sábado, 14 de janeiro de 2012

Gisele Bündchen participa de reunião da ONU sobre energia sustentável


A modelo Gisele Bündchen está participando hoje de uma reunião das Nações Unidas sobre energia sustentável para todos.

Ela deve comparecer ao evento ao lado do diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Achim Steiner.
Gisele Bündchen, que é embaixadora do Pnuma, está realizando uma viagem oficial ao Quênia, sede da agência, divulgou a Rádio ONU

Segundo a ONU, mais de três bilhões de pessoas, nos países em desenvolvimento, ainda fazem uso da biomassa tradicional para cozinhar e aquecer suas casas.

A organização afirma que existe uma forte ligação entre energia e desenvolvimento sustentável, e que a promoção de energia limpa é importante para erradicar a pobreza.

O Ano da Energia Sustentável para Todos, em 2012, foi declarado pela Assembleia Geral das Nações Unidas.

Até 2030, as Nações Unidas, com a ajuda dos governos, pretendem aumentar o uso de energia renovável em 30% em todo o mundo.
do Blog Verde

Nos EUA Energia Limpa, no Brasil Energia Suja

Adriano Pires, no Globo.com
Juntamente com o ano de 2011, acabou em 31 de dezembro a política de subsídios ao etanol produzido nos Estados Unidos, que impunha uma tarifa de importação de US$ 0,54 por galão ao etanol brasileiro e determinava um crédito tributário de US$ 0,45 por galão ao etanol misturado à gasolina nos EUA. O fim das medidas protecionistas nos EUA representa uma vitória do setor, que vinha brigando incessantemente contra uma política que já vigorava a mais de 30 anos.
No entanto, a abertura do mercado americano, que poderia significar um forte impulso para a indústria nacional, veio num momento em que a ausência de políticas públicas para o setor vem fazendo com que a produção brasileira não consiga atender nem mesmo a demanda doméstica, levando o país inclusive a importar etanol. As importações do período de janeiro a outubro já são mais de dez vezes maiores que no mesmo período de 2010.
Frente à crise estabelecida, o Governo lançou de algumas medidas ao longo do 2º semestre, com o objetivo de incentivar o setor, mas que na verdade acabaram por aumentar a intervenção no mercado de combustíveis sem que houvesse estímulo a novos investimentos e aumento da produção.
Em 13 de dezembro foi publicada no DOU a Resolução Nº 67 da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A resolução estabelece regras para os contratos e percentuais de estocagem do etanol tanto para produtores quanto pra distribuidores, mas não contém nenhum dispositivo que incentive os investimentos no setor ou o aumento da produção. Ao contrário, incentiva que as decisões tenham um viés mais de curto do que de longo prazo.
A seguir, em 26 de dezembro, foi bem vinda a Medida Provisória (MP) 554/2011 que concedeu incentivos à estocagem de etanol com o objetivo de aliviar os encargos financeiros dos produtores e distribuidores originados pela resolução da ANP. Os estímulos serão por meio de financiamento com taxas de juros reduzidas com prazo máximo de cinco anos a partir de fontes como a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) e da Poupança Rural totalizando R$ 500 milhões por ano.
Embora a Medida Provisória supracitada represente um avanço na questão dos estímulos à estocagem, uma antiga reivindicação dos produtores de etanol que é a desoneração do produto de PIS e COFINS não foi efetivada. Esta desoneração faria todo sentido, uma vez que se estaria incentivando o consumo de um combustível limpo e renovável. Hoje, a cobrança de PIS/COFINS no etanol totaliza R$0,46 enquanto na gasolina, escassa e poluente, é apenas de R$0,26. Tanto faz sentido desonerar os combustíveis renováveis que em 14 de dezembro foi publicada a da Lei 12.546/2011 que isenta as usinas de produção de biodiesel do pagamento de PIS/COFINS sobre o valor das matérias-primas adquiridas utilizados como insumo na produção do biodiesel. A diferença de tratamento entre os dois biocombustíveis, etanol e biodiesel, deixa claro que não existe uma política única do Governo para o setor de biocombustíveis.
A falta de uma política de incentivos corretos no mercado brasileiro de combustíveis torna-se ainda mais perigosa uma vez que com a abertura dos EUA ao etanol brasileiro um novo mercado consumidor se apresenta aos produtores, concorrendo com o mercado doméstico. O resultado pode ser elevação de preço e escassez de oferta interna, uma vez que a exportação passa a ser uma alternativa viável. O risco é que, diante desta possibilidade, o governo volte a adotar medidas intervencionistas como a restrição a exportação do etanol para manter a oferta doméstica, jogando fora a oportunidade que levamos 30 anos para conquistar. O curioso em tudo isso é que, enquanto o governo americano caminha na direção de incentivar o consumo de combustíveis limpos, o Brasil parece dar uma macha ré optando por sujar a sua matriz de combustíveis. A conferir.

Economias e excessos do etanol



11 de janeiro de 2012 | 3h 07

O Estado de S.Paulo
MAURILIO BIAGI FILHO
Você sabe quanto custam as gotinhas d'água que pingam dos escapamentos dos carros movidos a etanol? Do início do Proálcool, em 1975, até agora, tendo como base o preço atual - em torno de R$ 2 por litro de etanol -, são cerca de R$ 28 bilhões. Esse é o valor atualizado dos quase 14 bilhões de litros de água contidos nos etanóis de cana nesse período.
No início, havia razões técnicas para a produção de álcool hidratado, que dava mais torque aos primeiros motores adaptados. Mas, com o advento da frota flex, é preciso eliminar o oneroso "passeio da água", agora que o etanol pode se tornar uma commodity global. Dos países que já adotaram combustíveis renováveis, o Brasil é o único a manter o etanol hidratado, cabendo à Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) avaliar a possibilidade de estabelecer um único padrão.
Até ser eliminada pelos carros, a água embebida no etanol passa por sete "trasfegas": 1) das colunas de destilação para os tanques das usinas; 2) dali para os tanques dos caminhões; 3) depois, para os tanques das distribuidoras; 4) volta aos tanques dos caminhões; 5) destes, para os tanques dos postos de combustíveis; 6) das bombas para os tanques dos carros; 7) e destes para os motores.
O hidratado poderia ter sido extinto há alguns anos, quando o álcool foi rebatizado como etanol. A imagem melhorou, mas perdeu-se a oportunidade de lançar o "etanol mais puro". Mais de 30 anos depois dos primeiros motores adaptados para etanol e quase uma década após a chegada dos motores flex - mais sofisticados -, é preciso melhorar a economicidade do nosso combustível renovável. O fim da duplicidade do etanol ajudaria a compensar a quebra da paridade técnica etanol-gasolina. Problema seriíssimo: enquanto o brasileiro foi condicionado a consumir etanol apenas quando este for "vantajoso", o governo ignora que a cadeia produtiva do etanol perdeu o horizonte econômico desde antes da crise de 2008.
Em 2011, reconhecendo a mudança dos parâmetros ambientais e econômicos, o governo reduziu a carga tributária de diversos produtos. A gasolina teve redução da Cide. Para o setor sucroalcooleiro, "ferido de morte", o contrário, nem sequer foi dada isonomia. Pior, determinou-se a possibilidade de aumento da alíquota da Cide sobre o etanol. Sinal claro para bons entendedores.
Nunca pensamos em aumento de preço para a gasolina, mas, sim, que se resolva o impasse criado com o etanol. Sem políticas públicas claras e efetivas para a matriz energética do País, continuará o enfraquecimento da cadeia produtiva do etanol, que envolve 2 milhões de pessoas e teria plenas condições de dobrar de tamanho nesta década, com inegáveis benefícios ambientais, sociais e econômicos. Como não costumamos valorizar o que é nosso, esquecemos, dentre outros fatores, a despoluição e a economia de divisas propiciadas pelo etanol. Segundo dados da Datagro, de 1975 a julho de 2011, o Brasil deixou de consumir o equivalente a 2,1 bilhões de barris de gasolina graças ao etanol, uma economia de US$ 261,4 bilhões.
Boa hora de olhar o que ocorre lá fora. Os EUA copiaram o programa brasileiro e fizeram uma adaptação eficiente. Hoje produzem mais que o dobro de etanol que o Brasil, e de milho, cujo processo é mais exigente do ponto de vista energético. Os produtores norte-americanos abraçaram o etanol porque lá as regras são claras e oferecem horizontes previsíveis, sem oscilações sazonais ditadas por fatores conjunturais.
O etanol de lá é tratado oficialmente como produto estratégico, de alto valor econômico e ecológico, sem equivalência de preço com a gasolina. Assim o consumidor assimila a ligação entre economia, saúde pessoal e meio ambiente.
Tempos atrás, ninguém imaginaria maços de cigarros com a frase Fumar faz mal à saúde. Portanto, ninguém estranharia se nas bombas dos postos constasse que Consumir gasolina prejudica o meio ambiente. Está na hora de encarar o etanol com outros olhos, afinal, sem perspectivas de longo prazo, os novos investimentos não acontecem.