quarta-feira, 7 de maio de 2025

Trump e os cem dias de fracasso, Deirdre Nansen McCloskey, FSP

 A expressão "primeiros cem dias" ressoa na história dos EUA. Foi aplicada pela primeira vez ao governo de Franklin Roosevelt nos cem dias após 4 de março de 1933. Roosevelt usou sua enorme maioria no Congresso para aprovar muitas leis que correspondem a uma verdadeira crise —25% de desemprego e falência em massa, como a do meu avô, um eletricista, quando seu banco faliu.

O "New Deal" de Roosevelt tinha três objetivos. Algumas das leis deram alívio às pessoas famintas. Foram boas e eficazes. Outras geraram reformas, como favorecer fortemente os sindicatos e regular os bancos de perto. Não foram tão boas, e muitas vezes ineficazes. O terceiro objetivo durante os cem dias e no restante da década de 1930 —a recuperação da Depressão— simplesmente não aconteceu. Foi um grande fracasso.

Como George Selgin documenta em um livro brilhante, "False Dawn" [falso amanhecer]. A recuperação aguardava a mudança de posição de Roosevelt para vencer a Segunda Guerra, permitindo que a indústria privada obtivesse grandes lucros —como meu avô, modestamente, instalando eletricidade em aeroportos e grandes empresas que faziam prateleiras e aviões. E nos EUA, ao contrário do Reino Unido, a ameaça do socialismo não se renovou após a guerra. A economia explodiu.

No 100º dia de Trump, um historiador da Presidência observou que Roosevelt aprovou todas as suas novas leis no Congresso. O argentino Javier Milei recebeu do Congresso 365 dias para derrubar o acúmulo de leis que empobrecem a população. Brasileiros, vejam só. Trump não. Com pequena maioria no Congresso, fez seus cem dias totalmente com "ordens executivas" —sob o disfarce de poderes "emergenciais" para "crises". Os decretos presidenciais, ao contrário das leis aprovadas pelo Congresso, podem ser facilmente revertidos pelo próximo presidente. Ainda assim, a menos que os tribunais ou o Congresso resolvam negar, é Trump quem decide o que é uma "crise".

Se o Japão bombardeia Pearl Harbor em 7 de dezembro de 1941, ou se o Exército paraguaio invade Mato Grosso em 14 de dezembro de 1864, certamente há uma crise. As "crises" na mente de Trump são três. Ao repetir grandes mentiras muitas vezes desde 2016, ele convenceu uma pequena maioria sobre a urgência de enfrentá-las.

As "crises" são:
1) imigração ilegal, que na verdade é pequena, em declínio e, de todo modo, benéfica aos cidadãos. 2) déficits na balança comercial com "amigos e inimigos", como diz Trump, o que é como dizer que a sua dívida na mercearia é uma crise. As tarifas de Trump, apesar de seu entendimento mais profundo, são muito impopulares.

E 3) políticas "conscientes" dos democratas para ajudar as pessoas menos favorecidas no país e exterior. Muitas destas são populares entre os americanos e até entre muitos que votaram nele. Os americanos não aprovam, por exemplo, que Trump tenha fechado o órgão dos EUA que salvou milhões de vidas na África financiando medicamentos para a Aids.

Inaugurado pelo republicano George W. Bush, está de acordo com os valores cristãos (ou judeus ou muçulmanos) de caridade e era uma das realizações de que Bush mais se orgulhava.
A boa política corrige crises reais, não falsidades bombeadas por grandes Mentiras.

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