Durante o mês de junho, a TV Globo passou a exibir uma propaganda chamada “Agro é Pop”, produzida pela própria emissora para fortalecer o agronegócio no país. Mas o que existe por trás dessa aliança, que inclui o próprio presidente interino Michel Temer?
A relação dos grandes veículos de comunicação com os setores hegemônicos da economia brasileira não é novidade para ninguém. Há poucos dias atrás a Rede Globo, começou a circular em seus canais a propaganda “Agro é Pop”.
Junto a isso, a emissora é agora um dos principais veículos de divulgação de campanhas publicitárias da JBS-Friboi e produtora de conteúdo para a empresa com uma plataforma digital instalada na Globo.com. Financiadora de 50% das campanhas do PT e do PSDB em 2014 e alvo da Operação Lava Jato, o grupo JBS doou oficialmente R$ 22,6 milhões ao PMDB em 2014 de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE.).
A JBS já foi fiscalizada diversas vezes com relações de trabalho análogo a escravidão, danos morais coletivos, descumprimento de normas trabalhistas, compra de gado de fazenda inclusa na lista suja do trabalho escravo e da família do maior desmatador da Amazônia (família Castanha).
Mas o que existe por trás dessa aliança entre a Rede Globo e o agronegócio? E qual a relação do presidente interino Michel Temer com isso?
Esse processo de aproximação entre a Rede Globo, considerada um dos veículos “articuladores” do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff por seus opositores, com o agronegócio, ocorre ao mesmo tempo em que o presidente interino Michel Temer também tenta fortalecer essa relação.
No final de junho, o presidente interino sancionou a lei Nº 12.201/16, que permite a pulverização aérea nas cidades do Brasil para “comnbater o Aedes Aegypti”.
Com essa medida, o governo tenta fortalecer o agronegócio, um dos mercados mais lucrativos da economia brasileira — além de um dos principais financiadores de campanha política, com forte presença no Congresso Nacional, através da Bancada Ruralista.
Com o mesmo objetivo, o governo interino nomeou Blairo Maggi para o Ministério da Agricultura, o famoso “rei da soja”. Durante os anos de crescimento do uso de agrotóxico, as empresas do “rei da soja” dispararam seus lucros. Em 2011, todas suas empresas juntas faturaram cerca de U$3,78 bilhões — cerca de 60,8% a mais na comparação com a receita dos três anos anteriores. Mesmo em crise, o mercado ainda favorece positivamente o agronegócio e as empresas do atual ministro interino.
No dia 4 de julho, em mais uma investida de Temer na área, o presidente interino marcou presença no evento internacional Global Agribusiness Forum 2016, principal encontro do agronegócio mundial, realizado em São Paulo.
Lá, o presidente interino foi fortalecido pelos empresários do agronegócio, após ter sancionado a lei que deve favorecer os lucros dessas empresas. Das mãos da Confederação Nacional da Agricultura, recebeu um manifesto assinado por 45 entidades, afirmando que Temer tem “legitimidade consitucional”, além de contar “com o comprometimento de uma equipe econômica competente”.
Segundo o dossiê Abrasco, cerca de 34.147 notificações de intoxicação pro agrotóxico foram registradas de 2007 a 2014. O período coincide justamente com a porcentagem de aumento do uso de agrotóxicos no Brasil, cerca de 288% entre 2000 e 2012. Só em 2014, a indústria responsável faturou mais de U$12 bilhões no Brasil.
Com a investida em prol do agronegócio pelos meios de comunicação e pelo próprio governo interino, o que parece surgir é uma tentativa de criar uma espécie de “bloco de resistência” contra uma possível reviravolta no processo de impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff.
A Bancada Ruralista conta com uma forte presença no Congresso Nacional — sendo dela o papel articulador da “virada de jogo” contra Dilma no começo deste ano, tornando possível a aprovação do seu processo de impeachment na Câmara dos Deputados.
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