quarta-feira, 10 de abril de 2024

Governo teme derrota e desiste de urgência de PL de apps de motoristas, FSP

 

BRASÍLIA

O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recuou e vai retirar, nesta semana, a urgência do projeto de lei de regulamentação do trabalho de motoristas de aplicativos. A proposta foi apresentada em março após um ano de debate.

A decisão foi tomada nesta terça-feira (9) após reunião entre o ministro do TrabalhoLuiz Marinho, e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Há pressão da categoria e de congressistas.

Com a urgência constitucional, os deputados precisam deliberar sobre o tema em 45 dias. Caso contrário, a pauta da Casa é travada. A pauta ficaria trancada partir do próximo dia 20.

A retirada de urgência é uma derrota para Marinho. Se o texto fosse à votação, o governo provavelmente seria derrotado.

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O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho - Pedro Ladeira - 18 jan. 2023/Folhapress

Mais cedo nesta terça, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), havia indicado que levaria a sugestão de retirar a urgência para discussão no colégio de líderes, propondo que fosse estabelecido um cronograma para a aprovação da matéria na primeira quinzena de junho.

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"Vamos negociar com o presidente Lira. O caminho é retirar a urgência e estabelecer um calendário. É preciso que ele defina o relator da matéria para que haja um debate com o país, com a sociedade", disse Guimarães, que defendeu um limite para votação até dia 15 de junho.

Marinho, por sua vez, defendia que a urgência fosse mantida. Ele participou de reunião pela manhã com Guimarães, líderes da base de apoio de Lula e vice-líderes do governo na Casa.

Após o encontro, o ministro chegou a afirmar que o debate da retirada não estava colocado no momento.

À tarde, ele se reuniu com a bancada do PT para discutir o projeto e, no começo da noite, com Lira. Ficou acertado que o texto deverá passar pela análise de três comissões temáticas da Casa.

Ainda não há definição sobre quem será o relator da matéria. O deputado Luiz Gastão (PSD-CE) é um dos cotados.

Interlocutores de Marinho afirmavam que o ministro relutava em retirar a urgência, uma vez que ela dá celeridade à tramitação do texto.

De outro, membros do próprio Palácio do Planalto avaliam que a proposta gerou um desgaste desnecessário ao Executivo —promessa de campanha de Lula, o texto também representa um gesto do petista aos motoristas, classe mais ligada ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A crítica principal, segundo relatos, foi a forma como o texto foi apresentado. Líderes afirmam, sob reserva, que não houve diálogo do Ministério do Trabalho na elaboração da proposta e que poucos parlamentares tinham conhecimento sobre o seu conteúdo.

Nesta manhã, Marinho minimizou as críticas sobre a falta de comunicação sobre o texto, afirmando que há uma "desconstrução do conteúdo" do projeto nas redes sociais.

"Ficamos 15 dias praticamente com o Parlamento com uma pauta pouco efetiva, isso atrapalhou muito o debate e diálogo com as lideranças", disse.

"Viemos mostrar cada item do projeto. Ele se trata de proteção ao trabalho, criar mínimas condições, e ao mesmo tempo enquadrar as empresas para cumprir uma lei que precisa ser estabelecida", afirmou.

O ministro também disse que está aberto para sugestões dos parlamentares, indicando que o texto pode sofrer alterações em seu conteúdo.

"O Parlamento é o local apropriado para mudanças eventuais, se assim o parlamento entender. Não é um projeto meramente de governo, ele foi construído com lideranças de trabalhadores e empregadores", disse.

Vice-líder do governo na Câmara, o deputado Alencar Santana (PT-SP) afirmou na reunião que é preciso um esforço dos parlamentares para reforçar a comunicação acerca do conteúdo da proposta.

"Nós temos de ter uma ofensiva de comunicação, porque se todos nós aqui entendemos que o projeto é bom, há no imaginário de alguns que não. A gente precisa de retaguarda, justamente, para poder ecoar melhor a nossa defesa", afirmou.

Há uma avaliação ainda de que a falha de comunicação gerou críticas com os próprios motoristas —houve manifestações dos trabalhadores contra a proposta em algumas capitais do país—, o que trouxe prejuízos à imagem do governo.

Diante disso, membros do Executivo passaram a avaliar se vale a pena seguir com a proposta.

Na tentativa de contornar as críticas e medir a temperatura no Congresso, Marinho se reuniu na semana passada com um grupo de parlamentares governistas e com o ministro Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais) para tentar traçar uma estratégia.

Também participaram membros da Secom (Secretaria de Comunicação Social) da Presidência. Ficou acertado que a pasta fará iniciativas para dar mais visibilidade à proposta.

O projeto do Executivo prevê contribuição ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), auxílio-maternidade e pagamento mínimo por hora de trabalho no valor de R$ 32,10 (que corresponde a um salário mínimo, hoje em R$ 1.412).

O governo calcula que a regulamentação poderá ter um impacto de mais de R$ 280 milhões na arrecadação por mês. A estimativa é que empresas contribuam com R$ 203 milhões por mês para a Previdência —já trabalhadores da categoria, com R$ 79 milhões.

O texto prevê que a jornada de trabalho em uma mesma plataforma não poderá ultrapassar 12 horas diárias. Os trabalhadores devem realizar pelo menos 8 horas diárias para receber o equivalente ao salário mínimo mensal.

Entidades que representam os motoristas criticam alguns itens da proposta, como o limite de jornada e o valor da remuneração.

O maior banco dos EUA virou uma agência de publicidade, The News

 

O banco JPMorgan Chase vai fazer com que anúncios sejam direcionados a clientes específicos com base no histórico de gastos de cada um deles.

Como funciona? Ao abrir o app do banco, ofertas personalizadas de descontos, cashbacks e produtos vão aparecer para pessoas selecionadas pela base de dados.

  • Por exemplo, quem gasta com ração, banho e tosa vai ver propagandas sobre pet shops. Já quem comprou uma passagem pode receber propostas de passeios turísticos.

A relevância: Com mais de 80 milhões de clientes e quase US$ 4 trilhões em ativos, o maior banco dos EUA também virou, agora, uma agência de publicidade.

Ao contrário do que normalmente acontece, as empresas só vão fazer o pagamento da publicidade ao banco depois que um cliente fizer a compra.

Ganha-ganha: Enquanto o JPMorgan Chase abre outra fonte de receita, as marcas reduzem o “desperdício” ao comprar anúncios que só vão ser vistos por consumidores com maior probabilidade de virarem compradores.

Os dados dos clientes não vão ser compartilhados com as empresas, e o banco garantiu que só vai direcionar os ads de acordo com o propósito de cada campanha.

Bottom-line: Em um teste de 30 dias feito com a AirCanada, a companhia aérea fez mais de US$ 6 milhões em vendas com anúncios da agência do Chase, com ticket médio de US$ 500 por cliente. It's all about the eyeballs…