Presidente do Supremo faz declaração após peemedebista dizer que operação contra Polícia Legislativa foi ato 'fascista' e chamar juiz de 'juizeco'
Julia Lindner,
O Estado de S.Paulo
O Estado de S.Paulo
25 Outubro 2016 | 10h46
BRASÍLIA - A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Carmen Lúcia, rebateu nesta terça-feira, 25, as críticas do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ao juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10.ª Vara da Justiça Federal de Brasília. "Onde juiz for destratado, eu também sou", declarou Carmen. A ministra declarou ainda que o Judiciário exige respeito dos demais Poderes da República.
Oliveira autorizou, na sexta-feira passada, a prisão de quatro policiais legislativos, além de uma operação de busca e apreensão na sede da Polícia Legislativa no Congresso Nacional. Na segunda-feira, 24, Renan disse que a operação foi "fascista" e chamou Oliveira de "juizeco". Na sessão do Conselho Nacional de Justiça desta terça-feira, 25, Carmen avaliou que "não é admissível que qualquer juiz seja diminuído ou desmoralizado fora dos autos".
"Todas as vezes que um juiz é agredido, eu e cada um de nós juízes é agredido. E não há a menor necessidade de numa convivência democrática livre e harmônica, haver qualquer tipo de questionamento que não seja nos estreitos limites da constitucionalidade e da legalidade", disse. Carmen destacou que possíveis erros jurisdicionais ou administrativos devem ser questionados "nos meios recursais próprios".
A presidente da instituição frisou que o CNJ foi instituído não só para fiscalizar as práticas dos magistrados, mas para garantir a autonomia, "a independência e a força do Poder Judiciário. "Respeito que nós devemos e guardamos com os Poderes e evidentemente exigimos igualmente de todos os Poderes em relação a nós", declarou Carmen.
"(Na Constituição) se tem que são Poderes da República independentes e harmônicos, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Numa democracia, o juiz é essencial como são essenciais os membros de todos os outros Poderes, repito que nós respeitamos", frisou. "Queremos também, queremos não, exigimos o mesmo e igual respeito para que a gente tenha democracia fundada nos princípios constitucionais", continuou.
"Somos todos igualmente juízes brasileiros querendo cumprir nossas funções. Espero que isso seja de compreensão geral (...) O mesmo respeito que nós, Poder Judiciário, dedicamos a todos os órgãos da República, afinal somos sim independentes e estamos buscando a harmonia em benefício do cidadão brasileiro. Espero que isso não seja esquecido por ninguém, porque nós juízes não temos nos esquecido disso", finalizou Carmen.
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