1 de abril de 2013 | 8h01
Redação
Mateus Coutinho
ESPECIAL PARA O ESTADO
Adotar hábitos sustentáveis é um apelo que vai se tornando cada vez mais presente no dia a dia. Em casa, na rua ou no trabalho não faltam recomendações a respeito de descartar o lixo em locais adequados e economizar energia, por exemplo.
ESPECIAL PARA O ESTADO
Adotar hábitos sustentáveis é um apelo que vai se tornando cada vez mais presente no dia a dia. Em casa, na rua ou no trabalho não faltam recomendações a respeito de descartar o lixo em locais adequados e economizar energia, por exemplo.
A adoção de tecnologias para economizar água em condomínios residenciais, contudo, ainda parece atrair poucas construtoras e moradores de São Paulo. Em março, comemora-se o Dia Mundial da Água. Poucas medidas são abraçadas nos projetos de novos empreendimentos – elas são mais comuns em edifícios comerciais, como no Alvino Slaviero, em fase final de acabamento na Avenida Faria Lima, que vai reutilizar água da chuva.
Com o consumo residencial na capital tendo se estabilizado nos últimos seis anos em 13 m³ (ou 13 mil litros) por família/mês, as principais ações para economia de água nos condomínios ainda estão limitadas ao uso de hidrômetros individuais. Importante para reduzir o consumo, a medida poderia ser complementada com outras tecnologias para propiciar economia ainda maior.
“Em São Paulo, não é obrigatório o uso de hidrômetro individual, mas as incorporadoras e a própria Prefeitura buscam conscientizar os moradores”, afirma o diretor da vice-presidência de administração imobiliária e condomínios do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), Juraci Baena Garcia.
Ele afirma que a tendência dos novos empreendimentos é adotar o sistema individualizado, que pode trazer economia de até 15% de água, mesmo nos condomínios em que o consumo é baixo. Para a arquiteta Renata Marques, que atua com projetos residenciais e comerciais, o uso de hidrômetro individual, contudo, ainda não é um grande atrativo na hora de comprar um apartamento. “Muitas vezes, os moradores só percebem a economia quando começam a utilizar (o apartamento com hidrômetro individual), principalmente os que vêm de edifícios mais antigos. E então começam a valorizar isso”, diz a arquiteta.
Como em outras escolhas, mexer no bolso ainda é um dos argumentos mais importantes para convencer as pessoas a fazer economia de água. Essa ideia motivou o empresário Leonardo Lopes. Há 19 anos, ele começou a pesquisar e a desenvolver produtos para economizar e criou o Projeto Cura – Consumo e Uso Racional de Água.
Desde então, ele oferece um conjunto de melhorias para os edifícios conseguirem reduzir o uso da água. Como pagamento, ele recebe, por um período estipulado em contrato, metade do dinheiro que o cliente deixou de gastar na conta de água.
Sua empresa já atendeu mais de mil edifícios, mas apenas um residencial, e a explicação para esse é simples: como a água para uso comercial em São Paulo custa R$ 25 o metro cúbico e a residencial, R$ 4, os moradores não têm a mesma preocupação que empresários e comerciantes. “As pessoas não têm consciência ecológica, porque acham que a água é fácil de se obter. Já fui a prédios residenciais tentar convencer o pessoal a fazer um projeto e muita gente responde que não está nem aí”, conta Lopes.
Garcia, no entanto, vê a preocupação com a economia de água como uma tendência que vem sendo incorporada, segundo ele, a projetos comerciais e residenciais de diferentes níveis. Ainda assim, ele reconhece que, para as empresas, o consumo de água tem um apelo maior.
“O cliente comercial está preocupado com os custos do seu empreendimento, por isso vigia mais o consumo de água. Nos residenciais, a vigilância é menor, não por falta de consciência mas pela maneira de lidar com as despesas mesmo”, afirma.
O fato é que torneiras econômicas, reguladores de vazão nos chuveiros e descargas com fluxo menor não são baratos. “Para fazer as adequações, pode ser necessário um custo maior, mas ao longo do tempo a própria tecnologia vai barateando e vale a pena por vários motivos”, argumenta o diretor do Secovi.
Mais do que dispor de tecnologias modernas, a atitude de cada um é essencial. As recomendações são conhecidas: limpar calçadas com vassouras e fechar a torneira ao escovar os dentes são algumas delas.
Também é importante saber identificar vazamentos e acompanhar as leituras dos hidrômetros, ações que podem ser facilmente aprendidas por condôminos e funcionários.
A Sabesp oferece curso para interessados em aprender a identificar vazamentos e outros problemas de encanamento em prédios. Informações podem ser obtidas pelo telefone 0800 011 9911. O Secovi comercializa o Manual do Uso Racional da Água, com dicas e recomendações para síndicos, funcionários e moradores. Informações pelo e-mail biblioteca at secovi.com.br.
Edifício de escritórios conquista certificação
Seguindo a tendência mundial de adotar iniciativas sustentáveis nos edifícios, a cidade vai ganhar mais um prédio com certificação LEED, principal selo para certificar construções consideradas sustentáveis.
Localizado na Avenida Faria Lima, o Edifício Alvino Slaviero vai contar, entre outros itens, com um sistema de captação e tratamento de água da chuva na cobertura e nos jardins. Essa água poderá ser reutilizada em vasos sanitários, na lavagem do prédio e na decoração (chafariz).
Dessa maneira, a economia anual de água na torre comercial de 12 andares poderá chegar a 60% ao ano, se comparada com outros edifícios do mesmo porte, segundo informações da empresa Brasilincorp, incoporadora responsável pelo edifício.
O diretor-executivo da companhia, Murilo Cerdeira, afirma que a busca por esse tipo de construção vem aumentando desde 2008. “Temos percebido essa demanda das multinacionais, que vem das matrizes europeias e americanas, onde essa preocupação é mais antiga.” Ele diz que a incorporadora planeja iniciar neste ano um projeto de condomínio residencial no Panamby com tecnologias sustentáveis.
Condomínios. Hubert Gebara, diretor do Grupo Hubert, lembra que o Estado de São Paulo, onde está o maior contingente da população consumidora do País, tem apenas 1,3% do total da água doce do território brasileiro. São 30 mil condomínios apenas na Capital, 35 mil na Grande São Paulo e 50 mil no Estado. “Praticamente todos têm algum tipo de desperdício de água.”
Cerca de 40% da carteira de condomínios do Grupo Hubert, 12.960 imóveis, conseguiu reduzir em torno de 30% a conta mensal de água. A diminuição foi registrada com a instalação de hidrômetros de medição individualizada nessas unidades. Segundo a administradora, esse resultado ajuda a diminuir a taxa do condomínio, porque água é a segunda maior despesa ordinária do rateio, respondendo com até 15% do total da taxa.
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