O ESTADO DE S.PAULO
05 Outubro 2014 | 02h 06
O medo do desemprego cresce ininterruptamente desde março do ano passado, mostrou a pesquisa trimestral da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do Ibope, que ouviu mais de 2 mil trabalhadores em 144 municípios. Em setembro, o temor foi 6,2% superior ao de setembro de 2013 e o maior desde o último trimestre de 2009, ano em que a produção industrial caiu 7,1% e o PIB declinou 0,3%. Outros indicadores divulgados ao longo da semana explicam por que os trabalhadores da indústria estão com medo de perder o emprego.
Depois de cortar 8,7 mil vagas em 12 meses, até agosto, as montadoras voltaram a abrir programas de demissão voluntária ou a dar férias coletivas aos empregados (que estão entre os mais qualificados e bem remunerados do setor industrial), mostrou o Estado (2/10). A GM abriu um plano de demissão voluntária (PDV) nas fábricas de São Caetano do Sul e São José dos Campos, enquanto a Ford, a Renault e a Volkswagen, para evitar o acúmulo de estoques, anunciaram férias coletivas e licenças em São Bernardo do Campo e São José dos Pinhais (PR).
A melhora das vendas de veículos de agosto para setembro não foi suficiente para mudar o resultado do ano, que registra queda de 9,1% em relação a 2013. Não é muito diferente do que ocorre na indústria em geral: pesquisa do IBGE divulgada quinta-feira mostrou que, embora a produção tenha crescido entre julho e agosto, pelo critério da média móvel trimestral continuou a haver queda. Em 9 dos últimos 12 meses ocorreu diminuição da produção, pelo mesmo critério.
A produção industrial está estagnada desde 2010, mas os custos trabalhistas continuam a subir. Isso afeta a competitividade das empresas e, em consequência, já põe em risco o emprego dos trabalhadores. Em 12 meses, até agosto, quase 75 mil postos com carteira assinada haviam sido cortados na indústria de transformação, segundo o Ministério do Trabalho.
Da pesquisa da CNI denominada Medo do Desemprego e Satisfação com a Vida, no entanto, consta um indicador que contrasta com o temor da perda do emprego: mais trabalhadores se declararam satisfeitos com a vida. A explicação mais provável é que a maioria que se manteve no emprego - e, em especial, que obteve aumento real de salário - tem, sem dúvida, motivos para comemorar.
Mas, com a economia estagnada, parecem inevitáveis as pressões sobre o emprego em geral - e, em particular, sobre o emprego industrial.
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