quarta-feira, 9 de abril de 2014

Governo quer destravar obras de miniusinas


Há 699 projetos à espera de licença; alta na capacidade seria de 5,6%
Aumento na oferta de energia, no entanto, só viria daqui a 2 anos; preço é maior que o de grandes hidrelétricas
NATUZA NERYJÚLIA BORBADE BRASÍLIA
O governo quer acelerar o processo de autorização para a construção de diversas usinas hidrelétricas de pequeno porte no país.
Segundo apurou a Folha, a avaliação do Executivo é que as obras ajudariam a aumentar a oferta de energia, sinalizando ao mercado uma oferta mais confortável em dois ou três anos.
O setor aponta como principais entraves para essa alternativa de geração a demora na concessão de licenças ambientais e o preço --a energia das chamadas pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) é cara na comparação com a das grandes usinas, que têm ganhos de escala.
Atualmente, há 669 projetos para construção de PCHs parados na Agência Nacional de Energia Elétrica à espera da licença ambiental, de responsabilidade dos Estados. A estimativa é da Abragel (Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa).
Juntas, essas pequenas hidrelétricas representariam um acréscimo de 7.139 megawatts no sistema elétrico, ou 5,6% da capacidade instalada atual do país.
Esse volume equivale à previsão de expansão da oferta de energia neste ano --6.000 a 8.000 megawatts.
O prazo para a construção de uma PCH, no entanto, é de 24 a 36 meses.
De acordo com Charles Lenzi, presidente da Abragel, a aproximação do setor com o governo começou há cerca de dois anos. No momento, cresceu a possibilidade de essas usinas conquistarem espaço nos leilões para a venda de energia para as distribuidoras, segundo ele.
"Temos agora uma expectativa muito grande em vista da conjuntura do momento, em que qualquer expansão é necessária e bem-vinda", diz.
As PCHs tradicionalmente operam no mercado livre, em que as grandes indústrias compram a energia diretamente das geradoras. Por causa da seca, o preço chega a R$ 822 nesse mercado.
No ano passado, 24 pequenas centrais hidrelétricas conseguiram vender sua energia em leilão. O preço do megawatt produzido foi de cerca de R$ 140.
Até 2013, apenas outras 24 PCHs haviam conseguido comercializar energia em leilão, justamente porque não conseguiriam financiar a obra mantendo preços atrativos.
Para ser vantajosa a construção e a operação do empreendimento, o setor diz que seria ideal conseguir uma tarifa entre R$ 175 e R$ 180.
Os R$ 140 obtidos em 2013, no entanto, são altos se comparados aos R$ 95,40 obtidos no último leilão para contratar energia nova --de usinas ainda a ser construídas-- em dezembro do ano passado.

Consumo cai em março, mas patamar supera em 4% o de 2013
PEDRO SOARESDO RIOO mês de março deste ano registrou a primeira queda no consumo de energia desde junho de 2013, segundo dados do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).
De fevereiro para março, a chamada carga de energia (geração das usinas, que corresponde ao consumo somado às perdas no sistema de transmissão) caiu 6,2%.
Na comparação com março de 2013, porém, a carga no conjunto do país está 4% mais alta. Foi o menor avanço desde dezembro (2,8%).
No acumulado dos últimos 12 meses encerrados em março, o consumo também registra expansão, de 3,9%.
SAMBA, CALOR E CRISE
O recuo de consumo de energia em março tem pelo menos três causas, segundo o Operador Nacional do Sistema.
Uma delas é o fato de que o Carnaval, normalmente celebrado em fevereiro, ocorreu mais tarde em 2014.
Com isso, março teve um menor número de dias úteis, e o gasto de energia das empresas foi menor.
Outra é a redução da utilização da capacidade instalada da indústria. Os dados do órgão não permitem, no entanto, uma divisão setorial.
Uma terceira é que as temperaturas em março não foram tão altas quanto as de fevereiro, principalmente no Sul e no Sudeste/Centro-Oeste (regiões integradas do ponto de vista energético).
Com isso, o consumo caiu 6,3% no Sudeste/Centro-Oeste, áreas que mais demandam energia no país.
A região Sul teve, proporcionalmente, a queda mais acentuada do país, com 12,1%. Nas regiões Nordeste e Norte, a redução da carga foi menor: de 1,3% e 0,5%, respectivamente.

    Nenhum comentário: