quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Passaporte vacinal e liberdade individual, Pedro Hallal, FSP

 Um total de 125 países exigem vacinação contra a febre amarela para os brasileiros que queiram visitá-los. Estranhamente, isso nunca foi questionado pelos negacionistas, que agora, de uma hora para outra, viraram defensores das liberdades individuais.

Muitas escolas exigem comprovante de vacinação para matricular as crianças. Estranhamente, isso nunca foi questionado pelos pseudocientistas, que utilizam o WhatsApp para circularem as mais recentes "descobertas" da ciência.

Aqui na Califórnia, de onde escrevo essa coluna, o passaporte vacinal já é realidade. Muitos eventos esportivos, cinema, supermercados, shows de música, entre outros, exigem o comprovante de vacinação.

Profissional da saúde prepara vacina da Covid, em Brasília - Evaristo Sá - 13.set.2021/AFP

O motivo é simples: a vacinação já evitou centenas de milhares de mortes por Covid-19. Aliás, se as vacinas da Pfizer e a Coronavac tivessem sido compradas logo que foram oferecidas pela primeira vez, o Brasil teria evitado cerca de 100 mil mortes por Covid-19. A vacinação fez com que a média móvel, que chegou a mais de 2 mil mortes por dia, hoje seja abaixo de 400 mortes por dia.

Mesmo assim, o "trending topic" negacionista é ser contrário ao passaporte vacinal. O argumento é que a liberdade individual, de ser ou não vacinado, deve ser respeitada.

Vamos aprofundar um pouco o assunto. Qual das situações abaixo você julgaria aceitável?

1) Um fumante deseja exercer a sua liberdade individual de fumar dentro do avião;

2) Um indivíduo deseja exercer sua liberdade individual de tomar um porre e dirigir;

3) Um motorista deseja exercer sua liberdade individual de andar de carro à noite com todos os faróis queimados.

Em todos os casos, a resposta é a mesma: é proibido uma pessoa exercer sua liberdade individual se essa escolha coloca outras pessoas em risco.

O caso da vacina contra a Covid-19 é absolutamente idêntico. Não há qualquer dúvida na literatura de que pessoas não vacinadas possuem maior risco de contágio e de transmissão em comparação aos vacinados.

Todos os motoristas bêbados causam acidentes? Obviamente que não, da mesma forma como nem todos os não vacinados se infectam com Covid-19 e transmitem a doença. Mas é lógico também que motoristas bêbados têm maior risco de causarem acidentes, assim como pessoas não vacinadas têm mais risco de transmitirem Covid-19.

Talvez ainda chegue o dia em que não seja necessário proibir as pessoas de fumarem em avião, ou de dirigirem bêbadas, ou de dirigirem com os faróis apagados à noite, pois as pessoas farão isso por conta própria, compreendendo que suas liberdades não podem colocar os outros em risco.

Mas esse dia ainda não chegou. E por isso, o passaporte vacinal é obrigatório.

Quem quer exercer sua liberdade individual de não se vacinar, infelizmente, não poderá ir ao estádio de futebol, ao cinema, ao baile de Carnaval, viajar de avião, visitar outros países, sentar em bares e restaurantes.

A outra opção é deixar de ser negacionista e tomar a vacina logo.

A liberdade para escolher é sua!

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