quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

No dia que vem por aí


IVAN MARTINS - 28/12/2011 08h41 -

Que a gente consiga começar de novo

IVAN MARTINS
IVAN MARTINS É editor-executivo de ÉPOCA (Foto: ÉPOCA)
É difícil não sentir esperança. A vida parece ter sido feita para isso. Em vez de um tempo contínuo e inacabável, dentro do qual a nossa existência teria o ritmo dos bichos, habitamos um tempo fragmentado, dividido, que se encerra e recomeça por ciclos – de uma hora, de um dia, de um ano. Esses períodos definem a nossa existência e ajudam a dar sentido a ela. Eles fomentam a esperança.
Lembro de uma conversa, já antiga, em que alguém me explicava, do fundo de uma grande tristeza, o alento que recebia de cada manhã. “Hoje”, ela me disse, “eu posso ser totalmente diferente do que fui ontem, mudar a minha vida, mudar eu mesma e começar do zero. Cada novo dia me apresenta a possibilidade de ser outra pessoa e deixar a dor para trás.” Essa não é uma definição soberba de estar vivo? Andamos tão presos ao passado que ignoramos a possibilidade de mudança embutida no futuro. Começar de novo é a maior delas – para todos nós.
Houve um tempo, quando criança, em que eu costumava me imaginar um homem feito. Teria 25 ou 30 anos, seria veterinário ou agrônomo, seria casado com uma mulher com cabelos de índia e olhos de jabuticaba e viveria, com ela e três filhos, numa casinha rural rodeada de colinas, com cerca de madeira e chaminé, como as crianças costumam desenhar. Nesse cenário idílico, que nunca se materializou, eu seria feliz, destemido e generoso, como os heróis dos livros. Sobretudo, eu estaria pronto, teria me tornado um adulto perfeito – e os adultos, toda criança sabe, não têm medos ou dúvidas.
Os anos se passaram e, a cada 12 meses, a criança que eu era se confronta com o adulto que eu sou. A conversa nem sempre é tranquila, mas é fundamental que ela aconteça. O cara que eu me tornei deve satisfações à criança que eu fui. Tem de lidar com os sonhos dela e com as ilusões que ela engendrava sobre o futuro. O homem tem de contar para o menino que as coisas não são como ele sonhava, que a gente não faz a vida exatamente como quer, mas que, nem por isso, deixamos de ser dignos e bons. É importante que a criança dentro de nós saiba, também, que nunca estamos realmente prontos, nunca crescemos inteiramente, e que as nossas dores – e essa é a pior parte da conversa – não somem quando ficamos adultos. Seguem conosco, mesmo não sendo parte de nós. São como espinhos na nossa carne, e é preciso arrancá-los. Existe, afinal, a esperança de viver sem eles no ano que vem, na semana que vem, amanhã.
A moça com cabelos de índia e olhos de jabuticaba tomou outras formas ao longo do tempo. Foi loira, teve olhos castanhos, cabelos crespos. Mas, em cada mulher real, havia algo da Eva infantil, primordial, que eu procurava como se fosse uma resposta absoluta. Aí há outra complexidade que o menino não previra. Parece não haver uma mulher na nossa história, mas várias. Parece não haver uma única resposta, uma única possibilidade. Também nesse terreno (o do amor), podemos tentar, recomeçar, sonhar, sofrer – ter alegrias e surpresas, enormes.
Então, eu penso, que venha o Ano Novo.
Que venham os velhos e novos amigos. Que o amor encontre o seu lugar na nossa vida e que saibamos reconhecê-lo, preservá-lo ou deixá-lo morrer, quando for preciso. Que o ano nos traga coragem para fazer coisas novas, coragem também para lidar com as coisas antigas que deixamos de lado. Que neste ano a gente se encontre – uns aos outros e a nós mesmos – de um jeito que produza mudança e transformação. Sem auto-indulgência, sem auto-piedade, sem mi-mi-mi. Que 2012 venha para alegrar a criança que fomos e nos ajudar a ser os adultos que merecemos ser – no novo ano, na próxima semana, no dia que vem por aí.

Ficou maior. E daí?



27 de dezembro de 2011 | 3h 04
CELSO MING - O Estado de S.Paulo
Ontem o Guardian - importante diário de Londres - publicou matéria que já considera o Brasil a 6.ª maior economia do mundo, ultrapassando a do Reino Unido - segundo conclusões de consultoria privada inglesa. A "novidade", no entanto, já constava em dados divulgados pelo FMI em setembro, mas pouca gente deu importância à projeção (veja a tabela).
O risco é o de que agora o governo de Brasília e o cidadão médio deem mostras de subdesenvolvimento e recebam a informação com doses excessivas de autolouvação - e, assim, se perca o senso de realidade.
Também em economia, o brasileiro tende a se considerar maioral. E, como no futebol, continua nutrindo a sensação de campeão do mundo. Lá pelas tantas, sobrevém a lavada de 4 a 0 do Barcelona em cima do Santos para devolvê-lo ao rés do chão. Assim, é preciso ver com objetividade notícias assim e a confirmação que virá mais cedo ou mais tarde.
Tamanho do PIB é como tamanho de caneca. E o Brasil é um canecão. Tem quatro vezes a população do Reino Unido e 35 vezes a sua área territorial. Natural que, mais dia menos dia, ultrapasse o tamanho da economia de países bem mais acanhados em massa consumidora e extensão.
Enfim, é necessário examinar esses conceitos não só pela dimensão da caneca, mas também pela qualidade de seu conteúdo. A renda per capita britânica, por exemplo, é mais de três vezes maior do que a do Brasil e a partir daí se começa a ver as coisas como realmente são.
A economia brasileira ainda é um garrafão de mazelas: baixo nível de escolaridade, concentração de renda, bolsões de miséria, déficit habitacional, grande incidência de criminalidade, infraestrutura precária, enorme carga tributária, burocracia exasperante, Justiça lenta e pouco eficiente, corrupção endêmica... e por aí vai.
É claro que isso não é tudo. O potencial é extraordinário não só em recursos naturais, como também em capacidade de inovação e de flexibilidade da brava gente.
Mas há a energia que domina um punhado de emergentes - e não só o Brasil. Enquanto o momento é de relativa estagnação dos países de economia avançada, é ao mesmo tempo de crescimento bem mais rápido das economias em ascensão.
Esse grupo, liderado pela China (que ultrapassou neste ano o Japão como 2.ª economia do mundo), responde hoje por cerca de 40% do PIB mundial, ou seja, por 40% de tudo quanto é produzido no planeta. É também o destino de nada menos que 37% do investimento global - registra levantamento do grupo inglês HSBC.
Tal qual em outros temas, estimativas variam de analista para analista. Mas é praticamente inexorável que, até 2050, pelo menos 19 emergentes estarão entre as 30 maiores economias do mundo.
Mais impressionante é a velocidade do consumo. Só a China incorpora ao mercado perto de 30 milhões de pessoas por ano. Na Ásia, a classe média - diz o mesmo relatório do HSBC - corresponde a 60% da população (1,9 bilhão de pessoas).
Boa pergunta consiste em saber se o mundo aguenta esse novo ritmo de produção e consumo.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

SP inicia programa de proteção e limpeza da Guarapiranga



Conjunto de ações serão realizadas para garantir a preservação da represa
(Atualizado às 15h28)
O governador Geraldo Alckmin deu início nesta terça-feira, 27,  às operações do Nossa Guarapiranga - Programa de Proteção e Limpeza do Reservatório Guarapiranga. O projeto tem como objetivo melhorar a qualidade ambiental de um dos principais mananciais que abastece a região metropolitana de São Paulo, minimizar riscos à qualidade da água, conter a ocupação de Áreas de Preservação Permanente (APP), e garantir condições de múltiplos usos da Guarapiranga, como a prática de lazer e de esportes náuticos.

"Estamos iniciando pela Guarapiranga que é uma grande fonte de abastecimento de  água São Paulo. São 11 barreiras para evitar que o lixo chegue à represa. Vamos começar com 20m³ de lixo presos por dia nessas ecobarreiras, então não vai chegar à represa nem plástico, garrafa pet, vidro, todo tipo de sujeira. E em maio, começa um barco feito especialmente para isso, para tirar a sujeira de águas mais profundas", afirmou o governador.

Foram instaladas 11 barreiras ("ecobarreiras") de contenção de lixo nos deltas dos principais córregos que deságuam na represa. Também foram contratados 10 botes para coletar a sujeira retida e um barco para fazer o transbordo do lixo recolhido, que seguirá para aterros sanitários regulares. A meta é recolher 20 m³ de resíduos por dia em média.

Para tanto, serão investidos R$ 12,2 milhões ao longo da vigência do contrato, que tem duração de 28 meses, ou seja, até outubro de 2013. A empresa contratada - a VA Engenharia - já está operando.

Também como parte do Nossa Guarapiranga, em abril próximo um barco de grande porte entrará em operação, destinado à coleta de lixo em profundidades de até 6 metros.

Além disso, a Sabesp está adquirindo uma segunda embarcação de porte que cuidará da retirada de macrófitas (algas), cujo crescimento excessivo tem ocasionado transtornos ao abastecimento público, em razão do entupimento das grades da captação, e vem afetando o uso das águas da Guarapiranga para atividades náuticas e de lazer. Este barco também tem entrega prevista para abril de 2012. A Fundação Unesp foi contrata para fornecer um plano de manejo e controle que definirá as condições da retirada da vegetação aquática.

Os benefícios alcançarão diretamente as cerca de 1 milhão de pessoas que vivem nas proximidades da Guarapiranga e, indiretamente, 2 milhões de habitantes abastecidos com as águas do manancial na RMSP.

Da Sabesp