domingo, 19 de fevereiro de 2012

Fungo amazônico degrada plástico em condições semelhantes às de aterro sanitário, diz estudo


Alexandre Gonçalves
Pesquisadores americanos descobriram um fungo na Amazônia equatoriana capaz de degradar poliuretano, um tipo de polímero muito usado para a confecção de espumas, adesivos e tintas. O trabalho, publicado na Applied and Environmental Microbiology, pode levar a estratégias inovadoras para reduzir o impacto ambiental dos plásticos.

Ambientalistas argumentam que os plásticos demoram muito para se decompor na natureza. O polietileno, por exemplo, leva cerca de 50 anos. O PET, usado na produção de garrafas plásticas, permanece até 200 anos no ambiente. Cientistas explicam que fungos e bactérias ainda não desenvolveram o arsenal de enzimas necessário para degradar as longas cadeias sintéticas de carbono, hidrogênio e outros elementos que constituem os plásticos.

Daí a necessidade de pesquisas e ações para remediar o problema. Um acordo, ainda em fase de implementação, do governo paulista e da Associação Paulista de Supermercados (Apas), pretende banir a distribuição de sacolas plásticas nos supermercados do Estado, um gesto para evitar que 2,4 milhões de unidades - cada uma leva, no mínimo, 40 anos para se decompor - sejam lançadas no ambiente todos os meses.

A descoberta de organismos que já são aptos para degradar o plástico nos aterros ajudaria a encurtar os tempos de decomposição e a diminuir consideravelmente o dano ambiental.

Duas cepas de Pestalotiopsis microspora, descobertas pelos americanos - em sua maioria, estudantes de graduação da Universidade Yale -, mostraram um enorme potencial na degradação de poliuretano. O estudante Jonathan Russell identificou a enzima secretada pelo fungo responsável pelo enfraquecimento das ligações químicas do polímero. 

Oxigênio. A pesquisa trouxe consigo uma descoberta inusitada: a enzima funciona tanto na presença como na ausência de oxigênio, algo inesperado para os cientistas. Desta forma, o fungo poderia funcionar também nos aterros sanitários, onde uma grossa camada de dejetos e terra costuma cobrir os plásticos descartados, diminuindo a oxigenação e, desta forma, dificultando sua decomposição.

A pesquisadora Sandra Mara Franchetti, da Unesp de Rio Claro, também realiza testes com fungos de diferentes espécies para comparar seu potencial para biodegradar plástico.

Ela realiza misturas de diferentes tipos de plásticos - as chamadas blendas poliméricas -, especialmente de plásticos sintéticos com plásticos biodegradáveis. “Depois, fazemos testes para verificar as propriedades mecânicas do material e seu potencial de biodegradação”, explica Sandra. “Nossa hipótese é que o polímero biodegradável pode servir como porta de entrada para os organismos que realizarão a decomposição.”

“Há poucos pesquisadores no País atuando nesta área pois são necessários equipamentos muito sofisticados”, aponta Lucia Durrant, da Unicamp, que também já realizou estudos na área.

Derval Rosa, da Universidade Federal do ABC, também estuda a biodegradação de polímeros e tenta descobrir como ela ocorre nos aterros sanitários e em cada um dos diferentes tipos de plástico. Mas adota uma postura realista. “Nossos aterros são precários”, afirma. “Talvez em 20 anos conseguiremos o nível de controle necessário para aplicar esse tipo de conhecimento.”

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Justiça: é o que (finalmente) há!


É o que há!
E o que é que há? Há uma Justiça meio doida que condena um homem por um crime que nunca existiu, segundo o ex-presidente Lula afirmou várias vezes. Estou realmente pasmo em ler que
Marco Valério - o primeiro condenado de um crime que, segundo Lula, nunca ocorreu
Marcos Valério foi condenado a nove anos e oito meses de prisão por causa do mensalão. Isso não tinha sido uma piada feita pelos inimigos imaginários do Lula? Se for isso a Justiça está cega! Poxa, o Lula não disse que nunca existiu mensalão? Será que só ele e seus amigos acreditaram e ainda acreditam nisso?
Ou será que Lula agora vai sair do armário e assumir? Alguém conta pra ele. Já o pouparam muito daquele episódio do dinheiro roubado.
E finalmente, há!
Conseguiram enfim um espaço para o ministro do Desenvolvimento, Fernando “Blindado” Pimentel, na Comissão de Ética. Finalmente Pimentel vai poder tentar explicar as consultorias prestadas por ele e que encheram sua conta bancária em
'É o seguinte, a consultoria que dei me rendeu um tanto assim, mas... acreditem em mim. Palocci foi meu professor!'
pelo menos R$ 2 milhões. Não sei se isso é bom pra ele, mas pelo menos mostra que Justiça está sendo feita, uma vez que esse caso é semelhante ao do ex-ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, que acabou dançando do cargo.
Espero que a presidente Dilma fique fora disso agora, pois um ministro a mais ou a menos caindo em seu governo não será nem mais tanta novidade assim.
Será que há?
Será que haverá esperança de vermos o STF dizer um sonoro sim e já aplicar a Lei da Ficha Limpa para as eleições deste ano? Seria interessante ver quem iria sobrar. Será que teríamos candidatos suficientes?
Pronto senhores ministros quem vai jogar primeiro o dado? Talvez não vale!
É porque há!
Depois de um acarajé e um jogo de búzios feitos aqui na minha esquina mesmo, não vou mais viajar para a Bahia, consegui enxergar a verdade. Tive uma visão. Do outro mundo. Diria até que sou um predestinado. A mensagem estava muito clara. A mensagem dizia que não adianta você, que é médico, professor ou policial fazer birra e entrar em greve ou tentar reivindicar um aumento seja da maneira que for. E não no montante que vocês querem e merecem. Isso não funciona assim. A banda só toca lá em Brasília, e como eles querem. Onde já se viu algum trabalhador onerar a folha de pagamento e o orçamento do governo? Aí, aí, aí. Assim vocês vão ficar de castigo.
Não fui eu quem disse. Foram os búzios
Quando eles vão votar o aumento deles, seja de salário ou de verba de gabinete, não existe limite, não existe orçamento, não existe o verbo onerar. Tudo é possível. Mas quando a discussão chega ao plano dos reles mortais eles viram bichos-do-mato e não estão nem aí para a hora do Brasil. Só para a hora deles.
É assim que funciona. É assim que vai ser. Ao menos que…
Ao menos que na próxima eleição você se lembre de quem te negou um aumento decente.
Que há, isso há!
É claro que há alguma coisa estranha. Não vejo com bons olhos esse corte no orçamento para 2012. Foram R$ 55 bilhões. Que alguma coisa tem que ser cortada, disso não há duvida. Mas daí a
Bem a ideia é cortar. E a Saúde é quem vai sofrer mais. Depois o cheiro passa...
escolher o Ministério da Saúde como sua maior vítima é no mínimo cruel e no máximo mortal e criminoso.
Vai querer me dizer que não há, entre os 38 ministérios existentes, alguns que não possam sofrer cortes maiores e deixar o da Saúde de lado, quero dizer, sem cortes? Se sem cortar já está essa calamidade, imagina agora tendo que se virar sem R$ 5,4 bilhões! Onde eles estão com a cabeça?
Se, como foi dito, o problema não é o dinheiro e sim planejamento, até quando eles vão ver que não há então planejamento algum? Pois até onde eu sei nada na Saúde mudou. Nada. Muito pelo contrário. Até um secretário que trabalhava no Recursos Humanos do Ministério do Planejamento morreu por falta de atendimento, e aí, quando isso aconteceu acenderam o alerta. Até uma investigação disseram que iriam abrir. Mas isso porque era um dos deles, se fosse a Maria da Ajuda, moradora de alguma comunidade e auxiliar de serviços gerais, ia virar apenas uma estatística.
Ou seja, onde eles deveriam cortar é algo inadmissível, impensado, improvável e, vão falar, até inconstitucional. Mas quando o corte atinge outras peles aí é provável, muito bem pensado, porque assim se estará fazendo um pequeno sacrifício pelo bem do país. Nessas horas todos tem que se sacrificar um pouco. Menos eles.
Pena que eles esquecem que a Constituição é para todos, mas eles só fazem a constitucionalidade funcionar a favor deles.
O que é uma pena!
Salvem as baleias. Não joguem lixo no chão. Não fumem em ambientes fechados. E no Carnaval, xixi na rua não.

A imprensa no banco dos réus


Jornalistas são chamados para depor e Justiça questiona: o sensacionalismo midiático teria influenciado o desfecho do caso Eloá? Por Bolívar Torres

17/02/2012 | Enviar | Imprimir | Comentários: 12 | A A A
“A vida não imita a arte, mas programas ruins de TV”. A frase de Woody Allen poderia resumir o sinistro espetáculo protagonizado pela família de Eloá e o ex-namorado da adolescente, Lindemberg Alves, que a manteve como refém durante cinco dias em 2008. Como acontece com frequência, a mídia transformou os momentos de tensão em um circo midiático, que voltou com força nos últimos dias, desta vez para cobrir o julgamento de Lindemberg. Com o cárcere sendo transmitido ao vivo, o criminoso pôde acompanhar o seu próprio crime pela televisão, alçado a uma rápida celebridade midiática. Nada diferente de outros casos de forte apelo popular (como o assassinato da menina Isabella no caso Nardoni), a não ser um fato curioso: desta vez, a mídia atravessa o palco e se junta aos protagonistas da história, transformando-se num agente ativo dos acontecimentos. Durante o cárcere privado, jornalistas extrapolaram suas funções (e os limites éticos da profissão) ao tentarem uma negociação direta com Lindemberg. Durante o julgamento, a mídia foi convocada ao tribunal pela Defesa, para que seis profissionais da imprensa respondessem se, na luta desenfreada por audiência, influenciaram ou não o desfecho trágico do caso. Teria ela incentivado o assassinato?
Este foi o argumento inteligente da Defesa, que insistiu que as câmeras apontadas e o frenesí estimulado pelos jornalistas teriam provocado o descontrole ainda maior do criminoso, que até então não havia antecedentes criminais. A advogada Ana Lúcia Assad insistiu que, se a imprensa não tivesse espetacularizado o caso, Lindemberg teria se entregado, e Eloá não teria morrido. No primeiro dia de julgamento, foram exibidas reportagens de diversas emissoras de televisão, incluindo uma entrevista com o réu durante o cárcere, e trechos das negociações com a polícia.
Mesmo chamada para depor, a grande imprensa não parece disposta a debater a questão ou, muito menos, oferecer um mea-culpa. Excluindo algumas poucas exceções (José Luiz Datena atacou os “jornalistas metidos a negociadores”, e o apresentador Brito Junior disse em uma palestra que os jornalistas deveriam fazer uma “auto-análise” sobre até que ponto a cobertura “interferiu” nos trabalhos dos negociadores), o discurso foi uniforme: os profissionais da mídia estavam apenas “fazendo o seu trabalho”. Esqueceram de questionar, no entanto, se o estavam fazendo da maneira correta.
“O desfecho trágico coube à polícia, não foi a imprensa que invadiu o apartamento”, disse ao site R7 o apresentador da TV Record Reinaldo Gottino. “É fácil colocar a culpa na cobertura imprensa. Por que não cortaram a energia do prédio? Nós simplesmente ligamos lá e ele atendeu”.
Gottino foi um dos jornalistas convocados pela Defesa, mas se recusou a comparecer.
“Não sou obrigado a ir, estarei viajando e também não concordo em participar como testemunha sendo chamado pela Defesa. Sou jornalista, fiz meu trabalho como jornalista e apenas informei o que estava acontecendo”.
No tribunal, o jornalista da TV Bandeirantes Márcio Campos foi questionado pela advogada de Defesa sobre a orientação da direção na cobertura de casos como o de Eloá. “A orientação que temos é de fazer nosso trabalho de jornalista, que é reportar o que está acontecendo naquele momento”, respondeu Campos. “Quando há refém, nossa orientação é que não intervenhamos nas negociações.”
A declaração de Campos mostra que a cobertura varia de acordo com o veículo, o que torna generalizações um exercício arriscado. A apresentadora Sonia Abraão, por exemplo, não seguiu as mesmas orientações de Campos, e chegou a negociar ao vivo com Lindemberg – mais ou menos como no filme O quarto poder, de Costa Gavras, no qual um jornalista decadente manipula um funcionário que mantém seu patrão como refém.
“Não dá para generalizar, mas alguns veículos excederam na visibilidade do caso”, afirma a professora e doutora em comunicação Marli dos Santos. “As pautas ligadas a crimes sempre interessam, não importa classe social, e a mídia aproveita essas oportunidades para vender mais, ganhar mais audiência”.
Ela tenta definir o que seria o “sensacionalismo” denunciado pelos ombudsmen.
“Sensacionalismo é extrapolar, exagerar sobre o fato. Esse exagero é manifestado por meio da linguagem. Dependendo do veículo, podem ser a escolha de imagens e áudio que focam em momentos impactantes – aliados a trilhas/efeitos sonoros. Se for jornal ou revista, há manchetes com palavras de extremo impacto, cores e fotos que dão mais destaque ao fato. A repetição e o destaque dado ao tema também são estratégias utilizadas para extrapolar a importância do fato”.
Neste sentido, o psicanalista e médico psiquiatra Jorge Forbes aponta que “querer ver mais não é sempre ter mais verdade”, diz, acrescentando que o que aconteceu foi uma “obscenidade”.
“Justamente porque vivemos aa época em que tudo pode ser transparente, é que devemos saber que existem limites para esta transparência. Limite ao que pode ser visto. E, mais do que nunca, o limite está nas nossas mãos”, disse, no programa Opinião Nacional, transmitido pela TV Cultura. “Se existe uma pessoa mantendo duas meninas em um cativeiro e você quer conversar com esta pessoa, demover esta pessoa da sua posição, encontrar pontos de flexão, não irá marcar um encontro no palco do Teatro Municipal em dia de plateia cheia. A conversa perde intimidade, a sua palavra passa a ser empenhada, você não pode voltar atrás. Não existe conversa desta forma. Não sei como é no Brasil, mas já é prática corrente o afastamento da imprensa”.
Sem autocrítica, a imprensa parece repetir, quatro anos depois, os mesmos procedimentos apelativos no julgamento do caso Lindemberg. O assunto não saiu das manchetes esta semana, ganhando, talvez, uma repercussão maior do que merecia.
“O fascínio continua justamente porque é uma história de crime, recheada de elementos dramáticos, que são potencializados na linguagem da mídia”, avalia Marli dos Santos. “A mãe chorando e passando mal, o criminoso que só agora se manifesta e pede desculpas à mãe da vítima, jovens que se amavam, um amor mal resolvido, paixão cega, tragédia”.