sexta-feira, 1 de setembro de 2023

Dino no STF vira candidato a presidente, dizem lideranças do PT, FSP

 A possibilidade de Lula (PT) indicar o ministro da Justiça, Flávio Dino, para o Supremo Tribunal Federal (STF) intensificou no PT o debate sobre eventual candidatura dele à Presidência da República.

Lula e o ministro Flávio Dino durante lançamento do novo Pronasci, no Palácio do Planalto - Gabriela Biló-15 mar.23/Folhapress

LINHA DE SUCESSÃO

O partido se dividiu: uma ala acredita que, indo para o STF, Dino deixa para trás qualquer plano que teria de suceder Lula. O que seria excelente para a legenda, que pretende disputar a sucessão do atual presidente na cabeça de chapa assim que ele decidir não disputar mais eleições.

LINHA 2

Outras lideranças da legenda apostam no contrário: como ministro da Corte, Dino ocuparia um dos cargos de maior poder da República, ganhando visibilidade até maior da que já tem no debate nacional. E seu nome seguiria forte no páreo da sucessão.

TEMPO REI

Em todas as hipóteses, Dino teria tranquilidade: caso Lula seja candidato à reeleição em 2026, ele poderia ficar mais quatro anos no STF esperando a vez de então se candidatar à sucessão do petista, em 2030.

SALTO

Se o atual presidente não quiser disputar em 2026, o que é considerado altamente improvável, ainda assim Dino poderia deixar a Corte daqui a quase quatro anos para se lançar candidato, se o quadro político fosse favorável a ele.

ONDE ESTÁ

Caso nada disso aconteça, e os ventos da política impulsionem a candidatura de outra liderança, como, por exemplo, Fernando Haddad, o atual ministro da Justiça poderia ficar por tempo indeterminado no STF, onde manteria poder e prestígio.

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terça-feira, 29 de agosto de 2023

Vale substituirá diesel por amônia, hidrogênio verde e etanol, diz Bartolomeo, RF

 Valor Econômico – O diretor-presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, afirmou na noite desta segunda-feira (28), no congresso Exposibram, promovido pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) em Belém, que a companhia trabalha para substituir o óleo diesel utilizado pela companhia no transporte de minério por trem e caminhão. Ao todo, a companhia consome a cada ano um bilhão de litros de diesel, metade no transporte ferroviário, e o restante em caminhões.

No caso do transporte ferroviário, Bartolomeo explicou que a Vale pretende substituir o diesel por hidrogênio e amônia verdes. Já nos caminhões o diesel daria lugar ao etanol. Bartolomeo defendeu ainda, durante sua fala inicial no painel de abertura do congresso, uma transição no país do gás natural para o hidrogênio verde. “Tenho certeza que o Brasil vai ser a maior potência de energia limpa do mundo”, afirmou.

O executivo lembrou que o país já conta com os minerais necessários para produzir o chamado “aço verde” (cujo processo de fabricação gera muito menos emissões de CO2) e também baterias para os carros elétricos.

Ao comentar as mudanças pelas quais passa a indústria de mineração, o diretor-presidente da Vale frisou que a companhia reduziu drasticamente o percentual de acidentes, a partir de um foco total na segurança de trabalhadores e de processos.

Contribuição para a transição energética

Na abertura Expo & Congresso Brasileiro de Mineração (ExposIbram), Bartolomeo disse que a mineração tem “muito a contribuir” para ajudar o Brasil a assumir uma posição de liderança na transição energética. Segundo o executivo, o setor tem papel importante na redução das emissões de gases de efeito estufa e na mitigação das mudanças climáticas no mundo.

A empresa estabeleceu objetivos e prazos definidos nessa direção. As metas são reduzir as emissões em 33% nas suas operações até 2030 e em 15% junto a fornecedores e clientes siderúrgicos até 2035. Também é meta da Vale alcançar, até 2050, zero emissões líquidas de carbono.

“Nosso negócio está focado em duas grandes plataformas: soluções de minério de ferro para descarbonizar a siderurgia e metais para a transição energética. Em minério de ferro, contamos com um portfólio de produtos de alta qualidade e tecnologia. Na transição energética, oferecemos metais como o níquel e o cobre, essenciais para as baterias de veículos elétricos”, frisou o executivo, destacando a criação da Vale Base Metals, uma parceria estratégica com a Manara Minerals e a Engine Nº 1. Com a nova empresa, a previsão é de investimentos na ordem de R$ 50 bilhões pela próxima década no Brasil em projetos de níquel e cobre, além da ampliação de empregos, arrecadação e oportunidades para fornecedores no país, sobretudo no Pará.

Há quase 40 anos no Pará, a Vale gera atualmente cerca de 60 mil empregos, entre trabalhadores próprios e contratados em suas operações.

Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2023/08/28/indstria-de-minerao-tem-muito-a-contribuir-na-transio-energtica-diz-presidente-da-vale.ghtml

A direita é mais subversiva que a esquerda?, Joel Pinheiro da Fonseca, FSP

 Você já ouviu a nova sensação do country americano, Oliver Anthony? Até poucas semanas atrás ele era desconhecido. Eis que sua canção "Rich Men North of Richmond" viralizou nas redes.

A música é um manifesto doído de um eu-lírico que representa o trabalhador comum, esquecido e espremido entre as elites governantes —que querem o controle total da sociedade— e os imprestáveis que sugam do Estado de bem-estar.

Anthony se diz contra os dois partidos, mas está bem claro que a mensagem de suas músicas ressoa muito mais com um lado do espectro. A referência à suposta pedofilia das elites governantes não deixa dúvida.

Candidatos republicanos assistem e ouvem o videoclipe da música "Rich Men North of Richmond" de Oliver Anthony no primeiro debate presidencial dos pré-candidatos republicanos à Casa Branca em 2024
Candidatos republicanos assistem e ouvem o videoclipe da música "Rich Men North of Richmond" de Oliver Anthony no primeiro debate presidencial dos pré-candidatos republicanos à Casa Branca em 2024 - Brian Snyder - 23.ago.23/Reuters

O hit vem menos de um mês depois de outro sucesso da contracultura, o country-rock "Try That in a Small Town" ("Tente fazer isso numa cidade pequena"), de Jason Aldean. O título é um desafio: condutas criminosas ou rebeldes, comuns em cidades grandes, seriam violentamente combatidas por cidadãos patrióticos armados nas cidades pequenas.

Acha que pode roubar carros ou queimar a bandeira americana impunemente? Então tente fazer isso numa cidade pequena para ver o que te acontece. No clipe oficial a mensagem é ainda mais explícita: vemos cenas não só de criminalidade, mas também de protestos do Black Lives Matter.

Indo para o audiovisual, o mesmo fenômeno: entre os recordes de Barbie Oppenheimer, a grande surpresa do ano é o filme "Sound of Freedom", sobre um agente federal que combate o tráfico de crianças e pedofilia (de novo o mesmo tema…).

Espectadores do filme —que estão lá quase sempre pela mensagem política que seu ato representa— alegam que há uma sabotagem intencional do sistema para tirá-lo de circulação. Reproduzem relatos do ar condicionado sendo desligado durante a projeção.

Embora os relatos de perseguição sejam fantasiosos, o fato é que há sim uma má vontade, um desdém, das vozes culturais dominantes com esse tipo de conteúdo, e essa atitude ajuda a obra provocadora vinda de baixo. Algo saiu do controle.

Já no campo progressista, vemos o fenômeno diametralmente oposto. As grandes marcas, estúdios e gravadoras adotam uma agenda de inclusão e diversidade mais agressiva, mas colhem resultados pífios. Há uma lacuna entre certas bandeiras e o grande público.

filme "Elementos", animação 3D da Pixar, é o primeiro da empresa ter um personagem não-binário, que é referido com pronome neutro. O filme, contudo, foi um fracasso na estreia e, mesmo com desempenho bom ao longo das semanas seguintes, não tem um resultado espetacular.

live-action de Pequena Sereia, com a Ariel negra, também decepcionou. A presença de valores progressistas não é o bastante para levar as multidões a consumir a obra.

Outro exemplo: a campanha da cerveja Bud Light com uma mulher trans —Dylan Mulvaney. A campanha foi um tiro no pé e é reconhecida como uma das causas da perda de liderança da cerveja no mercado.

Um lado tem o dinheiro, o know-how técnico e os meios de distribuição. O outro tem baixo orçamento e depende do boca a boca. No entanto, só um deles consegue transformar sua agenda em sucesso financeiro e de público. É um fato: hoje, a direita sabe ser mais subversiva culturalmente do que a esquerda. O gostinho do proibido está com ela.

No Brasil, essa divisão já é realidade no mercado de livros faz alguns anos, e temos a produtora Brasil Paralelo que faz documentários com esse espírito de "direita subversiva". Que eu saiba, no entanto, não temos ainda filmes de ficção e músicas no filão. Ainda.


https://www.youtube.com/watch?v=eDBU29Nu6Us