terça-feira, 30 de abril de 2019

Nicolao Dino desiste de concorrer à lista tríplice para PGR e denuncia ‘crise interna sem precedentes’. OESP

O subprocurador-geral da República Nicolao Dino desistiu de concorrer à lista tríplice para a chefia do Ministério Público FederalDino foi o primeiro colocado para o cargo de procurador-geral da República, na eleição promovida pela Associação Nacional dos Procuradores da República, em 2017, à frente da atual procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que acabou sendo escolhidapelo então presidente Michel Temer (MDB).

Documento

Cabe ao presidente da República escolher o chefe do Ministério Público Federal. Ele não é obrigado a escolher nenhum nome da lista da Associação, conforme prevê a Constituição.
A tradição de formação da lista tríplice iniciou-se em 2001. Daquele ano até 2017, a lista tríplice para o cargo de Procurador-Geral da República não foi acatada em sua primeira edição e em 2017 quando Temer escolheu Raquel Dodge.
Em carta aberta à Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Nicolao Dino citou uma ‘crise interna sem precedentes’. De acordo com o subprocurador, ‘são urgentes a estabilização institucional e o exercício da alteridade’ para que a Procuradoria seja fortalecida.
“É preciso superar as fricções internas com alto potencial corrosivo, investindo na recompreensão da ideia de pluralidade e de sua compatibilização com o conceito de unidade. A recuperação da dimensão substantiva do conceito de liderança institucional, nesse contexto, é um ingrediente inafastável”, afirmou.
Nicolao Dino apontou ainda ‘lamentável lacuna normativa quanto ao processo de escolha do Procurador-Geral da República’. O subprocurador negou que haja ‘espírito corporativo’ e registrou a ‘forte simbologia política’ da lista tríplice.
“Por dever de lealdade e de inegociável compromisso com os valores mais caros do Ministério Público e da sociedade, que o momento presente, carregado de circunstâncias adversas, me impulsiona para fora do atual processo sucessório relativo à chefia do Ministério Público Federal”, afirmou.
“Retiro-me, pois, do atual processo de escolha para o cargo de Procurador-Geral da República, mas não da trincheira de luta pela realização dos valores do Ministério Público e de seus objetivos institucionais.”
O subprocurador fez um pedido na carta. “Permitam-me o atrevimento de, agora na prerrogativa de ‘eleitor’, dizer a vocês que aqui não há lugar para projetos pessoais, pois, Público é o Ministério; que aqui não cabem promessas vãs, eleitoreiras ou inexequíveis; que aqui não há lugar para nada que possa ser confundido com corporativismo ou populismo”, anotou.
“A lista tríplice deve ser moldada com base em propósitos republicanos, porque essa é a dimensão do cargo de Procurador-Geral da República. A lista tríplice é patrimônio imaterial do MPF e da sociedade brasileira. A hora é difícil e penosa para a Instituição, tantos são os desafios que se nos apresentam.”

Nubank é o terceiro unicórnio brasileiro, Link , OESP

DEMI GETSCHKO Por dentro da rede - O inimigo OESP

São tempos complexos. Não que antes as coisas fossem simples mas, e ao menos aparentemente, elas estavam sob nosso controle. Futuros distópicos eram tema da ficção, que nos deu diversos exemplos de prospectivos futuros sombrios. Em vários deles, e de diversas formas, o homem perderia sua posição de controle. Em outros, mesmo havendo o risco de perda de controle, ela era minimizada por decisões humanas que limitariam a ação das máquinas. Em Eu, Robô, por exemplo, Isaac Asimov propõe três leis que se destinam a proteger os humanos de qualquer comportamento deletério das máquinas. Trata-se, claro, de ficção...
O poder de processamento de dados que a tecnologia nos fornece hoje é milhões de vezes maior do que há duas décadas. Desde sua proposição por Gordon Moore em 1965, a conjectura de crescimento conhecida como Lei de Moore continua inabalável: a cada 18 meses a capacidade de processamento dobra. Com isso, algumas abordagens técnicas, que antes não seriam muito promissoras, mostram-se surpreendentemente eficientes. 
Há duas décadas, já era um tema constante de debates a forma de construir programas que incluíssem “aprendizado” de máquina, mas os resultados ainda pouco animadores. Ensinar, por exemplo, um programa a traduzir uma língua envolveria tentar estabelecer uma árvore semântica que desse ao sistema algum “entendimento” do que se buscava traduzir. 
Uma segunda linha foi rapidamente agregada ao processo: valer-se do que os humanos já tivessem feito na área. Com a digitalização de enormes acervos de livros e suas respectivas traduções, essa base de dados melhoraria o resultado da tradução incorporando no processo o que humanos haviam feito antes. Essa abordagem dupla e também muito beneficiada pelo aumento da capacidade de armazenamento, trouxe melhores resultados. 
Na programação de jogos pode-se usar uma linha de aprendizado puro, em que o programa inicialmente apenas sabe como mover as peças e, após muitas tentativas e erros, acaba por selecionar estratégias vencedoras, ou pode-se incorporar a experiência dos humanos naquele jogo, como base de dados. 
Esse conjunto de enormes bases de dados (“Big Data”), mais a tecnologia de extrair deles informação selecionada (“Data Mining”), e mais as formas de se incorporar “aprendizado” pelas máquina, são componentes fundamentais do que se denomina “inteligência artificial”. 
Estamos escolhendo os caminhos a seguir e, portanto, imaginamos definir a versão do futuro que nos parece melhor. Mas, quando toda e experiência humana já tiver sido passada às máquinas, haverá o risco de perderemos o controle de nossas vidas, e de termos criado uma tecnologia que desloque o homem do centro das decisões? 
No conto de Jorge Luis Borges O jardim dos caminhos que se bifurcam, um sábio chinês havia dedicado a vida a escrever um livro/labirinto em que todos os futuros são simultaneamente possíveis. A decisão de escolher um caminho em cada bifurcação que se encontra pela frente não elimina as demais possibilidades. Como diz no conto o sinólogo que estudou o livro, “o tempo se bifurca perpetuamente para inumeráveis futuros. Num deles, sou seu inimigo”.