Vera Magalhães, O Estado de S.Paulo
06 Dezembro 2017 | 03h00
A expectativa de que a convenção do próximo sábado fosse a aclamação da pré-candidatura de Geraldo Alckmin à Presidência não do PSDB, mas da República, vai esbarrando na realidade de um partido para lá de dividido.
Por enquanto, fracassaram as investidas de bombeiros como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de dissuadir o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, de manter a postulação por prévias na sigla. Embora ninguém leve a sério nem sequer a real disposição do ex-senador de disputar a Presidência, ele quer se manter em evidência pelos próximos meses para depois engatar uma candidatura ao governo do Amazonas ou ao Senado.
Mesmo o esperado e já combinado anúncio do apoio de João Doria Jr. ao padrinho depois de meses em que mediram forças esbarra em outra questão: o que o prefeito de São Paulo dirá quando questionado sobre uma eventual candidatura ao governo? A pesquisa Datafolha que mostrou a deterioração de sua popularidade contribuiu para que aliados de Doria o aconselhassem a ser o mais discreto possível em se tratando de planos políticos.
Por fim, existe uma saia-justa instalada na sigla com a insistência de Aécio Neves em comparecer à convenção. Como tucanos têm punhos de renda, ninguém pediu abertamente ao mineiro que arranje uma desculpa e não vá a Brasília. Assim sendo, o mais provável é que Alckmin, além de não ser aclamado, ainda tenha de posar para a tradicional foto com braços levantados ao lado do presidente licenciado do partido.
MINAS
Tucanos temem acordo de Aécio com Pimentel
Aliados de Geraldo Alckmin temem que Aécio Neves feche um acordo informal com o governador Fernando Pimentel em Minas para facilitar o caminho de ambos à reeleição. O PSDB apoiaria a candidatura ao governo do deputado Rodrigo Pacheco pelo DEM, mas sem se empenhar. Aécio está sendo encorajado a buscar novo mandato no Senado, pois uma candidatura a deputado seria vista como admissão de culpa na Lava Jato. Alckmin, que precisa ter em Minas uma votação capaz de compensar a dificuldade que terá no Nordeste, teme ser rifado caso a aliança branca avance.
PREVIDÊNCIA
Governo descarta esperar eleição para votar texto
Setores do empresariado fizeram chegar ao governo a ideia de que, caso não haja segurança no placar de votação da reforma da Previdência, seria melhor aguardar as eleições para votar uma proposta mais dura no final da gestão Michel Temer. Sem a pressão das urnas, deputados reeleitos ou não estariam livres para votar. O governo descarta a ideia: acha que quem se reeleger vai querer reabrir a discussão com o próximo presidente para valorizar o passe. “Ou vota agora ou não vota”, diz um palaciano.
CANDIDATO OU NÃO?
PT e defesa de Lula contam com TV para criar fato consumado
A cúpula do PT e a defesa de Lula traçaram um cronograma segundo o qual é possível manter sua candidatura pelo menos até a primeira quinzena de setembro com sucessivos recursos jurídicos. Avaliam que, após a estreia do petista no horário eleitoral de TV, sua impugnação seria vista como interferência excessiva no processo e, assim, poder-se-ia criar um fato consumado.