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Foram R$ 37,7 bi em financiamentos e R$ 56,7 bi em saques | |||
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sexta-feira, 23 de março de 2012
FGTS injeta R$ 94,4 bilhões na economia em 2011
Riscos e oportunidades no estilo rompedor de Dilma
Coluna Econômica - 23/03/2012
Ontem o PIB nacional reuniu-se com a presidente Dilma Roussef. O encontro faz parte do conjunto de iniciativas da presidência, visando estimular investimentos do setor privado e reerguer a indústria de transformação nacional.
É desafio para gente grande. Primeiro, desmontar a armadilha do câmbio e juros. Depois, melhorar o ambiente econômico. Simultaneamente, montar sistemas de defesa comercial e amparar setores mais vulneráveis à concorrência externa. Tudo isso em meio a uma guerra cambial e comercial que tenderá a se acirrar.
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Amparada em índices recordes de aprovação, Dilma ambiciona mais: não apenas mudar o ambiente econômico como também o político nacional.
Mudou as lideranças governistas no Congresso e passou a estimular dissidências nos partidos que compõem a base aliada. Sua intenção é instituir relacionamento republicano entre partidos, acabando com as barganhas e a apropriação da máquina pública pelos interesses partidários.
Trata-se de um velho sonho da opinião pública. A questão que se coloca é se a estratégia de abrir várias frentes de conflito é a mais adequada.
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Ao assumir a presidência da República, o ex-presidente Fernando Collor chegou com a gana de quem tem a bala única para utilizar, seja contra a hiperinflação herdada de Mailson da Nóbrega, seja em relação à economia fechada legada pelo regime militar.
Foi impichado, muito mais pelo não atendimento das demadas do que por seus erros pessoais.
Nenhum escapou desse jogo, nem Fernando Henrique Cardoso, nem Lula. Resistiram porque souberam agir com pragmatismo na frente política.
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Dilma está vivendo seu melhor momento. No decorrer do ano, o desemprego deve aumentar e a economia deve sofrer os abalos da crise internacional e da própria crise da indústria de transformação. Por enquanto, há índices recordes de geração de emprego, índices recordes de popularidade da presidente.
E no futuro? Quem conversa com Dilma sai com uma sensação e dois sentimentos diferentes. A sensação é a segurança que ela passa, a determinação, a vontade de mudar o país.
Os sentimentos, dúbios, vão entre a esperança de que ela caminha com segurança, mesmo no campo político; e o receio de que esteja abusando da auto-confiança.
Ela foi a campo, enfrentou velhos coronéis políticos encastelados nos partidos da base, sem ao menos ter a retaguarda de uma reforma política que reduzisse sua influência no jogo.
No Palácio, não há algodão entre cristais: é choque direto. Com exceção do vice-presidente Michel Temer - do PMDB - não parece haver o articulador capaz de apagar incêndios e promover mudanças menos radicais.
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Nas próximas semanas, Dilma deverá romper com o isolamento e conceder uma série de entrevistas a diversos veículos, o que ajudará a fortalecer seu discurso e sua estratégia.
Esse voluntarismo encanta, mas preocupa. O jogo político é insidioso e criativo para colocar presidentes em sinuca. E há um sentimento ainda não superado de revanche por parte da velha grande mídia.
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Um pouco de cautela e caldo de galinha não faria mal, neste momento.
quinta-feira, 22 de março de 2012
O desafio de retomar os investimentos
Coluna Econômica - 22/03/2012
Hoje a presidente Dilma Rousseff reunirá 15 dos maiores empresários brasileiros para estimulá-los a investir mais no Brasil. Constatou-se que os grandes grupos estão com o caixa cheio e com alguma indecisão ainda em retomar investimentos graúdos. A intenção da presidente é estimular o chamado “espírito animal” do empresário.
Para deflagrar uma nova onda de investimento privado, no entanto, é importante entender melhor a dinâmica do desenvolvimento.
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O primeiro e mais relevante passo é a criação de um mercado interno robusto. Já se tem, tanto no mercado de consumo de massa quanto no que se convencionou chamar de “gargalos” – que nada mais são do que pontos de demanda não atendida.
Além disso, o pré-sal criará uma demanda adicional incalculável para os setores de máquinas e equipamentos, naval, de mobiliário etc.
Tendo-se a demanda, o passo seguinte é viabilizar a produção. Para tanto, há que se ter duas condições especiais: capital para financiar o investimento e condições de competitividade em relação ao produto importado.
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A primeira condição será alcançada com a mera redução da taxa Selic. A única influência da taxa é nas decisões de investimento. Baixando a Selic, os fundos de pensão, fundos de investimento, as próprias grandes companhias, terão que sair do conforto da renda fixa para a renda variável.
Hoje em dia já se tem um mercado de capitais bastante sofisticado para promover essa reciclagem da poupança.
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Resta o último grande desafio: a competitividade do parque industrial brasileiro.
Há duas maneiras de tornar o produto brasileiro competitivo: qualidade (mais inovação tecnológica) e preço.
Há uma lógica nos modelos cambiais: quando a economia é pouco competitiva, compensa-se com câmbio fraco, moeda desvalorizada. Isso faz com que se consiga competir nos mercados globais com preços baratos. Depois, à medida que as empresas vão ampliando as vendas, ganham fôlego para investir em pesquisa, inovação, novos produtos.
Todo grande modelo de desenvolvimento mundial – Inglaterra, Japão, Itália e Alemanha no pós-guerra, Coreia, China – percorreu esse caminho. A lógica é simples: só depois de ampliar as vendas externas, ganhar dimensão, ter escala, mercado, a empresa conseguirá fôlego para investir em pesquisa e inovação.
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Há outros fatores relevantes na definição de preço: o chamado custo Brasil. Entram nessa equação a estrutura de juros, o peso dos impostos, a infraestrutura, a burocracia pública. Quanto menos se avançar nesses itens, maior será o peso do câmbio.
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Na entrevista que me concedeu, algumas semanas atrás, a presidente Dilma Rousseff enfatizou que seu grande desafio será a consolidação do parque industrial brasileiro.
Por enquanto, a Fazenda tem avançado apenas em questões pontuais de defesa comercial ou desoneração tributária de um ou outro setor.
Trata-se de um anacronismo – em termos de política industrial. E, nesse ponto, os mercadistas têm razão: em vez da proteção de um ou outro setor, como que querendo tapar os furos de uma peneira, há que se avançar em soluções sistêmicas, que abranjam toda a economia brasileira.
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