Há pouco o mundo experimentou os efeitos devastadores de uma pandemia que deixou entre 7 e 15 milhões de mortos. A experiência com a Covid-19 serve para nos lembrar de que vivemos num mundo darwiniano, em que patógenos e hospedeiros travam uma luta perpétua. Outras epidemias virão. Não sabemos ao certo qual agente infeccioso causará a próxima nem quando, mas temos dois sérios candidatos.
O primeiro são as bactérias resistentes a antibióticos. Essa, se quisermos, é uma pandemia que já está em curso, mas, como ocorre em câmara lenta, não lhe damos tanta atenção.
Um estudo do governo britânico estima que cepas resistentes já provoquem, em escala global, 700 mil mortes por ano. E, se nada for feito, projeta-se, para 2050, 10 milhões de óbitos anuais.
Mas podemos fazer muitas coisas. Precisamos investir mais no desenvolvimento de novos antibióticos (hoje um alvo pouco atraente para a indústria) e, principalmente, usá-los com mais sabedoria. A ampla utilização dessas drogas na pecuária só para acelerar o crescimento dos bichos é um crime contra a saúde pública. O outro candidato é o vírus influenza H5N1, que já vem há anos dizimando populações de aves. Para muitos cientistas, é questão de tempo até que ele sofra a mutação que o tornará capaz de infectar humanos de forma eficiente.
Também aqui há muito o que pode ser feito. O caminho mais promissor é já começar a preparar vacinas. Há, é claro, uma boa dose de risco, já que o agente etiológico dessa putativa pandemia ainda nem existe.
Mas os governos de vários países estão apostando nisso.
No Brasil, o Butantan já criou uma vacina para ser usada em humanos a partir do vírus que afeta as aves. Está em fase de licenciamento pela Anvisa. A Finlândia foi mais longe e já está imunizando sua população para uma gripe sazonal H5, o que deve conferir algum tipo de proteção (imunidade cruzada) contra formas mais graves da doença.
Só o que é certo é que outras pandemias virão. Elas são um efeito colateral da vida.
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