segunda-feira, 26 de maio de 2025

Cadê os defensores da democracia?, Hélio Schwartsman, FSP

 Na disputa entre Donald Trump e a Universidade Harvard, o que surpreende é o pequeno número de atores que se dispuseram a enfrentar os ímpetos autoritários do Agente Laranja. Os EUA sempre se autocongratularam por ser o país que irradiava democracia para o mundo. Onde foram parar seus defensores?

Entre as grandes universidades, Harvard, após alguma hesitação inicial, foi a única que explicitou o objetivo de resistir às tentativas de Trump de interferir em seus currículos, contratações e até em questões disciplinares.

A imagem mostra um edifício de estilo arquitetônico clássico, com uma fachada de tijolos vermelhos e janelas em formato circular. No topo do edifício, há uma cúpula branca com uma torre. À frente, há um caminho de grama bem cuidado, ladeado por árvores e postes de luz. O céu está parcialmente nublado, com algumas nuvens visíveis.
Vista do campus da Escola de Negócios da Universidade Harvard, em Cambridge, Massachusetts - Faith Ninivaggi - 15.abr.2025/Reuters

Empresários que haviam sido vozes críticas ao republicano em seu primeiro mandato agora se calam. Se há quem ainda o enfrente, não é desprezível o número dos que passaram a apoiá-lo.

Escritórios de advocacia, dos quais se esperaria uma defesa mais principiológica das instituições liberais, também foram rápidos em ceder a Trump, com honrosas exceções, é bom salientar.

As tentativas do governo de influir sobre universidades e empresas recorrendo a memorandos, ordens executivas e outros instrumentos infralegais são inconstitucionais. E, enquanto houver juízes na América, é pouco provável que os tribunais cheguem a outra conclusão. O problema é que litigar nos EUA, mesmo quando você tem razão, é estupidamente caro. Dependendo da atividade, você ainda amarga prejuízos enquanto a pendenga judicial não se resolve. Quem vai contratar um advogado que não pode nem entrar em prédios federais?

Harvard, escorada num fundo patrimonial de US$ 53 bilhões e no prestígio de 161 prêmios Nobel, pode dar-se a esse luxo. Para outros agentes é mais difícil.

O fenômeno é conhecido da psicologia social. É o "bystander effect". O pior lugar para estar se você precisa desesperadamente de ajuda é em meio a uma multidão. Cada um dos passantes se isenta da responsabilidade de socorrer imaginando que outro o fará, e o resultado líquido pode ser a morte da vítima.

Se os americanos não tomarem a defesa das instituições liberais como tarefa coletiva, o resultado líquido poderá ser muito ruim.


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