terça-feira, 7 de outubro de 2014

Derrota histórica em São Paulo põe petistas no divã

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VERA ROSA - O ESTADO DE S. PAULO
07 Outubro 2014 | 03h 00

Lula se reúne com dirigentes para cobrar nova estratégia para o 2º turno no Estado, berço do partido, onde desempenho foi pífio


O pífio desempenho da presidente Dilma Rousseff em São Paulo e a acachapante derrota petista no maior colégio eleitoral do País fizeram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrar a correção de rumo no partido e puseram o PT no divã, procurando culpados pela sangria dos votos.
Para Lula, o PT virou um partido “de gabinete” e “burocratizado”, que precisa sair da defensiva se quiser vencer a eleição.“O lugar do PT não é no gabinete. É nas ruas”, disse o ex-presidente, ontem, em conversa com dirigentes do partido. Diante de correligionários abalados com o fiasco de Alexandre Padilha, candidato do PT ao governo de São Paulo, Lula foi ainda mais duro.
“Não dá para a gente deixar o antipetismo dominar a eleição e entregar tudo de mão beijada para os tucanos”, emendou ele, segundo relato da conversa obtido pelo Estado.

HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO
Senador perdeu a eleição deste ano para José Serra

Movimentos sociais. Lula afirmou que, se Dilma for reeleita, vai querer mais participação no segundo governo dela, porque precisa fazer a “ponte” com a política e com movimentos sociais, principalmente em São Paulo.
Em São Paulo, berço do PT e reduto político do PSDB, Dilma foi “atropelada” por Aécio Neves (PSDB), que ficou com 44,2% dos votos válidos enquanto ela obteve 25,8%. Padilha, por sua vez, teve o pior desempenho de um candidato do partido ao Palácio dos Bandeirantes desde 1994. Para completar, o senador Eduardo Suplicy (SP) sofreu um revés e, das 18 cadeiras perdidas pelo PT n a Câmara dos Deputados, 8 são de São Paulo.
Dilma vai mirar São Paulo, nesse segundo turno, na tentativa de ampliar sua votação. Na prática, a cúpula do partido ainda se debruça sobre o fracasso, na tentativa de encontrar motivos para a rejeição no Estado. Para o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, as prisões de petistas condenados no processo do mensalão, como José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares e João Paulo Cunha, atrapalharam tanto Dilma como Padilha.
Coordenador da campanha de Dilma em São Paulo, Marinho disse ser “inegável” o impacto do escândalo na disputa. “Mas nós precisamos reagir”, disse Lula. “Se não vamos ficar comendo a vida toda o pão que o diabo amassou.”
Uma ala do partido também tentou culpar a má avaliação do prefeito Fernando Haddad pelo fiasco em São Paulo, mas o ex-presidente não compartilha desse diagnóstico, sob a alegação de que o problema não está apenas em um fator.
Em reunião realizada ontem entre Dilma e sua equipe, a avaliação foi de que “todos os erros possíveis” da campanha foram concentrados em São Paulo. “Tivemos muita dificuldade com a militância, mas vamos trabalhar forte para reverter esse quadro lá”, argumentou o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho.
‘Símbolos’ perdidos. Dilma perdeu em cidades simbólicas para o PT, governadas pelo partido, como São Bernardo, Santo André, Osasco e Guarulhos e em bairros da periferia da Capital historicamente leais ao PT. Em 2010, a presidente venceu em 26 zonas eleitorais de São Paulo; em 2014 Dilma ficou na frente dos adversários em apenas 15.
Da reunião com Lula, participou também o presidente do diretório estadual do PT, Emídio de Souza. Entre as duras críticas à condução da campanha de Padilha, o ex-presidente exigiu mudanças na estratégia para São Paulo no segundo turno.
Pesquisas feitas pela campanha de Padilha apontavam havia mais de um mês para o risco da avalanche antipetista no Estado.
A busca por explicações vai além das pesquisas. O partido avalia que a campanha de Padilha, que durante várias semanas apostou em ampliar o discurso para o eleitorado mais conservador do Estado, puxou Dilma para baixo.
Segundo um dirigente, Padilha demorou para buscar a polarização com o governador tucano Geraldo Alckmin e, com isso, “não ganhou o voto dos conservadores e perdeu o dos petistas”.
“Também houve uma campanha forte da mídia contra o PT em São Paulo com a divulgação de casos de corrupção”, disse o presidente municipal do partido, Paulo Fiorilo.

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