sexta-feira, 7 de março de 2025

Hélio Schwartsman - A próxima pandemia, FSP

 Há pouco o mundo experimentou os efeitos devastadores de uma pandemia que deixou entre 7 e 15 milhões de mortos. A experiência com a Covid-19 serve para nos lembrar de que vivemos num mundo darwiniano, em que patógenos e hospedeiros travam uma luta perpétua. Outras epidemias virão. Não sabemos ao certo qual agente infeccioso causará a próxima nem quando, mas temos dois sérios candidatos.

O primeiro são as bactérias resistentes a antibióticos. Essa, se quisermos, é uma pandemia que já está em curso, mas, como ocorre em câmara lenta, não lhe damos tanta atenção.

Imagem feita com microscópio eletrônico de vírus da gripe aviária - CDC/The New York Times

Um estudo do governo britânico estima que cepas resistentes já provoquem, em escala global, 700 mil mortes por ano. E, se nada for feito, projeta-se, para 2050, 10 milhões de óbitos anuais.

Mas podemos fazer muitas coisas. Precisamos investir mais no desenvolvimento de novos antibióticos (hoje um alvo pouco atraente para a indústria) e, principalmente, usá-los com mais sabedoria. A ampla utilização dessas drogas na pecuária só para acelerar o crescimento dos bichos é um crime contra a saúde pública. O outro candidato é o vírus influenza H5N1, que já vem há anos dizimando populações de aves. Para muitos cientistas, é questão de tempo até que ele sofra a mutação que o tornará capaz de infectar humanos de forma eficiente.

Também aqui há muito o que pode ser feito. O caminho mais promissor é já começar a preparar vacinas. Há, é claro, uma boa dose de risco, já que o agente etiológico dessa putativa pandemia ainda nem existe.

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Mas os governos de vários países estão apostando nisso.

No Brasil, o Butantan já criou uma vacina para ser usada em humanos a partir do vírus que afeta as aves. Está em fase de licenciamento pela Anvisa. A Finlândia foi mais longe e já está imunizando sua população para uma gripe sazonal H5, o que deve conferir algum tipo de proteção (imunidade cruzada) contra formas mais graves da doença.

Só o que é certo é que outras pandemias virão. Elas são um efeito colateral da vida.


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