No dia 26 de dezembro de 2018, voos fretados da empresa aérea portuguesa Hi Fly partiram de Portugal para o Brasil sem utensílios de plástico de uso único no serviço de bordo. Foram os primeiros voos comerciais a ir para o ar livres deste tipo de plástico no mundo.
Copos, colheres, saleiros e pimenteiros, sacos para enjoo, embalagens para cobertor, pratos, embalagens de manteiga, garrafas de refrigerantes e escovas de dentes foram os descartáveis banidos, segundo a companhia. Com ida e volta dos quatro aviões, a Hi fly anuncia ter deixado de jogar fora 350 kg de plástico.
Em substituição, foram usados talheres de bambu, embalagens de papel e recipientes biodegradáveis e que podem ser compostáveis. Os voos foram considerados testes para avaliar o desempenho e a eficácia dos novos materiais.
O presidente da empresa e da Fundação Mirpuri, Paulo Mirpuri, anunciou o compromisso de expandir a ideia para todos os voos da companhia em 2019. Disse que o potencial desse tipo de iniciativa é enorme, pois mais de 100 mil voos são feitos a cada dia no mundo todo. O total de passageiros transportados em aviões comerciais em 2017 foi de quase 4 bilhões.
Só o site Flightradar24.com mapeou 63.136.442 voos no planeta em 2018. Até 2035, a Associação Internacional de Transportes Aéreos (Iata) prevê um aumento para 7,2 bilhões de viajantes em aeronaves.
A companhia já havia eliminado plásticos de uso único dos escritórios e patrocina pesquisas e conferências sobre o perigo da poluição por plásticos. O Airbus A330-200 que faz o trajeto sem plástico é pintado com ilustração da campanha Mares Limpos, apoiada pela ONU.
A Air New Zealand também anunciou o compromisso de eliminação de 14 produtos de plásticos dos seus voos em 2019 —entre os quais copos, tampas, pratos e sacolas— e a substituição por alternativas de baixo impacto e opções reutilizáveis. Atualmente, a companhia queima mais de 25 milhões desses itens de plástico por ano. A ideia é zerar essa conta.
O plano de redução teve início em 2018 e é apoiado pelo Ministério do Meio Ambiente. A Air New Zealand removeu canudos de plástico, palitos de misturar, invólucros de máscaras e escovas de dentes plásticas de suas salas de embarque e a bordo de aviões.
Em 12 meses, a companhia calcula que reduzirá sua pegada de plástico em 260.000 escovas de dentes, 3.000 canudos, 7,1 milhões de agitadores e 260.000 capas de máscaras para os olhos.
Uma das economias mais poluidoras de plásticos no mundo, a Índia anunciou que vai proibir pratos, copos, talheres, canudos e sacolas descartáveis em 129 aeroportos do país. O país já havia banindo plásticos descartáveis na Região Nacional de Déli, no início de 2017.
O programa será gradual e o objetivo de tornar todos os aeroportos livres de plástico.
O setor aéreo é um grande vilão das mudanças climáticas. E não é para menos. Percentualmente, poucos habitantes do planeta voam (3% em 2017) e os voos consomem muita energia e causam muita poluição.
A parcela de contribuição da aviação para as emissões globais de dióxido de carbono é avaliada em 2% pelas próprias companhias, mas chega a 5% de acordo com alguns pesquisadores, porque, além do CO2, outras emissões têm efeitos sobre o aquecimento global, como o óxido de nitrogênio, o vapor dꞌágua, o material particulado e a formação de trilhas de condensação que alteram as nuvens do tipo cirrus.
O corte dos plásticos nos voos não resolve o maior problema do setor, mas traz substancial contribuição para a saúde do planeta.
Mara Gama
Jornalista e consultora de qualidade de texto.
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