sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

Alckmin anuncia especialista em China para Secretaria de Comércio Exterior FSP

 Geraldo Alckmin (PSB), vice-presidente eleito e futuro ministro do MDIC (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, anunciou a colunista da Folha Tatiana Prazeres para chefiar a Secretaria de Comércio Exterior da pasta.

Com o convite, Alckmin sinaliza a importância que pretende dar à China, país onde Tatiana morou entre 2019 e 2021.

Prazeres encerrará sua coluna no jornal, de acordo com o o que manda o Manual da Redação.

A futura secretária de Comercio Exterior, do Ministerio do Desenvolvimento, Tatiana Lacerda Prazeres (Foto: Sergio Lima/Folhapress PODER) - Folhapress

Prazeres é servidora de carreira do MDIC e já foi secretária de Comércio Exterior na gestão da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Foi professora na Universidade de Negócios Internacionais e Economia em Pequim e atualmente dirige o departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp (Federação da Indústria do Estado de São Paulo).

Alckmin foi escolhido pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para comandar o ministério após ter recebido recusas de empresários. Ao anunciá-lo, Lula pediu para ele ser uma espécie de "mascate" do Brasil e vender o país no exterior.

Outro colunista do jornal convidado para ir para o governo é Mathias Alencastro, que aceitou e será assessor internacional do futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Especialista em relações internacionais, ele é pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e professor da Universidade Federal do ABC. Ele também deixará de escrever para a Folha.


Alvaro Costa e Silva -Pelé e o Maracanã, FSP

 

Dois dos maiores símbolos do futebol brasileiro no mundo, Pelé e o Maracanã viveram uma relação amorosa com lances sensacionais. Tudo começou quando o jogador do Santos, aos 16 anos, pisou pela primeira vez no estádio vestindo a camisa da seleção para marcar o gol de honra do Brasil contra a Argentina, que venceu por 2 a 1. Estava em disputa a velha Copa Roca e, a partir daquele 1957, a estatística de vitórias favorável aos hermanos foi diminuindo. Era o fator Pelé.

No ano seguinte, Nelson Rodrigues, profético, já o chamava de rei do futebol, depois de o Santos bater o América por 5 a 3, pelo torneio Rio-São Paulo. O garoto desequilibrou o jogo no Maracanã, fazendo quatro gols: "Dir-se-ia um rei, não sei se Lear, se imperador Jones, se etíope. Racialmente perfeito, do seu peito parecem pender mantos invisíveis".

Pelé salta para cabecear a bola na vitória do Santos sobre o Benfica, no Maracanã - Acervo Última Hora - 19.set.1962/Folhapress

Em outro Rio-São Paulo, o de 1961, o gol que mereceu uma placa na parede do hall de elevadores do estádio. Com invejável equilíbrio, velocidade e visão de campo, Pelé driblou sucessivamente cinco defensores do Fluminense e desviou, com leve toque, a bola para o fundo das redes do goleiro Castilho. Ele tinha 20 anos, e ninguém mais duvidava de que se tornaria o melhor jogador de todos os tempos. Sem ajuda da internet —que hoje pode transformar um pereba em craque por um único lance de sorte exibido ao infinito.

Conseguiu fazer do Santos um clube quase carioca, um time que se sentia em casa no Maracanã. Na lista de 69 gols que marcou no ex-maior do mundo, fez o primeiro e o terceiro na vitória sobre o Benfica, por 3 a 2, na primeira partida do Mundial de Clubes de 1962. Escolheu o estádio como palco do gol 1.000, em 1969, e da sua despedida da seleção, em 1971, num amistoso contra a Iugoslávia. Aos 31 anos, saiu de campo agitando a camisa amarela num adeus. O Maraca, com 140 mil presentes, gritava: "Fica! Fica! Fica!"

Pelé fica para sempre.

Luis Fernando Verissimo: Pelé, o reinventor, OESP

 O Santos veio jogar em Porto Alegre e o menino entrou no segundo tempo. Eu gostaria de dizer que identifiquei logo o gênio, mas não seria verdade. Só me impressionei com a sua pouca idade, ele parecia ainda não ter físico para jogar com gente grande.

Como o resto do Brasil, descobri que Pelé era um fenômeno apenas na Copa de 58. Quando morei no Rio de Janeiro, eu ia ao Maracanã ver o Pelé jogar. O Maracanã enchia para ver o Pelé jogar, não importava contra quem. Um caso raro no mundo de jogador que tinha sua torcida particular, muito maior do que a torcida do seu clube.

Ele era brilhante. Mas nunca se viu ele fazer uma brilhatura só pela brilhatura. A jogada espetacular do Pelé era sempre um meio para chegar mais rapidamente ao fim, que era o gol. Se para chegar no gol adversário ele ia reinventando o futebol pelo caminho, melhor para nós.

Pelé posa com uma bola em seu primeiro ano de seleção brasileira: primeira convocação foi aos 17 anos. 01/10/1958
Pelé posa com uma bola em seu primeiro ano de seleção brasileira: primeira convocação foi aos 17 anos. 01/10/1958 Foto: Arquivo/ Estadão Conteúdo