terça-feira, 27 de março de 2012

Os fatores de competitividade no Brasil


Coluna Econômica - 27/03/2012 Nassif

Recém-saído da reunião da presidente Dilma Rousseff com os empresários nacionais, na sexta-feira passada, Jorge Gerdau fez a apresentação de encerramento da assmbléia de dez anos do Movimento Brasil Competitivo (MBC), a OSCIP criada como forum de parceria entre setor público e privado, visando a melhoria da gestão no país.
É um contraponto interessante à entrevista que Dilma Rousseff me concedeu semanas atrás.
Gerdau constatou que os governos se movem por períodos de quatro anos - que correspondem às eleições. Portanto, há a necessidade de definir uma visão estratégica que transcenda um mandato e possa ter continuidade.
Esse planejamento de longo prazo depende do amadurecimento do país e da consolidação de ideias e princípios. À medida que o governo vai incorporando metas e processos na sua gestão, essa exigência - da visão de longo prazo - acaba se impondo, diz ele.
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Do lado empresarial, a melhoria da eficiência depende fundamentalmente da área pública, diz ele. 40% do PIB é do setor público, 20% da União, 10% dos estados e o restante dos municípios.
Assim, cada ponto de avanço melhora a competitividade sistêmica da economia.
Nos produtos exportados, há pedaços de educação, de saúde, de inovação. As empresas precisam avaliar o conjunto de fatores, inclusive para apoiar aqueles que são essenciais para a economia.
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Em sua opinião, além da questão do câmbio, há 4 pontos que impactam diretamente a competitividade da indústria brasileira.
1. Educação.
Gerdau admite que houve bons avanços nos últimos anos. Mas julga que tem que se avançar mais, estabelecer metas atrevidas, mesmo que pareçam impossíveis de serem alcançadas.
O cidadão, o operário precisam ser integrados ao mercado de trabalho. Tem que se estabelecer uma meta de, em dez anos, eles alcançarem o grau de excelência de um operário sul coreano.
Recente pesquisa do IBOPE, bancada pelo Movimento Todos Pela Educação constatou que 40% dos alunos do 5o ano são analfabetos funcionais.
Esse ponto é fundamental, diz ele, como fator de viabilização das pequenas e médias empresas, já que as grandes conseguem se virar por conta própria.
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2. Logística.
3. Questão tributária.
Se se analisar a cadeia produtiva automobilística, e medir o impacto dos tributos federais (IPI, IR, Pis-Cofins), estadual (ICMS) e municipal (ISS, IPTU) vai-se constatar uma carga tributária escondida da ordem de 15% a 20%, contra zero dos importados.
Essas distorções têm provocado um aumento desmedida das importações de insumos, desestruturando a cadeia produtiva.
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Junto com a questão tributária vem a excessiva burocracia. Nos EUA, diz ele, as grandes empresas têm dez técnicos par cuidar de questões tributárias. A Gerdau tem 100, a Petrobrás, 900. É um exército de funcionários que poderia estar gerando riqueza, mas ficam imobilizados pelas questões burocráticas e pela complexidade do modelo tributário.
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O quarto ponto é a inovação, diz ele.
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Apesar desses problemas, Gerdau considera que nos últimos dez, quinze anos, os avanços foram fantásticos. E acredita que, mantendo o atual ritmo de gestão, 8 anos de Dilma poderão mudar a face do país.

sexta-feira, 23 de março de 2012

FGTS injeta R$ 94,4 bilhões na economia em 2011


Pautas | Secom - Presidência da República 22/03/2012 10:08:51 | 122 Acessos

 
Foram R$ 37,7 bi em financiamentos e R$ 56,7 bi em saques
O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) injetou R$ 94,4 bilhões na economia em 2011, sendo R$ 56,7 bilhões em saques e R$ 37,7 bilhões em financiamentos em habitação, saneamento básico e infra-estrutura urbana.
Somente os programas de habitação popular receberam financiamento de R$ 31,7 bilhões, para aquisição, construção, reforma de imóveis e urbanização de áreas ocupadas, que beneficiaram mais de dois milhões de brasileiros.
Os programas do FGTS também foram destinados ao Programa Minha Casa, Minha Vida. Em 2011, o Fundo destinou ao programa R$ 19,5 bilhões de recursos para financiamento habitacional, dos quais R$ 17,1 bilhões destinaram-se a famílias com renda de até cinco salários mínimos, resultado que superou em R$ 3,9 bilhões o volume de recursos de 2010.
Além desses recursos, o FGTS destinou R$ 5,3 bilhões para pagamento de parte do preço de aquisição da moradia dessa população, na forma de descontos em financiamentos habitacionais vinculados ao programa Carta de Crédito. No total, mais de 410 mil unidades financiadas receberam subsídios, das quais mais de 305 mil dentro do Programa Minha Casa, Minha Vida.
As 34 milhões de operações de saques somaram R$ 56,7 bilhões - 15,5% mais do que em 2010. Deste total, R$ 7,6 bilhões foram usados por cotistas do Fundo para quitar, comprar ou reformar a casa própria.
Resultado - Mesmo com o aumento dos saques, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) teve no ano passado um crescimento de 16,9% em relação a 2010. Em 2011, a arrecadação bruta foi de R$ 72,2 bilhões, o que propiciou uma arrecadação líquida, também recorde, de R$ 14,6 bilhões, 22,7% maior que em 2010.
O aumento se deve ao ritmo de formalização do mercado de trabalho. No ano passado, foram abertas 2,3 milhões de contas vinculadas do Fundo, elevando o número de trabalhadores beneficiados de 32,5 milhões para 34,8 milhões.
Os números positivos do Fundo, de acordo com a Caixa Econômica Federal, se devem ao aumento da renda nacional, à contínua geração de novos empregos e à estabilidade econômica brasileira. “O Conselho tem sempre buscado o consenso para dar celeridade às ações do Fundo e isso contribuiu para os números recordes de 2011”, diz o secretário-executivo do Conselho Curador do FGTS, Quenio Cerqueira.
Qualidade urbana - No setor de Infra-estrutura Urbana foi investido um total de R$ 2,1 bilhões nas 34 contratações efetivadas em 2011. Ao setor de saneamento básico foi destinado R$ 1 bilhão no financiamento de 24 obras de sistemas de abastecimento e manejo de água e no tratamento de esgotos, que melhoraram a qualidade de vida de cinco milhões de pessoas.
No ano passado foi possível, pela primeira vez, o saque por trabalhadores brasileiros residentes nos Estados Unidos e Japão, que sacaram R$ 7,1 milhões. A partir de maio, trabalhadores residentes na Europa também poderão sacar o benefício sem precisar se deslocar ao Brasil.
Orçamento deste ano prevê R$ 43,9 bilhões
O Fundo de Garantia tem um orçamento de R$ 43,9 bilhões para este ano (veja tabela). A maior parte dos recursos vai para habitação popular, sendo que R$ 4,4 bilhões serão oferecidos como desconto nos financiamentos de moradias para baixa renda.

Investimento do FGTS para 2012 (em R$ bilhões)
Destino
Orçamento

Financiamento para Habitação
29,5

Desconto em crédito para casa popular
4,4

Saneamento básico
5

Infraestrutura urbana
5

TOTAL
43,9

Fonte: FGTS/Caixa

Riscos e oportunidades no estilo rompedor de Dilma


Coluna Econômica - 23/03/2012

Ontem o PIB nacional reuniu-se com a presidente Dilma Roussef. O encontro faz parte do conjunto de iniciativas da presidência, visando estimular investimentos do setor privado e reerguer a indústria de transformação nacional.
É desafio para gente grande. Primeiro, desmontar a armadilha do câmbio e juros. Depois, melhorar o ambiente econômico. Simultaneamente, montar sistemas de defesa comercial e amparar setores mais vulneráveis à concorrência externa. Tudo isso em meio a uma guerra cambial e comercial que tenderá a se acirrar.
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Amparada em índices recordes de aprovação, Dilma ambiciona mais: não apenas mudar o ambiente econômico como também o político nacional.
Mudou as lideranças governistas no Congresso e passou a estimular dissidências nos partidos que compõem a base aliada. Sua intenção é instituir relacionamento republicano entre partidos, acabando com as barganhas e a apropriação da máquina pública pelos interesses partidários.
Trata-se de um velho sonho da opinião pública. A questão que se coloca é se a estratégia de abrir várias frentes de conflito é a mais adequada.
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Ao assumir a presidência da República, o ex-presidente Fernando Collor chegou com a gana de quem tem a bala única para utilizar, seja contra a hiperinflação herdada de Mailson da Nóbrega, seja em relação à economia fechada legada pelo regime militar.
Foi impichado, muito mais pelo não atendimento das demadas do que por seus erros pessoais.
Nenhum escapou desse jogo, nem Fernando Henrique Cardoso, nem Lula. Resistiram porque souberam agir com pragmatismo na frente política.
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Dilma está vivendo seu melhor momento. No decorrer do ano, o desemprego deve aumentar e a economia deve sofrer os abalos da crise internacional e da própria crise da indústria de transformação. Por enquanto, há índices recordes de geração de emprego, índices recordes de popularidade da presidente.
E no futuro? Quem conversa com Dilma sai com uma sensação e dois sentimentos diferentes. A sensação é a segurança que ela passa, a determinação, a vontade de mudar o país.
Os sentimentos, dúbios, vão entre a esperança de que ela caminha com segurança, mesmo no campo político; e o receio de que esteja abusando da auto-confiança.
Ela foi a campo, enfrentou velhos coronéis políticos encastelados nos partidos da base, sem ao menos ter a retaguarda de uma reforma política que reduzisse sua influência no jogo.
No Palácio, não há algodão entre cristais: é choque direto. Com exceção do vice-presidente Michel Temer - do PMDB - não parece haver o articulador capaz de apagar incêndios e promover mudanças menos radicais.
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Nas próximas semanas, Dilma deverá romper com o isolamento e conceder uma série de entrevistas a diversos veículos, o que ajudará a fortalecer seu discurso e sua estratégia.
Esse voluntarismo encanta, mas preocupa. O jogo político é insidioso e criativo para colocar presidentes em sinuca. E há um sentimento ainda não superado de revanche por parte da velha grande mídia.
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Um pouco de cautela e caldo de galinha não faria mal, neste momento.