletricidade interligada à rede recebe certificação


PUBLICADO . EM ENERGIA
Foto: DivulgaçãoFoto: DivulgaçãoPor Ana Paula Verly – Equipe RCE
A primeira residência do Rio de Janeiro com microgeração de energia solar fotovoltaica conectada à rede da Light foi certificada nesta quinta-feira, 31 de outubro, com o Selo Solar – uma iniciativa do Instituto Ideal e da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). O evento foi realizado no âmbito do “Ano da Alemanha no Brasil”, que tem como objetivo celebrar a parceria entre os dois países.
Com apoio da Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH e do Banco Alemão de Desenvolvimento (KfW), a certificação foi entregue a Hans Rauschmayer, idealizador do sistema, durante uma cerimônia na própria residência, em Santa Tereza.
O sistema de microgeração desenvolvido por Hans, com o apoio técnico do engenheiro elétrico Paulo Marcial e investimento de R$ 20 mil, é a primeira instalação deste tipo no estado do Rio conectada à rede conforme a resolução n° 482 de 2012 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). De acordo com Ricardo Külheim, da GIZ, a iniciativa tem se mostrado uma “valiosa” experiência e é uma referência para futuros projetos.
Desde a instalação dos painéis com placas fotovoltaicas, em agosto, Hans economizou R$ 250 na conta de luz e evitou a emissão de 360 kg de gás carbônico. Com capacidade para gerar até 11 kWh, o sistema injeta o excedente na rede da Light, que o reverte em créditos para serem utilizados quando o consumo superar a geração. A economia mensal até agora girou em torno de 58% - cerca de 50 centavos a menos por cada quilowatt gerado.
Hans documentou todo o processo da instalação para auxiliar a Light na questão da microgeração interligada. Segundo a engenheira Priscila Ferreira, da Gerência de Planejamento da Light, que trata da geração distribuída, desde a experiência de Hans, outras cinco residências já instalaram um sistema de microgeração interligada à rede no Rio de Janeiro.
“O painel de Hans é um marco. A Light tem 110 anos e o primeiro painel é o de Hans. Como a tecnologia é nova, trata-se de um aprendizado tanto para nós, a concessionária, quanto para o cliente, o Hans, e os instaladores, que executaram as instalações novas. O resultado foi positivo e essa questão só tem a crescer e a evoluir, com mais conexões e mais aprendizado tanto para o sistema da micro quanto o da minigeração”, comemorou Priscila.
Para o coordenador do Prêmio Qualidade Rio, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços (Sedeis), Eurico Marchon, a intenção é que toda a cadeia de microgeração de energia solar fotovoltaica - da implantação à manutenção – seja “produtiva” e com isso se consiga, na escala, “reduzir o preço e ganhar em eficiência e segurança”.
O Selo Solar foi criado em 2012 como um reconhecimento para instituições públicas e privadas e proprietários de edificações que consomem um valor mínimo anual de eletricidade solar ou que têm pelo menos 50% do seu consumo de eletricidade vindo de fonte solar. A residência de Hans recebeu a certificação por ser a primeira a se enquadrar nos pré-requisitos do selo.

sábado, 23 de novembro de 2013

Fatos e lendas - LUIS FERNANDO VERISSIMO


Fatos e lendas - LUIS FERNANDO VERISSIMO

O Estado de S.Paulo - 21/11

No dia 22 de novembro de 1963, a Lucia e eu éramos as únicas pessoas felizes numa certa rua de Copacabana. Todas as outras (está bem, imagino que quase todas as outras) estavam no mínimo preocupadas com o que tinham acabado de saber, a notícia da morte do presidente Kennedy em Dallas. Pobre do presidente Kennedy. Tão moço, tão simpático, com uma família tão bonita. O que significava aquela morte? O que viria depois daquilo? Era um golpe? Não era um golpe? Que país maluco! A Lucia e eu tínhamos acabado de ficar noivos. É, naquela época se noivava. Já estávamos com as alianças, compradas numa joalheria da Santa Clara, e fomos tomar uma Coca-Cola no "Cirandinha" para comemorar. Felizes da vida.

Depois, ficou difícil não se emocionar com a imagens que viriam. O enterro, o garoto fazendo continência para a esquife do pai, as caras desoladas na multidão, todas as esperanças da nação no jovem e dinâmico presidente abatidas por um assassino - ou mais, até hoje se discute quantos. Nos anos que se seguiram, a emoção e a memória daqueles dias alimentaram o mito. Mas, ao contrário do que costuma acontecer com os mitos, o do Kennedy foi perdendo o lustre com o tempo. Livros sobre "o verdadeiro" Kennedy se tornaram tão comuns quanto teorias conspiratórias sobre a verdadeira história do seu assassinato.

Kennedy devia sua presidência ao dinheiro e ao poder do seu pai, que tinha ligações notórias com o submundo do crime organizado. Seus atos heroicos na guerra e sua experiência diplomática eram forjados. Ele e Jacqueline formavam um par perfeito, pelo menos visualmente, mas ele a enganava desde o começo do casamento. Ele não tinha feito tanto pelos direitos civis dos negros quanto dizia o mito. Se iria ou não retirar as tropas americanas do Vietnã se não tivesse sido assassinato, é debatível. Até sua atitude firme na crise dos mísseis russos em Cuba, segundo muitos o seu melhor momento, é criticada pelo novo revisionismo. Ele teria cedido mais do que o necessário aos russos.

Como é mesmo aquela frase do filme do John Ford? Quando os fatos desmentem a lenda, publique-se a lenda. Lyndon Johnson, que substituiu Kennedy, foi mais radical do que ele nas questões dos direitos civis e de programas sociais. Mas sofreu com a comparação, não com os fatos do governo Kennedy, mas com o mito, com a lenda do que poderia ter sido. E nenhuma revisão ainda conseguiu acabar totalmente com a lenda.