sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Internet ultrapassa TVs como principal fonte de notícias para pessoas entre 18 e 29 anos

QUINTA-FEIRA, 6 DE JANEIRO DE 2011//// do Poder On line
Sem categoria | 10:57

Internet ultrapassa TVs como principal fonte de notícias para pessoas entre 18 e 29 anos

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Pesquisa sobre fontes de leitura de notícias, divulgada na newsletter eletrônica O Ex-Blog do Cesar Maia de hoje:

PESQUISA ‘PEW RESEARCH’: INTERNET PRIMEIRA FONTE DE NOTÍCIAS – 18-29 ANOS!
A Internet é hoje a principal fonte de notícias nacionais e internacionais e nacionais para as pessoas com idades entre 18 a 29, mostra um estudo do Pew Research Center. Em 2010, 65% das pessoas com menos de 30 já usam a internet como sua primeira fonte para as notícias, quase dobrando dos 34% em 2007. O número dos que consideram a televisão como principal fonte caiu de 68% para 52% durante esse período. Dos 1.500 adultos norte-americanos pesquisados, 41% dizem receber as suas notícias nacionais e internacionais a partir da Internet, eram 17% em 2007. 66% citam televisão – caindo dos 74% – indicando que a tendência está se espalhando entre outros grupos etários.
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AUDIÊNCIA DA TV ABERTA NA DÉCADA!
(Keyla Jimenez-Folha SP, 06) Comparando a audiência nacional das TVs abertas na década, as mudanças foram grandes. O SBT perdeu quase 50% de seu público de 2000 até 2010. Caiu de 10,4 pontos de média no país para 5,9 pontos, média do ano passado. Já a Record cresceu 31% na década. Pulou de 5,5 pontos no PNT para 7,2 pontos, média de 2010. A Globo caiu na década 8,5%: registrou em 2000 média de 19,9 pontos e em 2010, 18,2.
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E AS REDES SOCIAIS CRESCEM DE FORMA EXPLOSIVA!
A contagem de Tweets aumentou de 5.000 por dia em 2007 para 90.000.000 diários em 2010, enquanto Facebook passou de 30 milhões de usuários em 2007 para mais de 500 milhões de usuários hoje. Além disso, a cultura da audiência de televisão tem mudado nos últimos anos. Entre os serviços de streaming de mídia na web e, mais recentemente, TV, dispositivos de conexão de Internet como Roku e Boxee, as pessoas têm mais opções do que nunca. Com a capacidade de personalizar notícias e entretenimento que você consome, estas mudanças na forma de assistir televisão tem se tornado mais desejável para muitos.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A igualdade afeta o espírito humano


Custo a pagar pelas diferenças sociais não é apenas econômico, mas também psicológico

04 de janeiro de 2011 | 0h 00
Nicholas D. Kristof, The New York Times - O Estado de S.Paulo
John Steinbeck observou que "uma alma triste pode matá-lo mais rápido, muito mais rápido, do que uma bactéria". Vale a pena levar em conta essa ideia, hoje confirmada por estudos epidemiológicos, em um período de tamanha desigualdade, polarizado a tal ponto que 1% dos americanos mais ricos possuem, ao todo, mais do que a riqueza total de 90% da população do país.
É cada vez mais evidente que o custo a pagar pela colossal desigualdade americana não é apenas econômico, mas é também a melancolia da alma. O resultado disso está nos altos índices de crimes, no grande uso de narcóticos, no número crescente de adolescentes grávidas e até nas altas taxas de doenças cardíacas.
Esse é o tema de um importante livro escrito por dois famosos epidemiologistas britânicos, Richard Wilkinson e Kate Picket. O argumento é que a flagrante desigualdade dilacera a psique humana, criando ansiedades, desconfiança e uma série de enfermidades físicas e mentais - e fornece uma infinidade de dados apoiando sua tese.
"Se você não conseguir evitar a grande desigualdade, precisará de mais prisões e mais policiais", afirmam. "Terá de lidar com um número maior de pessoas com doenças mentais, abuso de drogas e outros tipos de problemas." Eles analisam essas questões no livro The Spirit Level: Why Greater Equality Makes Societies Stronger ("O nível espiritual: porque uma maior igualdade torna as sociedades mais fortes", em tradução livre).
A base do argumento é que os seres humanos são animais sociais e, em sociedades excessivamente desiguais, aqueles que estão na camada inferior sofrem uma série de patologias. Por exemplo, um estudo feito com funcionários públicos britânicos concluiu que os mensageiros, porteiros e outros empregados de nível baixo eram mais propensos a morrer por causa de doenças cardíacas, suicídio e alguns tipos de câncer.
Desigualdade. Existem evidências similares no caso de outros primatas. Por exemplo, os macacos são também animais bastante sociais. Os cientistas os colocaram em jaulas e os ensinaram como puxar uma alavanca para, assim, poder obter cocaína. Os que estavam no degrau mais baixo da hierarquia dos macacos usaram mais cocaína do que aqueles em uma posição superior.
Pesquisadores constataram que, quando as pessoas ficam desempregadas ou sofrem um revés econômico, engordam. Um estudo entre homens americanos, realizado durante 12 anos, concluiu que, quando sua renda diminuía, eles engordavam em média 2,5 quilos.
Os professores Richard Wilkinson e Kate Picket fizeram muitos cálculos e mostraram que a mesma relação vale para uma série de problemas sociais. Entre os países ricos, os mais desiguais registram mais doenças mentais, uma maior mortalidade infantil, obesidade, uma evasão escolar maior, um número crescente de adolescentes grávidas, mais homicídios e assim por diante.
Por que a desigualdade é tão prejudicial? Segundo o livro dos dois epidemiologistas, ela corrói a confiança social e a vida comunitária, debilitando as sociedades como um todo. E os humanos, como seres sociais, ficam estressados quando se encontram no patamar mais baixo dessa hierarquia.
Esse estresse provoca mudanças biológicas, como a liberação do hormônio Cortisol e o acúmulo de gordura abdominal. O resultado são enfermidades físicas, como doenças cardíacas, e sociais, como crimes violentos, desconfiança entre as pessoas, comportamento autodestrutivo e pobreza persistente. Uma outra consequência é a criação de sistemas alternativos em que as pessoas respeitam umas as outras e podem encontrar autoestima, como no caso das gangues.
Certamente, os humanos não são todos iguais em capacidade. Haverá sempre alguns que são mais ricos e outros, mais pobres. No entanto, a desigualdade não deve ser tão gritante, opressiva e polarizada como nos EUA de hoje.
Alemanha e Japão são economias eficientes e modernas com muito menos desigualdade do que os EUA - e com muito menos problemas sociais. Da mesma maneira, o fosso entre ricos e pobres diminuiu durante o governo de Bill Clinton, de acordo com dados citados no livro The Spirit Level, apesar de não ter sido um período de vigor econômico.
"A desigualdade divide as pessoas e mesmo as pequenas diferenças parecem se tornar uma importante diferença", observam os professores. Para eles, não são apenas os pobres que se beneficiam da coesão social que surge com a igualdade, mas toda a sociedade.
Assim, no momento em que se debate a política nacional americana em 2011 - desde o imposto imobiliário até o seguro-desemprego e a educação infantil - é preciso empenho geral para reduzir os níveis chocantes de desigualdade nos EUA. Essas desigualdades são profundamente prejudiciais para os americanos e para a alma do país. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO
É COLUNISTA E REPÓRTER ESPECIAL 

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O dia em que Canhoto da Paraíba colocou Andrés Segovia no banco

BRAVA GENTE BRASILEIRA
por Miguel Nicolelis  in revista Brasileiros - dez/10


Em tempos normais, eu já não aconselharia ninguém vindo do Brasil a pousar no Aeroporto Internacional Dulles, de Washington, capital dos Estados Unidos, antes das 6 horas da manhã. Na quarta-feira chuvosa de 3 de novembro de 2010, nem pensar. Nas circunstâncias daquela madrugada, entrar em contato com a atual realidade do combalido império do norte sem a preparação adequada, tinha tudo para ser uma experiência traumatizante, capaz de causar nos menos avisados um estado de completa estupefação. Nesse momento, cabe um parêntese. Enquanto os viajantes brasileiros tinham deixado há poucas horas um país tropical ensolarado e radiante, comemorando o resultado alvissareiro de um dos maiores exercícios democráticos da sua história, os seus anfitriões matutinos acabavam de acordar para a dura realidade de um outro pleito. Depois da luta fratricida travada nas trincheiras da desinformação, ignorância e preconceito, os americanos tinham testemunhado, na noite anterior, mais um passo decisivo rumo à desintegração política, econômica e social, que, aparentemente, infecta o proverbial calcanhar de Aquiles de todos os impérios metidos a besta.

Rotineiramente mal-humorados, os oficias da imigração americana pareciam não acreditar que o tratamento para a sua ressaca eleitoral seria processar um Boeing 777 inteiro, cheio de brasileiros alegres e barulhentos, egressos dos agora felizes trópicos. O Brasil, certamente, está na moda, mas a moda ainda não pegou nos famosos guichês do aeroporto Dulles. Ah, como sofreram, naquela manhã cheia de contrastes e ironias históricas, aqueles incautos oficiais da lei, ordem, família e propriedade, na sua missão ingrata (e há muito perdida) de preservar a primeira linha de defesa do famoso, e já tão gasto, "American Way of Life"! Mais que eles, também nós, os passageiros, sofremos com a lentidão, soberba e a incompetência que, sejamos honestos, estendia-se democraticamente a nativos e alienígenas.

Folheando as páginas de passaportes impecáveis, muitos ainda completamente virgens, reproduzindo os mesmos rostos que, ao vivo, comprovavam o rumor de ser o Brasil um dos poucos rincões do planeta onde ainda é possível estampar o otimismo e a alegria, além de uma pequena dose de sarcasmo e ironia, como parte do seu cartão de visita, meus amigos da imigração (passo por lá tão frequentemente que alguns já sabem se o Palmeiras ganhou ou não, pela expressão do meu rosto) pareciam sonhar com emprego pleno, seguro saúde nacional, mais Bolsa Família, reservas estuporantes de petróleo, crescimento da economia de 7% e cantos de passarinhos que gorjeiam por aí, isso mesmo, onde você me lê nesse momento, prezado leitor, mas que há muito já decidiram emigrar de lá, onde estavam a sofrer aqueles oficiais sonolentos.

Passada essa barreira, decidi me aboletar na modesta área de espera de um dos portões de embarque e, enquanto minha conexão para Boston não chegava, aproveitei para usar meu laptop e ouvir música da terrinha. A saudade, como os senhores e senhoras podem imaginar, já batia forte. Nessa hora proibitiva para neurocientistas, poucos outros heróis de aeroporto estavam por perto. Ainda assim, sentou-se a meu lado um americano simpático, com cara de professor de Economia da Harvard. Estava eu a curtir o meu som tropical, quando de repente ao mover-me para tentar retirar um livro da mala, o meu fone de ouvido se soltou do computador e o saguão inteiro, com todos os seus gatos pingados, passou a desfrutar de um solo de violão sem igual desse lado da Via Láctea. Sorridente e solícito, o meu anônimo companheiro de espera matutina, não teve dúvida e arriscou um quebra gelo típico de economista neoliberal:

- Que maravilha! Andrés Segovia sempre me fascina.

- Não é Segovia não, meu senhor. - Já fui logo pondo um John Maynard Keynes na sopa do moço, em homenagem a meu grande amigo alviverde, presidente Luiz Gonzaga Belluzzo.

- Trata-se de um quase homônimo. Canhoto da Paraíba é o seu nome do violeiro.

- Mas não pode ser! Soa perfeito. Música dos deuses, como só o incomparável Segovia, de Granada, poderia produzir. Mas em que conservatório estudou esse senhor? Deve ter sido pelo menos aluno do grande mestre, não foi não?

- Acho pouco provável, a não ser que o grande Segovia tivesse aberto uma filial, na sacristia da matriz de Princesa Isabel, sertão da Paraíba, terra natal do menino Canhoto.

- Mas que fenômeno. Posso escutar mais um pouco?

- Como não, abolete-se e desfrute. Sinta-se em casa. Mestre Canhoto ficaria muito lisonjeado com seu interesse por seu violão.

- Paraíba, onde fica isso?

- Nordeste brasileiro, embaixo do Rio Grande do Norte, em cima de Pernambuco.

- Mas deve ser um paraíso essa tal Paraíba, para dar à luz um gênio musical como esse. Nunca ouvi nada igual.

- Realmente, é um paraíso. Lindo de fazer olho marejar. Mas para desfrutar dessa boniteza toda, carece de ter um outro tipo de olho, um outro tipo de ouvido. E definitivamente, precisa ter dedos muito ligeiros, como Canhoto tinha, para contar estórias que vem de lá. O senhor reparou que Canhoto tocava o violão com a mão esquerda e sem trocar a ordem das cordas?

- Não, não é possível! Ainda mais essa? Inacreditável!

- Pois é, meu amigo, o sertão nordestino não produz qualquer caboclo, não. Como toda forma de vida por lá padece muito, aqueles que conseguem vingar são pessoas valentes, destemidas e difíceis de dobrar. Quando menino, bem que tentaram forçar o menino Canhoto a aprender a tocar com a mão direita. Teimoso que nem um pau de Jurema, o moleque não se vergou. Escondido, aprendeu por si só uma forma de extrair o bemol e dó sustenido de ponta cabeça. Isso que é amor pela música. O resto é conversa. E não é que o truque funcionou? Garanto que nem o seu amigo Segovia aprontava uma dessas. Lá no sertão bravo do Nordeste, para vingar de verdade, precisa fazer que nem flor de cacto.

- E cacto lá tem flor? Que história de argentino é essa?

- Se tem, doutor. As danadas ficam escondidas por um bom tempo, protegidas por aqueles espinhos afiados, do tamanho de um prego. Aí, quando começa qualquer chuva miúda, coisa rara no sertão, elas florescem mais rápido do que o Canhoto compunha um choro. Abrem todas as bocas como se fosse um coral silencioso a repetir: "Quem disse que cacto não tem o direito de ser flor?". E assim, arregaladas, elas aproveitam cada gotinha doce que lhe permita sobreviver mais um dia, até que outra nuvem bendita, perdida naquele céu azulado, decida a chorar de tanta tristeza de ver aquela terra torrada, a caatinga queimada, e a boiada definhando... Canhoto era como flor de cacto. Florescer a qualquer custo, era a razão que lhe fazia dedilhar seu violão invertido até cansar, mesmo quando, lá na sacristia da matriz da valorosa Princesa Isabel, não havia ninguém para escutar quando ele abria a boca, que nem flor, e todo frajola se punha a cantar.

- Coisa muito interessante esse seu país tropical. Brasil, quem diria, o futuro finalmente chegou para vocês. Justo no momento que o nosso parece ter acabado. Aqui no Norte, ninguém acredita no que aconteceu com vocês. Agora, até lá em Harvard eu já vi gente dizer: "Que Obama que nada, manda chamar o tal de Lula, quem sabe ele consegue dar um jeito aqui em cima também".

Logo a seguir, embarcamos. Meu novo amigo fez questão de sentar-se a meu lado no avião novo em folha. Depois que ele estava bem confortável, pronto para começar a ler o seu Wall Street Journal, eu fiz questão de lhe apontar para o folheto de segurança da aeronave. Nele, podia-se ler claramente: "Embraer, made in Brazil!". Meu amigo murchou, emudeceu e não falou mais comigo. Constrangido, nem tive coragem de lhe dar a notícia que foi Santos Dumont que inventou o voo controlado, não os irmãos Wright.

Deu até dó. Realmente, aquele não era o dia dos gringos!